Fernanda631 25/12/2022
A maldição
A maldição foi escrito sob o pseudônimo Richard Bachman utilizado por Stephen King e foi publicado anteriormente como A Maldição do Cigano em 19 de novembro de 1984.
"Mais magro". Além de ser o título original do livro criado por Stephen King, são as palavras que o velho cigano professa sobre Bill Halleck. Após um momento de uma distração insensata ao volante, Bill acaba atropelando uma cigana que vagava distraída por entre os carros, matando-a prontamente. Com amigos no ramo e bastante conhecido na cidade Billy Halleck sai ileso, até mesmo sem alterações na pontuação de sua carteira. Valendo-se então da amizade de um juiz que adorava os seios de sua mulher e deveria ter-se acusado impedido (de julgar o caso), Bill escapa ileso de qualquer acusação. Ao sair do tribunal, porém, ele é confrontado pelo velho cigano, pai da cigana atropelada, que lhe toca o rosto e pronuncia as palavras já citadas.
Bill é um homem gordo com seus 111 quilos, e a cada dia vê seu corpo esvaindo pela balança de forma incômoda e assustadora. Certo de que estava sob a roga de uma maldição proferida pelo cigano velho, e longe de ter qualquer pessoa que acreditasse no mesmo que ele, Bill parte numa corrida desenfreada contra o tempo para reencontrar o velho cigano e convencê-lo a retirar a maldição e salvar a própria vida.
Criativo, mas às vezes cansativo para alguns "A maldição" reflete situações em que a sociedade está acostumada a fazer justiça com as próprias mãos quando a justiça comum falha. Os personagens são criados sob a ótica de que tudo pode acontecer com qualquer um e por isso mesmo o sentimento da raiva está bastante presente neles, levando-os a atitudes impensadas, de ambos os lados.
A Maldição traz a justiça feita com as próprias mãos a partir do momento em que a tal justiça dos homens falhou. Após atropelar e matar a velha cigana a partir de uma distração peculiar enquanto dirigia, Bill Halleck se valendo da velha amizade com o juiz quanto da má vontade das pessoas para com os ciganos. Inocentado, ele recebe o toque das mãos do velho pai cigano em seu rosto seguido da frase “mais magro” como já citei.
Billy um nada discreto cara de 111 quilos, começou a emagrecer de forma assustadora, mesmo comendo normalmente e ingerindo muitas calorias. Dia após dia, os quilos se esvaem, independente do quanto ele coma. Não há medicina, não há remédio, não explicação. De repente, sem fazer dieta ou exercícios, passa a perder mais de um quilo diariamente. No começo o emagrecimento é visto como uma coisa boa – emagrecer é bom, não é? – mas depois a idéia de uma doença grave lhe passa pela cabeça, porém tudo parece estar bem com o corpo de Billy.
Até que ele tem de encarar o fato de que foi amaldiçoado e que irá emagrecer continuamente até morrer. Acreditando então agora ter sido vítima de uma maldição rogada pelo velho cigano do tribunal, Bill parte em uma corrida contra o tempo para salvar sua vida, pois o tempo esta acabando e ele já percebeu.
Como ele vai convencer seu médico e até mesmo a sua família de que não está doente, que na verdade é tudo culpa de um cigano que o amaldiçoou? Sua mulher e seu médico, não acreditam em uma possível maldição, e sim acham que sua perda de peso é devido a uma anorexia nervosa psicológica, então ele terá que agir sozinho se quiser quebrar essa maldição e se salvar.
Aqui King aponta o que o ser humano tem de pior, e até que ponto pode se chegar para alcançar objetivos na vida, nos fazendo refletir sobre os limites éticos de cada um. King também levanta a questão sobre a justiça dos homens e o fato de ela nem sempre ser realmente justa.
Uma vingança mais poderosa do que a cadeia o espera após cruzar o caminho de Taduz Lemke, o velho cigano de 109 anos que é o patriarca de um grupo de ciganos que se movimenta pela costa leste dos Estados Unidos.
O cigano Lemke mostra que se pode sim fazer justiça com as próprias mãos, e o que é melhor, sem sujá-las. A obra que o nosso querido autor que escreveu sob o pseudônimo de Bachman é recheada de adrenalina, não só aquela fantasia assustadora que conhecemos e amamos, mas uma verdadeira corrida contra o tempo, em que cada segundo é precioso.
A gente vê que as pessoas são sujas em tudo que é lugar, não só na vida real. Claro que Billy não atropelou de propósito, mas foi imprudente e não sofreu nem uma punição da justiça por ser amigo dos homens que o julgou.
Característica principal das obras assinadas por Richard Bachman, os personagens são sempre levados a atitudes extremas seja por situações inesperadas e muito desespero na mente ou por conta de situações do mundo que os rodeia. Em outro aspecto, todos estão sempre à mercê do passar do tempo. Cada minuto a menos os empurra mais um pouco à beira do precipício. Ambos os protagonistas estão lutando contra o relógio para atingir seus objetivos. Neste caso, a história de Bill Halleck tem uma adrenalina bem maior, afinal sua vida está se esvaindo de forma desenfreada.
Quando Stephen King escreve com esse pseudônimo é melhor que os leitores abandonem todas as esperanças de um final feliz. A escrita de Richard Bachman é violenta e sangrenta na medida certa, é incrível como parece se tratar de outro escritor e não de Stephen King.
King não deixa de fora, contudo, seus passeios pela natureza humana. A maldição lançada pelo velho cigano e a busca por salvar a vida de Bill não o impedem de transferir seu desespero em forma de ódio para outras pessoas. A insana busca pelo cigano vai modificar, ou fazer aflorar, o verdadeiro Bill. Ele não sairá ileso desse livro, e ao final teremos um desfecho coroado com a ironia das ironias. Mordaz, ferino e irônico, Stephen King solta sua gargalhada sarcástica na conclusão do livro, e nós leitores que temos que assistir calados e sem sermos capazes de fazer absolutamente nada a não ser acompanhar como King nos vez desmoronar outra vez em um dos melhores finais que já escreveu.
O livro tem toques de terror, mas eu consideraria mais um suspense em si muito bem trabalhado. Resumindo A Maldição do Cigano conta a jornada de Billy Halleck que não via um cigano desde a infância e é amaldiçoado por um e ainda por cima têm de convencer esse cigano a perdoá-lo por assassinar um membro de sua família, antes que Billy Halleck morra.
A Maldição é o tipo de livro que precisamos nos entregar ao desespero dos personagens para extrair toda sua qualidade. É uma história alucinada que brinca com nossas crenças sobre o velho ditado do “aqui se faz, aqui se paga”. É King puro e é Richard Bachman em essência!
"A maldição" é um livro em que podemos de fato assumir para nós o desespero dos personagens onde tudo parece jogar contra. A maldição tem um enredo extremamente envolvente e fácil de atrair o leitor, cada vez que terminamos um capítulo ficamos ansiosos para ler o próximo.