Arthur 16/06/2021
"Representatividade importa", mas é só?
Ultimamente muito tem se exaltado a representatividade de raça e gênero nos diversos espaços antes ocupados por grupos historicamente hegemônicos. De fato, algo a ser celebrado, sobretudo no âmbito das experiências individuais. Mas, pensando em algo maior, na estrutura social, que indivíduos "portadores" de determinadas identidades alcancem posições de privilégio, mas sigam reproduzindo uma lógica que historicamente oprimiu, importa mesmo ou apenas reproduz essa lógica? Esse é o grande debate desenvolvido por Asad Haider, de maneira brilhante, em "Armadilha da identidade". Tendo como recortes a Grã-Bretanha e, principalmente, os Estados Unidos, Haider mostra como a categoria identidade foi criada e é usada pelo capitalismo para reproduzir desigualdades e, sobretudo, dividir a classe trabalhadora, minando assim as possibilidades de uma prática revolucionária.
Para ilustrar esse resumo, cabem as palavras do líder revolucionário haitiano Toussaint L'Ouverture, sobre a proposta francesa de um acordo de paz contrarevolucionário: "Não é um liberdade circunstancial, concedida apenas a nós, que queremos; é a absoluta adoção do princípio de que nenhum homem, nascido vermelho, preto ou branco, possa ser propriedade de outro".
Leitura mais que recomendada, e muito mais profunda do que essa mera resenha pode abarcar.