Bruno Oliveira 28/04/2023
UM ROMANCE METALINGUISTICAMENTE LIBERTINO
O caso Morel, do carioca (nascido mineiro) Rubem Fonseca é o melhor exemplo de romance moderno (e policial, vá lá) que temos. Escrito de forma direta, curta, crua e sem frescura (lá em 1973!), nós, leitores, seguimos as ações, os tempos, os espaços e os “baratos” da personagem Morel e da personagem Vilela numa boa. Morel, protagonista-mor, é um herói que vale a pena acompanhar; num primeiro momento, é dele que falam, para depois, em um segundo momento, é ele mesmo que toma a narrativa e conta a sua versão da própria história, nos entregando, praticamente, uma breve autobiografia não-cronológica. Vilela entra para nos mostrar o outro lado, a visão (ou visões) das outras personagens das situações, dos casos que Morel cita. Os dois são faces da mesma moeda! Há uma porrada de ótimas cenas no livro, tanto as mais “promiscuas”, quanto as mais “artísticas”: tudo é vivência, tudo é como uma ótima obra literária deve ser!! Enfim, metalinguagem de montão e um protagonista fascinante de verdadeiro (quase real) por aqui.