Augusto Stürmer Caye 03/07/2022
Péssimo em todos os sentidos
Esse best seller é muito ruim em todos os sentidos. Primeiro, sem entrar no mérito das posições tomadas, temos que mencionar a qualidade técnica da obra, e essa é muito ruim.
O thriller não é envolvente e os dados e artigos científicos mencionados são mais interessantes do que a narrativa, a qual é centrada em um protagonista: um advogado jovem envolvido com ongs ambientalistas e que é pego no meio de um complô terrorista. Há um pedantismo machista e sexual claro, onde o protagonista é desejado por múltiplas mulheres e vai se tornando ainda mais desejado conforme evolui para um tipo de homem resoluto e negativista das mudanças climáticas que é não só clichê, como também reduz as mulheres a meros acessórios.
Por sinal, a obra o tempo todo usa um linguajar voltado a isso; além das tensões sexuais que o escritor descreve, há referências a ?crouch?, ?o butt?, etc inúmeras vezes. Chega a ser enfadonho.
Segundo, vamos entrar agora na posição do autor na obra e, senhoras e senhores, quanta hipocrisia. Diversas das posições do autor são decorrentes da interpretação inadequada de artigos científicos mencionados, torcendo os dados e as conclusões para favorecer a sua própria posição. Um exemplo claro disso é quando são citados os glaciares na Noruega, que estariam supostamente aumentando; mas a Groenlândia tão próxima está derretendo a velocidades alarmantes e o autor sumariamente ignora isso. Outra parte é sobre a relação do aumento dos gases estufa com a temperatura; o autor afirma que entre os anos 40 e 70 a temperatura caiu enquanto os gases aumentaram e, por isso, não existe correlação entre atividade humana e o aumento da temperatura. O que ele propositalmente deixa de mencionar é que a emissão de CO2 não é o único fator, existindo também atividades vulcânicas, atividade solar variável, etc. Somente quando se juntam os fatores naturais com os de emissão de CO2 por seres humanos se verifica que há uma correlação.
Torcendo dados para fazer caber na sua obra. Poderia seguir, mas me deu ranço.
No fim, percebe-se que o autor é, na realidade, aquilo que ele descreve no livro: uma pessoa cega a sua realidade. Tudo fica pior ao se saber que ele ganhou um prêmio da Associação de Geólogos de Petróleo.