Fernando 19/09/2022
Por Crom!
A Era Hiboriana criada por Robert E. Howard, repleta de perigos, criaturas fantásticas e povos hostis, jamais seria palco para histórias banais, muito menos indigna de ser habitada por um dos personagens mais primitivos já criados: Conan o Bárbaro.
As aventuras desse Cimério nascido nas montanhas gélidas do Norte, podem ser apreciadas de duas formas: como aventuras repletas de fantasias, ou como críticas, mesmo que sutis, do mundo civilizado.
Enquanto aventura, as páginas “escorrem” aos montes a medida que apreciamos o desenrolar dos conflitos travados pelo bárbaro e seus algozes. No viés crítico, as coisas mudam de perspectiva, revelando conceitos cativantes sobre o homem e sua natureza. Algumas delas incluem:
1º Feitiçaria, sempre apresentada na obra como algo provindo do maligno, ou seja, antítese do divino e que o homem forte de espirito rechaça com todas as suas forças.
2º barbárie do mundo civilizado contraposto à selvageria de Conan. O Cimério, forjado pela espada e sangue, mesmo revestido pela robustez, jamais negou proteger mulheres, crianças e idosos. Um personagem que possui moral e princípios éticos que o impedem de colocar seus interesses acima de pessoas inocentes. Rechaça a supremacia de feiticeiros, reis e impérios e põe-se sempre diante do que é certo contra as mazelas de seu tempo. Esses pontos emanados de um personagem que tinha tudo para ser bestial, soam como críticas ao “bom selvagem” de Rosseau. Aqui, Conan não se deixa corromper pela sociedade, nem se cobre com o manto de pureza, mas rege, mesmo através da morte e da guerra, seus princípios sólidos sobre o que é certo e errado.
3º O fanatismo, seja religioso, necromântico ou carnal, resulta sempre na cegueira das almas de quem idolatra, alçando o idolatrado ao pedestal de areia, como uma divindade intocável.
Além desses pontos, vale citar o símbolo da espada para com o mundo físico, conceitos de beleza, segurança e a peçonha do hedonismo como resposta aos atos humanos. Esses são alguns dos temas que poderiam ser discutidos nesses três volumes de um dos personagens mais imponentes já desenvolvidos.
Conan o Bárbaro é uma leitura fantástica e que vale a pena ser lida por aqueles que buscam aventuras despretensiosas e uma visão diferente do que se constitui um homem selvagem.