Atonement

Atonement Ian McEwan




Resenhas - Atonement


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Debora411 31/03/2024

Um dos melhores livros que eu já li na vida
Que livro maravilhoso. Atonement conta a história de Briony, Cecilia e Robbie, e de como um erro na infância/juventude pode tomar proporções inconcebíveis e mudar o curso da vida de várias pessoas para sempre. Briony comete um erro imperdoável e passa o resto da vida buscando redenção para este erro.

O plot em si é e simples, mas a execução é uma coisa absurda. O livro começa um pouco chato até lá pela página 150. Mostrando diferentes perspectivas do mesmo acontecimento, o desenvolvimento da história é um pouco lento até aí, mas depois ele engata num ritmo vertiginoso que você não consegue parar de ler, mas lá no final (nas últimas páginas mesmo) tudo vai fazer sentido, inclusive o porquê do início ser chato e é simplesmente genial.

A cena da Briony conversando com o soldado francês no hospital é apenas uma das cenas mais lindas que eu já li na vida, acho difícil alguém superar. Fiquei feliz dela ter sido incluída na adaptação em filme.

Esse é um daqueles livros que você quer reler imediatamente depois de terminar e fica pensando como alguém pode ter criado uma história assim. Quero inclusive fazer uma releitura muito em breve e revisitar pelo menos uma vez por ano.
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Marina 09/10/2023

O que é a verdade na mão de quem precisa se eximir de sua culpa e reparar erros do passado? Muito pouco.

Briony mesmo diz, o autor é como Deus, não pode se eximir, está na mão dele a história, não o perdão. A reparação está apenas na tentativa de contar o que aconteceu.

Mas será que é isso mesmo o que ela faz? Afinal, aí está ela, uma das poucas testemunhas de coisas que na época ela pouco entendeu. E da culpa que ela carregou por anos.

Uma das personagens mais complexas que eu já li, uma tragédia praticamente inevitável, que se repete para sempre pela caneta de Briony.
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Lobita_______ 23/09/2023

Reparação?
Esse livro me lembrou aquela técnica japonesa de restauração de porcelana, Kintsugi. Você pode até juntar os cacos, mas sempre vai ficar uma cicatriz ali. Eu chorei largada com essa história, mexeu muito comigo. A escrita é incrível, cada frase tem um porquê. Pra quem gosta, também tem uma cena hot muito boa rs
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livrosdarach 17/07/2023

No verão de 1935, Briony Tallis comete um crime. A narrativa, então, se compromete a colocar o leitor a par do que aconteceu naquele dia e do que veio a acontecer nos próximos anos, e de como a palavra de uma garota de 13 anos mudou a vida de sua família para sempre.

Iniciei a leitura deste livro sem pretensão alguma, um pouco perdida nas descrições longas e capítulos enormes. Não demorou muito para que Ian McEwan conquistasse minha atenção: sua escrita é de uma beleza e de um cuidado ímpares, como pouco já li. Ler o livro em seu idioma original me deixou ainda mais empolgada, pois acho de um capricho enorme os autores que conseguem transmitir a beleza do inglês em suas narrativas, e Ian faz isso maravilhosamente bem.

É, sem dúvida, o melhor livro que li até agora em 2023. O final de sua história me deixou tão emocionada como há muito tempo eu não ficava ao concluir uma leitura. Minha resenha de hoje vai ficar um pouco vaga, talvez faltando informações talvez, pois não sei se tenho condições de falar muito sobre "Atonement" por enquanto; esse livro me causou reflexões durante o dia todo. Com certeza vou colocá-lo na lista de livros para reler daqui uns anos.
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jonesygirl 03/07/2022

perfeito!
que livro bom. simplesmente perfeitamente bem escrito, tanto na ambientação quanto no desenvolvimento dos personagens.
a história ter sido desenvolvida nas quatro partes foi muito incrível porque simplesmente todos os fatos estão sempre contracenando assim como a trajetória dos três personagens principais. no desenvolvimento da história da pra perceber a forma que as duas partes principais são do robbie e da briony, é evidente que o ponto de encontro deles é a cecília, que não ganha muito destaque durante a história. é realmente sobre o desejo do robbie, reparação da briony e a destruição desse triângulo, tudo causado por um mal entendido.
penso como todos gostam tanto da ideia de um amor avassalador separado por algo dilacerante: a guerra!
é TÃO bom os dois polos de duas pessoas: a briony deixando de ir pra cambridge (onde o robbie ia estudar medicina) pra virar ENFERMEIRA, e o robbie sendo preso e depois indo pra guerra?.
e aí, a briony aparece cuidando de soldados depois de dunkirk, onde acompanhamos toda a dor do robbie!

