A Grande Caçada aos Tubarões

A Grande Caçada aos Tubarões Hunter S. Thompson




Resenhas - A Grande Caçada aos Tubarões


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Buda 23/02/2022

Doses Cavalares de HST
O Livro é para quem gosta mesmo do Dr Gonzo, para os ávidos e apaixonados leitores deste que é um dos mais malucos, desvairados e intoxicados jornalistas de todos os tempos.
Eu adorei a leitura e seria feliz lendo 1000 páginas dele, mas eu sou fã e tenho seus textos tatuados no meu corpo.
Não indico pra qualquer um, cair de paraquedas aqui é perigoso, o pobre infeliz não vai entender bulhufas do caco que é Hunter Stockton Thompson.
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Marc 04/03/2013

Thompson foi responsável por uma grande revolução sadia no jornalismo. Algumas ocorreram antes dele, por exemplo, John Reed, que iniciou um tipo de reportagem em que o jornalista relata longamente o que está vivendo, mas sem se envolver emocionalmente. Vale lembrar que antes de Reed, o jornalismo era uma atividade que servia mais aos interesses dos donos de jornal e poderosos, que usavam seus veículos de comunicação para fazer pressão e modificar a opinião pública em favor de sua classe social ou de seus próprios interesses.

Já a tão famosa revolução de Thompson, que muitos nomeiam, mas não sabem dizer exatamente o que foi, fez a neutralidade do jornalismo sofrer um forte abalo. Criou-se um incrível mito sobre a capacidade de usar drogas e se envolver em confusão e mais algumas atividades ilícitas de Hunter Thompson. Mas não é isso que fez com que ele marcasse seu nome definitivamente, claro. Seu comportamento desregrado era exatamente o que muitos viviam em seu tempo, a experimentação como modo de vida; tentar sondar seus limites e descobrir o que a vida esconde sob sua máscara cínica e pacata ao mesmo tempo. Então, é esse envolvimento que faz com que seu nome seja lembrado — além de ser um grande escritor. Muitas vezes chega a assustar que uma pessoa que tenha feito uso de tantas drogas consiga enxergar com tanta clareza o que foi seu tempo.

Hunter Thompson mostrou que a neutralidade não leva a lugar algum, que o máximo que se consegue é um retrato estéril, uma foto bem trabalhada e falsa sobre a realidade. Correr risco, se deixar levar, ser preso e apanhar; todas essas coisas faziam parte de seu cotidiano e fizeram com que fosse exato em seus relatos. Isso é tão verdadeiro, que seus melhores livros são aqueles que viveu os personagens que estava descrevendo e sua ficção é um pouco sem ritmo, meio solta...
No caso desse livro é possível dizer a mesma coisa. A exatidão das descrições só acontece quando ele trata de eventos que sentiu na pele e fica um pouco distante quando raciocina sobre o que pode ter acontecido nos momentos em que não estava presente. Quando se fala do significado do jornalismo gonzo, muitas vezes acreditamos no mito de que Thompson se entupia de drogas, saia com mulheres, jogava, se envolvia em confusões e na última hora sentava na cadeira e escrevia magicamente páginas douradas de sabedoria sobre sua época... Agora, imagine a capacidade de observação de um sujeito que fazia tudo isso, mas ia escrevendo aos poucos seus textos dentro de sua cabeça e se deixando levar pelo espírito de seu tempo. Não é fácil, e acredito que só alguém com muita capacidade poderia mergulhar tão fundo e não perder a direção.

Mas é muito engraçado pensar em alguém que subverte todos os clichês que os jornalistas gostavam de cultivar e sai ileso disso tudo, se tornando um dos grandes nomes de todos os tempos. Esse livro mostra o caos que sabia criar a seu redor, seu talento natural para confusões, e a dificuldade de cumprir prazos, de conseguir se adequar. A meu ver, mais do que as tradicionais biografias, que parecem santificar seu biografado, um livro com matérias e resenhas, e diversificado como esse, mostra o quanto cada minuto era simplesmente de luta contra si e contra a tradição. Não havia certeza de que o resultado seria bom, ou mesmo o planejado. Isso me lembra a clássica frase de Marx: “Os homens fazem a história sem saber que a fazem”, mais ou menos. Quer dizer, o mito não existe (não é real e as pessoas não sabem que um dia serão consideradas dessa forma) é apenas o que fica depois que aprendemos a domesticar alguém que subvertia os padrões de uma época.

