Paty 05/05/2012
Encontro com Max Tivoli
Passeando pela Feira do Livro de Florianópolis em dezembro de 2009 eis que me deparo com o Srº Max Tivoli.
Quem me conhece sabe que sou bibliomaníaca. O cheiro dos livros, as cores das capas, tudo me fascina! Ficar passeando entre estantes olhando as lombadas dos livros na eterna busca por aqueles que ganharão nosso coração e um espaço em nossa estante.
Feira do livro é uma oportunidade ótima para levar para casa muitos livros com pouca grana e foi assim que o livro de Andrew Sean Greer foi parar na minha estante.
Vários aspectos me chamaram a atenção no livro:
1º o título: As Confissões de Max Tivoli - tem um ar de mistério, afinal sugere o fim de um segredo;
2º o preço: R$ 7,00, baratinho, baratinho!
3º a capa: uma bola de beisebol em primeiro plano e ao fundo flores e um chapeú masculino – reforçando o ar de mistério e aguçando a minha curiosidade;
4º as criticas: “Andrew Sean Greer é um dos autores mais talentosos da atualidade, comovente e engraçado...”
“...uma verdadeira e original voz... uma história como nunca havíamos escutado antes. Andrew Sean Greer é um escritor devassador...” – precisa de mais?
5º a Sinopse:
“Quando Max nasceu, seu pai o declarou um Nisse, uma estranha figura da mitologia dinarmaquesa, pois tinha a aparência de um velho à beira da morte. Max evolui como uma criança qualquer, mas na aparência rejuvenesce – por fora um homem muito velho, por dentro uma criança amedrontada.
Mas, apesar desse problema, o verdadeiro dilema de Max é seu primeiro e único amor, Alice, por quem se apaixona ainda na adolescência.Com a fisionomia de um senhor de cerca de sessenta anos, a única coisa que consegue é tornar-se amante da mãe de Alice. Uma noite, Max resolve declarar seu amor a Alice e revela que é um garoto de dezessete anos. No dia seguinte, ela e sua mãe fogem, o que deixa Max arrasado. Mas o que ele não sabe é que uma manobra do destino o colocará novamente mais duas vezes cara a cara com a sua amada, que não o reconhecerá – então será dada a ele nova chance de amar, mesmo que para isso ele tenha de continuar escondendo sua verdadeira identidade.”
– A principio parece O Curioso Caso de Benjamin Button, de F. Scott Fitzgerald (não eu não li o livro, mas assisti o filme), quer dizer nasce velho, rejuvenesce, apaixona-se ainda jovem e tem um caso com a mãe da menina? Opa, ai já começa a mudar. Então ele se declara para Alice – um ‘senhor’ se declara para uma ‘garotinha’ e a família foge– opa, opa novamente: assédio, insinuação de pedofilia?! Anos depois eles se reencontram (ele mais jovem, ela mais velha) e Max não é reconhecido, será que vai viver contando mentiras? Como isso vai acontecer? Ok, fiquei curiosa, muito curiosa.
Mas o que me fez comprar o livro foi a primeira frase: “Somos, cada qual, o amor da vida de alguém.” Meu coração chegou a acelerar, quer dizer quem é que nunca amou? Quem é que não acha que já encontrou ou vai encontrar o amor da sua vida (por mais piegas que pareça)? Eu acho que é um dos melhores começos para um livro que eu já li na vida, não há questão, não há dúvida, só existe a certeza de que “Somos, cada qual, o amor da vida de alguém.”
Daí eu não resisti e li o parágrafo seguinte:
“Eu queria escrever isto aqui no caso de ser descoberto e não poder completar estas páginas, no caso de você ficar tão perturbado com os fatos de minha confissão que as jogasse no fogo antes de eu conseguir falar de grande amor e assassinato. Eu não o culparia. Há tantas coisas que ficam no caminho de quem ouve minha história. Há um corpo morto que pede explicação. Uma mulher que foi amada três vezes. Um amigo traído. E um garoto há muito procurado. Assim, vou começar pelo final e lhe dizer que somos, cada qual, o amor da vida de alguém.”
Pronto. Não haveria volta. Fechei o livro, me encaminhei ao caixa, paguei e levei-o para casa.
Reparem que trata-se de um diário, onde Max ‘confessa’ seus segredos a alguém. A narrativa mescla as histórias da vida de Max, do nascimento até o ‘quase fim’, com o período em que Max é uma criança com quase 70 anos e vive com Sammy, um garotinho com praticamente a mesma idade que Max aparenta ter e sua mãe Mrs. Ramsey. Max escreve o diário para contar sua vida, mas, sobretudo Max escreve para Sammy. Como Max Tivoli vai parar na casa de Mrs. Ramsey é um mistério que vai se revelando aos poucos.
Como viveu um homem que aparentava ser algo que estava longe de ser? Como as pessoas lidavam com isso? A verdade é que a vida de Max era conduzida pela regra de ouro: “seja aquilo que você aparenta ser: exatamente aquilo que pensam que você é”. Max, enquanto criança foi velho, enquanto velho foi criança, viveu uma vida de mentiras e enganos e só uma vez foi aquilo que aparentava ser: quando tinha 35 anos.
O livro é brilhante, impressionante. Max Tivoli não é nenhum herói, muito ao contrario o próprio se considera um monstro, mas a história é incrível, e vale – muito - a pena ler.
Eu super recomendo! : )
Publiquei esta reseha em: http://ummundodelivros.blogspot.com.br/2010/01/as-confissoes-de-max-tivoli-andrew-sean.html