acho que tenho coisas demais para dizer, mas o essencial pra eu ter me apaixonado pela história sem ser o romance (que me pega muito nessa ideia invariável de um ponto de encontro inexplicável de ajuda acima de tudo que a cecília da para quem ela ama: ?come back to me? ? apenas!) é o ÓDIO! claramente, o desejo e reparação, atonement, conviver com um crime todos os dias e tentar reparar a destruição.
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Giulia Bendassoli 11/12/2021

atos e consequencias
Inicialmente ambientado no verão inglês de 1935 , Atonement narra ,em três partes e sob diferentes perspectivas e pontos cronólogicos,o percurso trilhado por Briony em busca de reparação de um gravíssimo equívoco cometido por ela quando era mais jovem.
Confesso que tive muita dificuldade ler esse livro no começo porque a narrativa é um tanto quanto pesada.Se você é uma pessoa acostumada com capítulos mais enxutos ou que começou a ler recentemente,creio que esse livro não seja o ideal para agora. Digo isso por experiência própria: só comecei a ler,de fato, ano passado e,ao tentar essa leitura,foi um desastre.O vocabulário usado pelo autor não era complicado mas a descrição utilizada é densa (dai a ideia de "narrativa pesada" ).
Além dos aspectos técnicos da historia que revelam a competência do autor, chamo atenção para o desenvolvimento genioso da história: Acho que a grande questão do livro não é mostrar uma história nunca contada antes ou personagens totalmente inovadores mas sim exemplificar a dinâmica da vida(e,nesse sentido,me perdoem pela filosofia um tanto quanto ultrapassada). Somos postos no mundo sem aviso e precisamos nos adequar a ele: o fato é que chega um momento em que só seguimos o fluxo,nos acostumamos as pessoas,objetos e situações que nos rodeiam e construímos uma rotina que não parece que vai se modificar. Todavia, do nada,por um motivo minúsculo e banal que enfrentamos,o curso da vida muda completamente e precisamos lidar com a responsabilidade caso gostemos ou não.Sendo assim,o livro trabalha com essa ideia brilhantemente.
Com isso,recomendo esse livro com todo meu coração e sugiro que vocês levem um lenço e calmante para essa aventura porque precisarão haha.
(Ps: para os que evitarão a leitura por conta da ressalva que fiz no começo da resenha,tenho uma solução: a própria adaptação do livro para o cinema que se chama "Desejo e Reparação". Se isso ainda não foi suficiente para te convencer,vou apelar pro elenco: Temos a Keira Nightley,que estrelou Orgulho e Preconceito/Piratas do Caribe,James Mcvoy, principal de Fragmentando e X-Men, e Saoirse Ronan de LadyBird/Little Women/Um Olhar do Paraíso. Só por favor,venham sofrer comigo!)
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clarisse antonio 10/04/2021

"Don't worry,i won't ever forgive you"
Inicialmente ambientado no verão inglês de 1935 , Atonement narra ,em três partes e sob diferentes perspectivas e pontos cronólogicos,o percurso trilhado por Briony em busca de reparação de um gravíssimo equívoco cometido por ela quando era mais jovem.
    Confesso que tive muita dificuldade ler esse livro no começo porque a narrativa é um tanto quanto pesada.Se você é uma pessoa acostumada com capítulos mais enxutos ou que começou a ler recentemente,creio que esse livro não seja o ideal para agora. Digo isso por experiência própria: só comecei a ler,de fato, ano passado e,ao tentar essa leitura,foi um desastre.O vocabulário usado pelo autor não era complicado mas a descrição utilizada é densa (dai a ideia de "narrativa pesada" ).
    Além dos aspectos técnicos da historia que revelam a competência do autor, chamo atenção para o desenvolvimento genioso da história: Acho que a grande questão do livro não é mostrar uma história nunca contada antes ou personagens totalmente inovadores mas sim exemplificar a dinâmica da vida(e,nesse sentido,me perdoem pela filosofia um tanto quanto ultrapassada). Somos postos no mundo sem aviso e precisamos nos adequar a ele: o fato é que chega um momento em que só seguimos o fluxo,nos acostumamos as pessoas,objetos e situações que nos rodeiam e construímos uma rotina que não parece que vai se modificar. Todavia, do nada,por um motivo minúsculo e banal que enfrentamos,o curso da vida muda completamente e precisamos lidar com a responsabilidade caso gostemos ou não.Sendo assim,o livro trabalha com essa ideia brilhantemente.
      Com isso,recomendo esse livro com todo meu coração e sugiro que vocês levem um lenço e calmante para essa aventura porque precisarão haha.
(Ps: para os que evitarão a leitura por conta da ressalva que fiz no começo da resenha,tenho uma solução: a própria adaptação do livro para o cinema que se chama "Desejo e Reparação". Se isso ainda não foi suficiente para te convencer,vou apelar pro elenco: Temos a Keira Nightley,que estrelou Orgulho e Preconceito/Piratas do Caribe,James Mcvoy, principal de Fragmentando e X-Men, e Saoirse Ronan de LadyBird/Little Women/Um Olhar do Paraíso. Só por favor,venham sofrer comigo!)
mari taniguchi 10/04/2021minha estante
resenha perfeita, com direito até de informação sobre o filme! ficou perfeito ?


