Art 25/02/2024
"Não me sinto só, pois dormi abraçando um sonho. A cada manhã que chega, aquela época fica mais distante. Mas continuo dormindo agarrada àquelas lembranças para que não sejam levadas pelas ondas durante a noite".
Outra edição muito surpreendente e cheia de surpresas, que eu acho que, em geral, fala muito sobre egoísmo. O desfecho do Shin é algo que ninguém poderia prever e ainda abre uma caixinha de dúvidas sobre o leitor e os personagens acerca do que vai ser do Blast daqui pra frente. E, junto disso, sobre o que cada um pode fazer e como deve reagir. Pois se trata amplamente de um sonho e de um trabalho, aquilo que precisam fazer pra tirar seu sustento. E, nesse ponto, substituí-lo na tour seria puro egoísmo ou o mais sensato? Sinceramente, eu não acho que seria algum absurdo ou coisa do tipo, pois é algo até normal no cenário musical. Mas também consigo entender o afastamento geral da banda, porque uma aparição com um outro membro causaria ainda mais burburinho sobre a situação do coitado Shin. O que mudaria completamente seria uma situação em que ele fosse expulso do grupo ou coisa do tipo, pois na situação que eles chegaram e construíram sua história não tem mais como existir a separação de amizade dos negócios. Ainda mais com o caçula dessa família.
E esse acontecimento é tão bom que começa a se desdobrar pra todos os lados, sobrando até mesmo pro Ren, quem eu admito que estou gostando muito mais nessas últimas edições do que no começo. Agora ele parece ser representado com maior personalidade e decisão sobre si mesmo, não só como "namorado da Nana" (na visão dos leitores, e não do universo em si). A parte em que ele nega a ajuda à Nana demonstra isso e, também, seu agora conflito de interesses sentimentais entre ela e sua amiga Reira. Do mesmo modo, isso também parece que ele está cada vez mais enjoando da Nana (o que é recíproco), a quem ele restringe a momentos superficiais, muito diferente do que acontece coma vocalista do Trapnest. Já do lado da Nana Osaki, ela parece estar bem mais focado no seu sonho que ela atribui lutar por todos. Fica evidente o quanto ela se esforça para conseguir retribuir ao Yasu toda a ajuda que ele lhe dá. Mas será um ato de gratidão? Ou mero egoísmo para se sentir bem consigo mesma?
Por fim, ainda temos as páginas extra mostrando mais sobre a história do Takumi, que talvez seja mais uma tentativa de humanizar o personagem. O que antes era apenas citado sobre sua família e infância conturbada (mãe internada, pai alcóolatra que o agredia) agora também é ilustrado e se concretiza em mostrar o sofrimento do personagem, mesmo que isso não justifique seu atestado de🤬 #$%!& . E como o volume fala muito sobre egoísmo, o foco dessa parte também vai sobre sua relação com a Reira, o que de início eu até chego a estranhar pela forma que funciona, pois o tratamento que ele a dá é tão frio e robotizado que fica até difícil acreditar que eles se conheciam desde pequenos. E logo de cara meio que mostra que sempre foi assim. O Takumi, muito mais do que a Nana Osaki ou qualquer outra pessoa, é maior incorporação do egoísmo que existe. Ele sempre viu a Reira como um mero meio para alcançar seus próprios fins. O modo como ele poderia se provar que realmente é alguém excepcional (mesmo que isso não exista). É uma síndrome de se achar especial que beira ao absurdo. E, por mais que ele reconheça todo o talento dela, tudo que o Takumi faz e diz é pra se aproveitar daquilo. Ele ainda a vê como um diamante que só ele pode lapidar. Ou seja, colocanque que ela depende dele, do especial, do excepcional Takumi. Assim como a Hachi precisa dele pra validar seus sonhos; O Ren para que a banda funcione e assim vai. E assim, do seu jeito, ele quer sempre deixar entre linhas que é ele quem te dá uma utilidade na vida. E isso tudo faz, pra mim, com que o Takumi seja talvez o personagem mais complexo do mangá, até mais que a Hachi.