Resenhas - Auto-retrato

pampamcviana 20/10/2023

Sutileza, ironia e ternura
As crônicas de Drummond são poemas sem rima. Carregam uma delicadeza e ternura sem fim. Transferem magia para coisas não-mágicas. Nos fazem sentir saudades de tempos jamais vividos por nós. Nos transportam para outro contexto histórico, onde percebo a coragem de um escritor em tempos angustiantes. No caso dele, conviver com a ditadura tão carregada de leis e censuras. Hoje também precisamos de coragem para escrever, mas a luta é contra mecanismos que nos foram "dados": a concorrência desleal contra a preguiça gerada por algoritmos. Voltando ao Drummond, adorei ter um pouco dele aqui comigo, em casa. Este que nasceu pertinho da minha cidade, e conhece BH como se fosse hoje. Ele fala de homenagens a grandes nomes sendo "cedidos" à orquídeas e cidades. Mal sabe ele, lá no céu, que o seu nome enfeita a biblioteca do colégio onde formei.

L.M. 02/06/2022

O lado poeta de Drummond já me era bem conhecido, então foi uma grande alegria conhecer também o lado cronista, e posso afirmar, não me decepcionou. A escrita de Drummond é inconfundível. Paira uma leveza, uma ironia traquina e um tom de quem se diverte com as palavras. Através deste livro, pude me familiarizar com diversos elementos culturais e políticos, e até existenciais, de sua contemporaneidade. Drummond, para mim, significa o que há de mais elevado na literatura brasileira.