clarisse antonio 11/04/2021minha estante
aaaa mari ainda bem que vc gostou


maggianni 19/08/2021minha estante
Agora sou obrigada a ler depois dessa resenha!!




Isabela.Pery 08/03/2020

BRAZIL, I'M DEVASTATED
Eu de alguma forma consegui escapar de spoilers do filme Desejo & Reparação esses anos todos, só sabia q tinha algum plot twist triste em algum momento no fim. Eu achei q era uma parada em relação à confissão da Briony, depois achei q fosse outra coisa, aí no final do livro DESCOBRI QUE É PIOR DO QUE EU ESPERAVA. IAN MCEWAN PQ ME MATASTE?? Enfim, o livro é incrível, toda a reflexão sobre poder da escrita, culpa, arrependimento, amor e como a questão do ponto de vista pode fazer toda a diferença. E como uma atitude, uma escolha, um erro pode afetar a vida de muita gente.
Sobre os personagens: Robbie um anjo que nunca errou, porém muito azarado meu deus. A Cecilia amei, apesar de querer que ela tivesse um pouquiinho mais de "tempo de tela" no livro. Comecei só na raiva com a Briony mas em algum ponto criei empatia também, apesar de não conseguir perdoar ela. Ódio do Paul e um pouco de ressentimento com a Lola mesmo entendendo o lado dela por ter sido a vítima (sentimentos conflitantes).
Recomendo muito o livro e não sei se assisto o filme hoje ou espero um tempo pra não ser destruída duas vezes no mesmo dia.
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Juliana 03/12/2019

Reparação?
Um dos melhores romances que li ultimamente. Para quem gosta de drama, é imperdível! A narrativa tem o ritmo perfeito e o vocabulário é enriquecedor. A história começa em 1935, família da aristocracia inglesa, cujas vidas mudam para sempre após um crime cometido por Briony que, com a ingenuidade de seus 13 anos (ou perversidade?), interpreta equivocadamente um acontecimento. A história passa pela guerra, ocupação da França e a retirada em Dunkirk. Sofrimentos e esperança. O livro também traz, uma reflexão sobre ser escritor, um deus, que consegue fazer o que bem entender com os personagens e seus sentimentos. E não é que é isso mesmo??? E a tal reparação? Tô aqui pensando ainda...
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Jack 01/02/2016

