Fael 09/05/2023
A sexualidade e a vontade de saber
No primeiro livro dessa série que perpassa pela história da sexualidade, Foucault chama a atenção para o fato de que a sexualidade não é um tema que foi asfixiado ao longo dos séculos. Pelo contrário. Foucault defende que a sexualidade é poder e que ele foi utilizado de diversas formas, sendo um importante ponto nas esferas de relações, onde a burguesia se fez valer da sexualidade numa política da vida.
O corpo como protagonista, ganhou novo status, onde através da pedagogia, da medicina e da economia, o sexo passou a ser uma questão de Estado e de todo o corpo social, onde todos eram colocados em vigilância. Nesse sentido que a burguesia começa a considerar seu próprio corpo como algo importante, sendo portador de um conhecimento indispensável.
Esse dispositivo da sexualidade pensado para e pelas classes privilegiadas, difundiu-se para o corpo social, mas de maneira desigual. Segundo Foucault, ?(?) tivemos, portanto, no decorrer do século XIX, uma generalização do dispositivo da sexualidade, a partir de um foco hegemônico? (p. 139).
A vida, e não a morte, passa a ser o princípio do poder, inclusive de Estado. É nesse sentido que pela vida, pela sua população e o seu direito de viver, que perpassa a noção dos genocídios aos diferentes, noção essa que nutriu o racismo e o nazismo, através de uma combinação dos ?fantasmas de sangue com os paroxismos de um poder disciplinar? (p. 162).
Pela primeira vez na história o biológico refletia-se no político, onde uma sociedade normalizadora seria o efeito de uma tecnologia de poder centrada na vida. Pouco a pouco uma teoria geral do sexo foi sendo formulado, a partir de um sentido histórico, transpassado pelo instinto de morte.