Pri | @biblio.faga 15/05/2020
Dorme dorme minha mercadoriazinha, dorme dorme embrulhinho meu, dorme dorme meu filho, dorme dorme.
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Como aponta a bela arte da capa, “A mercadoria mais preciosa” trata-se de uma fábula – porém, não me atreverei a limitá-la ao público adulto.
Assim, com elementos mágicos e personagens (um tanto quanto) pitorescos típicos do gênero narrativo, e com apenas 74 páginas de extensão, o escrito de Jean-Claude Grumberg emociona grandiosamente, tratando com muito cuidado, e até um certo “frescor” e originalidade de um período tão doloroso da história.
O escritor francês, judeu e descendente (filho e neto) de sobreviventes do holocausto, inegavelmente, tem muita propriedade para discorrer sobre um assunto tão delicado e o faz com uma singeleza, sensibilidade e simplicidade tocantes.
Sua fábula relembra com fervor os perigos da ignorância e da desinformação: a violência, o terror, o preconceito despropositado e a intolerância cruel e imotivada. Por outro lado, também reforça o poder do amor, dos laços familiares (consanguíneos ou não), da perseverança e da resiliência humana.
Curto, tocante, intenso, dilacerante.
Recomendadíssimo.
Quotes:
“Não tinha filhos para alimentar, decerto, mas tampouco filhos para querer bem.”
“É isso a única coisa que merece existir nas histórias como na vida verdadeira. O amor, o amor oferecido às crianças, às suas como às dos outros. O amor que faz com que, apesar de tudo que existe, e de tudo o que não existe, o amor que faz com que a vida continue.”
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