Devastador!
Reparação é o livro, aclamado pela crítica e público, que deu origem ao famoso filme - um de meus favoritos - “Desejo e Reparação”, com Keira Kightley, James McAvoy e Saoirse Ronan. E essa, senhoras e senhores, é uma história a não ser esquecida.
Eis a história de uma garota inglesa na década de 30, uma garota que acha que compreende o mundo muito além de sua idade e que, naturalmente está enganada. Briony Tallis, uma brilhante jovem com uma mente altamente imaginativa e que, em sua inocência e incapacidade de compreender as motivações adultas, precipita-se numa terrível decisão que desencadeia uma série de eventos que mudará para sempre as vidas das pessoas que mais ama.
A provocante narrativa de Ian McEwan é elaborada, intensa e vividamente detalhada. A mesma cena é frequentemente exposta por diferentes pontos de vista, gerando um resultado espetacular. O desenvolvimento psicológico dos personagens é impressionante e possibilita ao leitor entender as motivações de cada um e como isso vem a impactar seus destinos no desenrolar da história. Dito isso, não se trata de uma leitura fácil (não é nenhum John Green). Estou acostumada a ler em inglês, mas admito que com esse livro tive dificuldade e um certo trabalho não apenas com o vocabulário desenvolto, mas com os longos e complexos parágrafos e sentenças, todos brilhantemente interligados nessa obra não linear. O livro é dividido em três partes, das quais a primeira eu devorei ávidamente, a segunda achei excepcionalmente bem escrita porém bastante cansativa e cheguei a pausar a leitura por um longuíssimo período de tempo por esse motivo. Retomei a leitura para uma terceira e última parte que devasta e até enfurece, mas não decepciona. Aliás, se eu fosse resumir o livro em uma palavra, seria essa: Devastador.
Quem já assistiu “Desejo e Reparação” sabe do que estou falando. Eu já vi o filme incontáveis vezes e em cada uma delas meus olhos se enchem de lágrimas. O filme é mais uma perfeita adaptação de Joe Wright (mesmo diretor do meu amado Orgulho e Preconceito), na qual o diretor conseguiu um grande feito ao trazer para as telas uma adaptação bastante fiel de um livro tão profundo psicologicamente.
Esse livro tem o que é muito provavelmente a mais bela e bem escrita cena de amor que já li em toda minha vida. Se você já viu o filme, sabe que me refiro a cena da biblioteca que foi lindamente adaptada, mas que nas páginas do livro beira a perfeição. A escrita é poderosa e delicada, absolutamente detalhada e bem desenvolvida e apresenta com brilhantismo ímpar o momento em que duas pessoas que se conheceram literalmente a vida inteira tomam coragem para tornarem-se completos estranhos, dispostos a se redescobrirem e juntos descobrirem a si mesmos pela primeira vez. É uma escrita impressionante, apaixonante e comovente, capaz de trazer lágrimas aos olhos do leitor. Absolutamente linda.
Esse é um romance único sobre amor e guerra, culpa, inocência e perdão. Quanto ao título, esse é a cereja no topo do bolo. A total compreensão de seu significado vem apenas no exato final, bem nos últimos parágrafos… Aqueles que ficam ressoando na cabeça do leitor.

site: http://www.entrelinhasfantasticas.com.br/2016/02/resenha-reparacao-atonement-ian-mcewan.html
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Leonardo 13/02/2012

Uma carta de amor à Literatura
Resenha em duas partes: quando comecei o livro e depois que terminei.
Disponivel em http://catalisecritica.wordpress.com/

Inicio da leitura (04/02/2012):
Comecei hoje a ler um dos livros mais elogiados dos últimos anos (a revista Time chegou a colocá-lo na lista dos 100 melhores romances de todos os tempos!). A minha vontade de ler o livro era sempre arrefecida pelo fato de eu ter visto o filme (muito bom, na minha opinião) e, consequentemente, saber do grande segredo revelado no final. Senti-me triste por não ter lido o livro antes, já que muito provavelmente a revelação, literária por natureza, teria muito mais impacto em mim sendo lida.

Aproveitei uma promoção do tipo compre dois e leve três numa livraria local e comprei a edição da foto acima. Estou no início ainda (cerca de 15% do livro), mas já encontrei algumas passagens dignas de nota para quem ama a literatura.

Antes de chegar a elas, entretanto, cumpre esclarecer que Atonement (algo como expiação, reparação) narra a história de Briony Tallis, menina de 13 anos que aspira ser escritora e que, por um erro, acaba provocando trágicas mudanças na vida de diversas pessoas, especialmente o casal de enamorados Cecilia, sua irmã mais velha, e Robbie, o filho da empregada da família.

Não vou comentar nada a partir do que vi no filme. Serei fiel ao meu avanço na leitura. Pude perceber, por exemplo, a preocupação e habilidade de Ian McEwan, escritor inglês, em apresentar perfis psicológicos das personagens, especialmente Briony, menina sonhadora, inocente e platonicamente apaixonada pelo irmão mais velho Leon. O escritor utiliza-se o tempo todo do famoso “discurso indireto livre” tão falado por James Wood, falando pela boca das personagens enquanto disfarça-se de narrador onisciente.

