Esdras 12/09/2017" As respostas para suas perguntas estão em seu coração."Depois de ter lido “Para Sempre Alice”, que eu amei, fiquei com muita vontade de ler outro livro da autora.
Então comprei este.
Eu gostei do livro.
Mas, devo confessar que, diferente do primeiro, a emoção que eu esperava veio numa dose bem menor.
A história de passa na ilha de Nantucket.
E a narrativa é dividida entre duas personagens principais:
*Beth, mãe de três filhas e revisora e escritora “nas horas vagas”.
*Olivia, mãe de Anthony e amante da fotografia.
Anthony foi diagnosticado como Autista aos três anos de idade.
A vida de Olivia e David mudou completamente depois disso. Ainda que antes da “notícia” já houvesse vestígio de que aquele garotinho era diferente dos outros. O estágio da negação vigorou enquanto pôde.
“ – Meu Deus, o que está acontecendo com o Anthony?(...) Ele parece não me ouvir. Ele com certeza não é surdo. Então por que parte de mim continua torcendo para que seja?. “
A sinopse e a contra capa bombardeiam de notificações sobre o autismo inserido na história.
Então, eu peguei o livro com sede nesse intuito.
Bom, ao menos para mim, vi o tema ser deixado em segundo plano por boa parte do livro.
Nas primeiras cem páginas o nome do Anthony foi citado pouquíssimas vezes, assim como o “problema” dele.
Depois daí, começamos a ter uma visão um pouco mais centrada de toda a relação mãe-e-filho entre Olivia e Anthony. E de como era difícil desenvolver o papel de mãe perante todos aqueles obstáculos e ainda manter o casamento num mesmo patamar emocinal.
Ainda assim foi muito pouco, porque tudo vinha através de memórias ou de alguma página de seu diário – que ela escrevia naquele tempo - que em algum momento ela pegou para reler.
Desde o primeiro capítulo já fica explicito a ausência do garotinho e eu me perguntei como a autora iria desenvolver a trama, já com um pé atrás.
Beth vai demorar pra saber que tem Olivia como vizinha.
Antes disso, ela vai descobrir a traição do seu marido.
E, claro, isso vai abalar completamente a estrutura do seu casamento e da sua mente.
Mas, ao menos, esse infortúnio serviu para uma coisa: Beth vai retornar a escrever.
Meu maior problema como o livro foi exatamente o casal Beth/Jimmy e o tanto de destaque que eles ganharam na trama.
Eles não são os pais do Anthony.
Eles não têm um filho autista.
Mas que droga!
Por que diabos eu vou querer saber quem traiu quem, quando isso não tem relação nenhuma com o Anthony?!
Por metade do livro(ou mais), eu tive que acompanhar problemas de relacionamento conjugal e uma espécie de terapia de casal.
(Pega tudo isso e coloca em outro livro que vai ficar ótimo!)
Isso me irritou muito!!!
Enquanto isso, Anthony e o autismo apareciam e sumiam no meio das páginas como a luz de um vagalume.
Lá pela metade do livro, fica mais claro, então, que a Beth não está aqui só pra dizer que está levando chifre do marido. E que, o seu recente manuscrito vai exercer uma forte ligação com a Olivia e o Anthony.
O manuscrito explicou a parte de “pela voz do garoto”. Foi muito legal. E bem real quando a gente faz a ligação das “palavras” com os “atos”, ou mesmo quando as páginas do diário e as do manuscrito se encontram numa mesma situação. (Não gostei mesmo foi das explicações puxadas pro espiritualismo referentes ao manuscrito.)
O que eu quero enfatizar mesmo é que foi muito pouco o que a autora colocou aqui referente ao Autismo. (O pouco foi bom, mas me senti vencido pelo cansaço pelos demais tópicos.)
A ideia de dar uma voz para aquele “silêncio” foi ótimas, mas ainda assim...
Achei uma coisa bem básica.
E que, mesmo assim, só foi ganhar mais foco chegando no final do livro.
Mas é um livro desprovido de emoção? Não! De jeito nenhum!
Sempre que a Olivia lembra do Anthony e tudo que eles conviveram, a gente se coloca no lugar dela de forma instantânea e se questiona se seríamos fortes e conscientes o suficiente para lidar com tudo aquilo.
E lhe atribuímos um enorme respeito e admiração por concluir que, sim, ela ama o Anthony incondicionalmente.
Até que ponto seríamos capazes?
Qual seria a proporção do nosso amor?
“ – E então o sol se moveu, e nosso quadrado se tornou uma sombra. Anthony se sentou e me olhou de soslaio com um sorriso satisfeito que eu juro que dizia: “Não foi incrível, mãe?! Não foi muito divertido olhar o sol comigo?
- Foi sim, Anthony. Foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz. "
A escrita da autora continua boa para mim.
A narrativa é fluida.
E, com certeza, vou ler todos os outros livros dela.
Estou ligeiramente decepcionado por não ter gostado beeeem mais desse livro.
Estava preparado para aqueeeelas lágrimas, mas não rolou.rs.
Ainda assim, abri um sorriso sincero e emotivo quando li a última página do manuscrito.
Minha visão a respeito desse “mundo paralelo” é um pouco mais compreensiva agora. ^^
Abraços ao Anthony!