A necessidade de escrever sobre eventos e personagens que fugiam a regra. O olhar atento, que desprezava o jornalismo padrão e referendado das grandes revistas e jornais. E acho importante ressaltar que era antes de tudo o olhar para localizar as boas histórias (e o talento para contá-las de forma interessante num segundo momento) que fez com que se tornasse uma lenda. Seria bom se todos os aspirantes a jornalista perdessem um longo tempo saboreando Hunter Thompson; quem sabe fôssemos poupados, em primeiro lugar, de um jornalismo de interesses (como parece ter virado a regra ultimamente no Brasil), em seguida de reportagens melodramáticas, que tem como único objetivo conquistar a audiência e a venda de jornais, e por fim, desse verdadeiro circo de horrores que alguns jornalistas insistem em tentar convencer que é a vida. É engraçado, mas ao ler sinto o ar mais puro, livre de toda essa sujeira interesseira que virou a atividade (e que é capital para nossa sociedade, talvez por isso muitos tenham decidido usá-la da pior forma possível). Uma pena que tenhamos poucos como ele.

Hunter Thompson usa muito o recurso da metalinguagem para conquistar o leitor. Assim, ele se mostra de maneira controlada e imperceptivelmente se torna um dos assuntos do texto; por isso, não é coincidência que sempre conte a história de como chegou aos locais que está descrevendo e suas aventuras. Claro que é um avanço se compararmos à idéia de neutralidade que muitos jornalistas ainda insistem definir como essencial ao jornalismo, mas até mesmo esse recurso hoje já se tornou algo repetido à exaustão (há programas na TV, cujo tema verdadeiro não é a reportagem que está apresentando, mas como os repórteres experientes e os iniciantes enfrentam adversidades para conseguir suas histórias...). De qualquer forma, não dá para dizer que manipulava o leitor dessa forma, como infelizmente esse recurso passou a ser usado por muitos que vieram depois dele, seu objetivo era mesmo romper com a barreira da neutralidade, do distanciamento.

E me parece que isso era muito importante por um motivo básico: aquele que procura apenas se fixar em um local a salvo e se põe a anotar tudo que acontece a sua volta, não é capaz de, no mínimo, relatar o desespero que toma conta das pessoas em certos momentos. A neutralidade é um ótimo recurso, mas deve vir em um segundo momento, quando o jornalista está revendo suas anotações e precisa ordená-las. Nesse ponto, para ter uma perspectiva sobre o que está tratando, precisa se distanciar, não antes, evitando o calor dos acontecimentos. Mas pode ser também um pouco difícil para o leitor que não acompanha esse movimento, ou que não quer acompanhar, e está mais acostumado com o relato supostamente neutro de outros escritores. Para esses leitores pode ser uma tortura tentar ler algum livro de Thompson.

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Diego Campioto 28/08/2010

Livro chato da porra!
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Math 17/03/2010

Revolução
O título desta resenha representa o papel da obra de Thompson para o jornalismo.
Fugindo do convencional e da chatice do jornalismo cotidiano o inventor do gonzo nos mostra que uma matéria não é feita apenas de informações precisas e exatas, muito menos de depoimentos, uma boa matéria é feita essencialmente por aquele que a redige.
Ao sair dos esquemas prontos e misturar realidade, opinião, drogas e artes em doses incomensuráveis Thompson chega a um ponto totalmente novo em tudo o que já havia sido feito em jornalismo desde então.
Thompson plantou a semente do que ainda hoje é visto como inovação, mas que aos poucos vai sendo incorporado pelo mundinho repetitivo do jornalismo como em programas como o profissão repórter, por exemplo.
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