Voltando às frases, lembro que Briony quer ser escritora, e esse pensamento ocupa boa parte dos seus pensamentos (ao menos durante as primeiras cinquenta páginas). Eis uma belíssima e inspiradora reflexão sobre a criação de mundos que é escrever (não disponho da edição traduzida e não ousarei traduzir…):

“A world could be made in five pages, and one that was more pleasing than a model farm. The childhood of a spoiled prince could be framed within half a page, a moonlit dash through sleepy villages was one rhythmically emphatic sentence, falling in love could be achieved in a single word – a glance.”

Agora uma passagem fantástica sobre a relação de cumplicidade que se estabelece entre o escritor e o leitor. Denota até mais do que cumplicidade até, alcançando uma espécie de controle por parte do escritor, que “envia” pensamentos e imagens independentemente da vontade de quem lê:

“It seemed so obvious now that it was too lat: a story was a form of telepathy. By means of inking symbols onto a page, she was able to send thoughts and feelings from her mind to her reader’s. It was a magical process, so commonplace that no one stopped to wonder at it. Reading a sentence and understanding it were the same thing; as which the crooking of a finger, nothing lay between them. There was no gap during which the symbols were unraveled. You saw the word castle, and it was there, seen from some distance, with woods in high summer spread before it, the air bluish and soft with smoke rising from the blacksmith’s forge, and a cobbled road twisting away into the green shade…”


Termino (07/02/2012):

Terminei esta madrugada a leitura deste livro fantástico. Uma das maiores habilidades de Ian McEwan, ao meu ver, é como ele se preocupa em preparar o terreno (e sabe como fazer). O livro poderia ter sido escrito como uma novela de oitenta páginas, não tenho dúvidas disso. Não que haja desperdício, pelo contrário, é McEwan preparando a armadilha. Lamento muito, muito mesmo não ter lido o livro antes de ter assistido ao filme. Tentei, sem sucesso, emular o que seria meu espanto ao ler as duas últimas páginas do romance sem saber como terminava o filme. Atonement é um louvor à literatura, ao poder que têm as palavras, ao poder que tem o escritor:

“How can a novelist achieve atonement when, with her absolute power of deciding outcomes, she is also God? There is no one, no entity or higher form that she can appeal to, or be reconciled with, or that can forgive her. There is nothing outside her. In her imagination she has set the limits and the terms. No atonements for God, or novelists, even if they are atheists. It was always an impossible task, and that was precisely the point. The attempt was all.”

Ian McEwan tem tanto domínio da técnica literária que demonstra a evolução da escrita de Briony. Em um determinado momento ela está impressionada com As Ondas, de Virginia Woolf, e pensa que ter alcançado um novo patamar em sua própria escrita:

“The age of clear answers was over. So was the age of characters and plots. [...]If only she could reproduce the clear light of a summer’s morning, the sensations of a child standing at a window, the curve and dip of a swallow’s flight over a pool of water.”

Ao longo do livro, McEwan (ou Briony) brinca com os detalhes realistas para melhor compor sua mentira. O mais interessante é como ele é bem sucedido nesta tarefa. Nós nos preocupamos com um estilhaço de granada na perna de alguém ou com uma única bomba que um determinado avião pode soltar; enchemo-nos de esperança com um encontro auspicioso com uma cigana e com uma despedida amarga numa estação; prestamos toda a atenção ao modo como alguém dobra uma toalha ou mastiga sua parca ração em silêncio. Mas, como escreve Briony, na mais bela passagem do livro (contém spoiler, não leia se não leu o livro ou não viu o filme):

“I know there’s always a certain kind of reader who will be compelled to ask, But what really happened? The answer is simple: the lovers survive and flourish. As long as there is a single copy, a solitary typescript of my final draft, then my spontaneous, fortuitous sister and her medical prince survive to love.”
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Filipe 12/07/2011

No Atonement for Novelists
"Atonement" foi considerado um dos grandes romances dos últimos anos. Ambientado na Inglaterra da década de 1940, no início da Segunda Guerra Mundial, o romance de 2001 do inglês Ian McEwan narra a trajetória de Briony Tallis em busca de reparação pelo crime que cometeu na adolescência.

