Fuzue 16/06/2023
O culto além da magia
A literatura infanto-juvenil, assim como diz Nelly Novaes Coelho, tem que ter caráter pedagógico mas também o caráter de entretenimento, para que seja atrativa, lúdica e cativante.
A obra "Além da Magia" é um grande evangelismo, onde a moralização está mais presente que o divertimento, se assemelhando muito com as obras de Olavo Bilac nesse sentido.
O arco dramático das personagens é um arco óbvio e superficial. Tiago, o garoto cristão, é o jovem cristalino que não erra nunca, sempre perdoa quem o ofende, nem, se quer, uma gafe ele comete; apresentando uma imagem de ser perfeito devido à sua fé.
As outras personagens apresentam um arco de evolução humana e espiritual, o que é muito legal, porém é muito fácil e rápido tudo isso, as supostas dificuldades que existem são somente narradas, elas não aparecem na história e, portanto, não aproxima o leitor do enredo.
Todos os conflitos e, inclusive, a conclusão são pautados na fé e religiosidade. Tudo acontece em torno de uma lição moralizadora na tentativa de influenciar o jovem leitor a acreditar e seguir os dogmas ali apresentados.
O protagonista é um leitor ativo e se interessa muito por livros de magia, mas durante e após sua transformação espiritual é sempre pregado que aqueles livros não são bons, que aquilo não representa literatura, especialmente para um jovem de 13 ou 14 anos. Ao passo que "Além da Magia" também não representa o que é literatura, afinal não há nenhum traço de entretenimento e, sim, de um livro de regras.