ntampinha 12/12/2021Não gosteiNossa, esse foi o primeiro livro sobre dança cristã que não gostei. É até difícil de resenhar porque ele me desagradou de MUITAS formas.
Vou listar alguns motivos aqui, só para terem uma noção, porém não me prolongarei muito para não ficar chato:
(1) Pra começar, o conteúdo não é voltado para ministérios de danças em geral e sim para ministérios compostos de bailarinos profissionais ou alunos super qualificados. Isso fica claro com a insistência da autora em dizer que tudo o que é feito pelos ministérios das pequenas igrejas (que é composto de gente comum e, às vezes, que possui poucos recursos) é imaturo, feio e pobre.
Se ela intencionou escrever para ministérios de todo o Brasil, fez isso muito errado, porque o conteúdo passou longe de seu público alvo.
(2) A autora parece não ter nenhuma noção da dimensão e da diversidade da dança na igreja, nitidamente confundindo ministério de dança com companhia de dança.
A evidência disso está no capítulo todo que ela dedicou a mencionar que o ministério de dança PRECISA de figurinos/cenários perfeitos e bem planejados (a um nível quase profissional, segundo as descrições dela), como se todo ministério recebesse suporte financeiro para tal, ignorando as igrejas de bairros humildes, cujos membros pagam os adereços de dança do próprio bolso.
(3) Ela crítica tudo e oferece pouca dica real.
Criticar é até elogio, porque o que ela faz é humilhar tudo o que é feito abaixo do nível profissional. E eu falo sério quando digo que me senti até mal lendo isso, porque trabalhei com ministério de dança adolescente durante anos, e a autora praticamente disse que todo o meu trabalho era medíocre.
E daí que teve discipulado? E daí que a dança as ajudou a se sentirem mais confiantes com seus corpos? E daí que as meninas mais retraídas conseguiram se soltar e fazer amigos? E daí que as meninas se sentiam úteis e necessárias participando de um grupo de dança? Nós não éramos profissionais e por isso nosso trabalho era "pobre e imaturo".
A autora só tem olhos para o profissionalismo e esquece que existem N motivos para a criação de um ministério de dança, que existem N formas de se trabalhar e N objetivos por trás da dança na igreja.
(4) Não há nenhum capítulo voltado para o âmbito espiritual do ministério de dança. Só se fala de conceitos de palavras e da parte técnica. Quer coisa mais estranha do que falar de dança cristã, sem falar do lado espiritual do trabalho?
(5) Por fim vieram os dois capítulos finais, que definiram a minha nota para essa obra, pois deixaram claro a opinião da autora de quê, no que dependesse dela, os ministérios de dança seriam somente compostos por profissionais.
Ela é formada em dança e eu entendo que queira usar todo o seu conhecimento para compor um ministério top com coreografias tops, mas ela nitidamente desdenha dos trabalhos abaixo do seu "nível" e é cega quanto ao cenário geral da dança na igreja. O mundo é muito maior do que o profissionalismo na dança, a obra de Deus é muito maior do que o profissionalismo na dança.
Alguns ministérios realmente foram chamados para impactar através do profissionalismo, mas outros foram chamados para fazer trabalhos menores, em seus bairros e comunidades. Desdenhar isso chega a ser arrogante.
Achei que a autora foi muito infeliz na criação desse livro. Absorvi apenas 10% de suas dicas porque, de resto, não concordei com nada do que disse.
Ministérios de dança não são perfeitos, são grupos imperfeitos compostos por pessoas imperfeitas (e que muitas vezes nem sabem dançar), todo mundo sabe disso. Eu concordo SIM com a opinião de que os ministérios de dança não podem se acomodar, que devem sempre buscar melhorar, mas se a autora queria incentivar líderes e membros de ministério a melhorarem, FEZ ISSO MUITO ERRADO.
Como mencionei no início, esse foi o primeiro livro sobre dança cristã que não gostei. Decepção defini essa leitura. Não recomendo em nenhuma hipótese.