Tudo tem início numa noite de verão de 1935, antes de um grande jantar em família. Contando treze anos, a jovem e imaginativa Briony acidentalmente presencia, na biblioteca de casa, o despertar da paixão entre a irmã mais velha, Cecília, e seu amigo de infância, Robbie Turner. Interpretando aquilo que ainda não compreende, Briony acredita que Robbie estivesse atacando Cecília e passa a ver o rapaz como um maníaco que precisa ser detido. Ainda na mesma noite, Briony flagra, na escuridão da propriedade dos Tallis, sua prima Lola ser violentada e, apesar de não ter visto o rosto do agressor, acusa Robbie com férrea obstinação e denuncia-o às autoridades. Este é então algemado e levado pela polícia.

Eis o motivo central da obra, eis o pecado que Briony passará o resto da vida tentando expiar: deixando-se levar por sua imaginação e um imaturo senso de justiça, a caçula dos Tallis manda um homem inocente para a prisão, transformando para sempre a sua vida e a de toda a família.

Após o desfecho da fatídica noite de 1935, há uma cisão na narrativa e o autor nos transporta para o conturbado cenário bélico de 1940. A partir da perspectiva de Robbie, acompanhamos os destinos dos dois amantes que se viram prematuramente separados pela injusta acusação da irmã de Cecília e, mais tarde, pela Segunda Guerra Mundial. Tematicamente, o romance aqui se abre, pois, à parte da tragédia familiar, McEwan aborda também a tragédia histórica: a brutalidade do campo de batalha, a iminência da morte, bem como os reveses sofridos pelas forças inglesas na França, no início da guerra.

Todavia, o relato de Robbie apenas não basta. Uma vez que toda história tem dois lados, o autor em seguida nos reapresenta o ano de 1940, porém desta vez pelos olhos de Briony, já com dezoito anos. Esta sofre terrivelmente pelo crime que cometera no passado e, consumida pela culpa, vive cada dia de sua via tentando repará-lo. Sacrifica inclusive seu futuro acadêmico – a vida confortável de intelectual em Cambridge – para trabalhar como enfermeira em Londres. Sua escolha por um trabalho braçal, absolutamente desintelectualizado, sob o jugo de uma rotina dura e extenuante, evidenciam sua ânsia por expiar seu crime. Briony procura às cegas uma forma concreta de ser útil à sociedade, de pagar com seu suor pelo dano que causou.

A narrativa de Briony ilustra de maneira exemplar o talento do autor. Confrontados com seu remorso e a saudade da irmã que a renegou, é quase impossível não nos solidarizarmos com ela. Seu relato obriga-nos a ver o outro lado da história – o lado da acusadora que, depois, tornou-se acusada; obriga-nos, se não a perdoá-la, ao menos a entendê-la. Não nos é oferecido o caminho mais fácil, isto é, o de demonizá-la e outorgar-lhe a condição inafiançável de antagonista. Absolutos são sempre rasos e, em se tratando de literatura, pouco interessantes. Ao permitir que vejamos o mundo pelos seus olhos, McEwan a humaniza, aproxima-a de nós, de nossos próprios erros e arrependimentos. Ao fim e ao cabo, sofremos não só por Robbie e Cecília, mas também por Briony e por tudo que ela perdeu.

O prestígio junto ao público e os arroubos da crítica que o romance angariou à época de sua publicação não foram infundados: calcado sobre uma linguagem refinada, que beira o lirismo sem dar margem para sentimentalismos, o romance de Ian McEwan é simplesmente arrebatador. Sua temática nos remete inevitavelmente ao célebre romance de Dostoiévski “Crime e Castigo”, na medida em que revisita a problemática “transgressão-redenção”, porém sob um contexto histórico e perspectiva diferentes. A luta inglória de Briony Tallis por conciliar-se com seu passado é uma verdadeira pérola da literatura contemporânea e merecedora do mais alto apreço.
Rick-a-book 13/07/2011minha estante
Como resenha, está tudo muito bom! A versão anterior tinha o spoiler - o que talvez não fosse ruim, já que com ou sem spoiler, este é o tipo de livro que merece ser degustado de cabo a rabo - e possivelmente estava mais perto de um ensaio do que de uma resenha ou ficha de leitura. Aliás, te encorajaria no que fosse preciso para que tu compusesse um longo ensaio.


Renata CCS 11/07/2014minha estante
Comecei a leitura ontem. Esta obra já havia sido altamente recomendada aqui no Skoob, e sua resenha só veio confirmar minha escolha.
Uma instigante e bela resenha!




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