Jonas.Pessoa 02/01/2021
Pessoas más podem nos tornar cristãos melhores
Uma história conhecida, mas contada de forma diferente. Assim, Gene Edwards dá vida à sua obra. Nela, o autor se propõe a contar, de forma alegórica, o histórico relato de Saul, Davi e Absalão, além de como foi a relação entre os mesmos. Partindo de um Davi mais jovem, Edwards expõe como se deu o convívio com aquele que também era ungido do Senhor, isto é, Saul. Vemos como mesmo aqueles que são colocados por Deus à frente de algo importante, como um reino ou um povo, podem, infelizmente, trazer mal ao invés de bem.
Contudo, o que chama a atenção para essa descrição dos fatos é como Davi reagiu diante da forte maldade de Saul. Em vez de simplesmente revidar o mal recebido, ele preferia fugir a dar um péssimo exemplo, afinal, com todos os defeitos, Saul ainda era o ungido de Deus. Como bem disse o autor: ?Davi poderia ter arremessado de volta as lanças que lhe foram atiradas... ele poderia ser conhecido por não ser apático com a injustiça, caso fosse realmente um escolhido de Deus... Porém, após anos lançando-as de volta, pode ser que ele fosse o próximo Saul no trono? ? adaptado por mim.
A atitude de Davi lembra a de seu arquétipo, Jesus Cristo, aquele que disse para não retribuir com o mal àqueles que não nos fazem o bem. Ainda assim, o que mais me chamou a atenção é como o Senhor, de forma soberana, molda nosso caráter através do relacionamento com outras pessoas, ainda que sejam perversas. Todos nós temos um Saul e um Absalão em nossos corações corrompidos e precisamos fazê-los morrer a fim de que nasça um Davi em seu lugar. Fica nítido que Deus traz pessoas para nos provar, visando nos tornar mais parecidos com Seu Filho.
Oramos a Deus para que nos faça mais pacientes, mas não queremos as os meios providenciais que levarão a esse objetivo. Pedimos para sermos mais amorosos e achamos estranho que sejamos circundados por pessoas odiosas. Clamamos por ter uma língua santa, mas estamos num meio atolado de fofocas. Sim, esse livro deixa claro que as circunstâncias, criadas por Deus, tem esse poder de nos transformar e, assim como Davi, temos a escolha de seguir nosso coração de Saul, ou mortificá-lo para que o verdadeiro Rei assuma o trono.
Ao vermos o Davi mais velho, percebemos que as lições aprendidas na juventude fizeram toda a diferença. Havia outro ?Saul? à espreita, seu próprio filho Absalão. Mesmo assim, Ele preferiu acreditar na mesma soberania, que operou em sua mocidade, e agir de modo igual. Se Deus deu o reino, e depois o tomasse, bendito seria Ele, como diria Jó. Sabemos o desfecho da história. Absalão deu um golpe, mas depois foi golpeado pela providência divina, com o rei legítimo sendo restaurado ao trono que lhe era por direito.
A forma pela qual Gene montou essa obra ficou muito bela. Com riqueza de contexto histórico e detalhes, além de conjecturas sobre falas e pensamentos, deram um toque especial. Além disso, compreender mais que mesmo pessoas más podem ser utilizadas para nos tornar cristãos melhores foi a marca registrada desse primoroso trabalho.