A cicatriz de David

A cicatriz de David Susan Abulhawa




Resenhas - A Cicatriz de David


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@bibliotecadedramas 01/03/2024

Toda história é composta por dois lados que se completam; ouvir só um deles é silenciar o outro e você ter apenas uma meia verdade. Esse é o segundo livro da Susan Abullhawa que leio. Susan é uma escritora americana de origem palestina que lança uma luz sobre todos esses conflitos do ponto de vista árabe. Compreender um lado não quer dizer que deixei de me compadecer da dor de judeus que foram brutalmente assassinados no holocausto durante a segunda guerra. Nada se anula.

Os conflitos entre Israel e Palestina, é preciso saber dos fatos sobre os dois lados para compreender toda uma história que perdura há muitos anos. E o momento não poderia ter sido outro: a gente viu o terrorismo do dia 7 de outubro aonde centenas de judeus foram brutalmente assassinados e outros tantos sequestrados, e agora estamos assistindo ao vivo o genocídio do povo palestino promovido por um governo de extrema direita ao qual se tem muita coisa em jogo. Mas história precisa ser entendida, precisa ser lembrada e acima de tudo nunca esquecida para que massacres como esse não voltem a acontecer.

“A Cicatriz de David” é uma leitura necessária. Susan tem uma narrativa poderosa e envolvente que nos transporta para uma Palestina que foi do ponto de vista histórico muito negligenciada, despatriada e empurrada para campos de refugiados para viver sob condições desumanas. O livro conta com diversos personagens de uma mesma família que Susan usou a ficção para nos mostrar como é estar do lado palestino. Amal é a principal, e de uma forma muitas vezes poética, ela humaniza esses personagens com tanta maestria que chega a ser quase tangível, e isso nos permite sobretudo, a compreender a complexidade das vidas que foram arrastadas e brutalmente assassinadas por anos e anos de conflitos.

"Pense no medo. Para nós, o medo começa onde para outros começa o terror, porque estamos anestesiados pelas armas constantemente apontadas para nós. E o terror que conhecemos é algo que os ocidentais jamais conhecerão. A ocupação israelense nós expõe, desde muito cedo, aos extremos de nossas emoções, até que já não podemos sentir a dor a não ser em situações extremas.

As raízes da nossa dor são tão profundas que a morte passou a conviver conosco como se fosse membro da família, alguém que a faz feliz por evitá-la, mas que continua lá, como pessoa da família. Nosso rancor é algo que os ocidentais não podem compreender. Nossas tristezas podem fazer as pedras chorarem. E a maneira como amamos não é exceção. É uma espécie de amor que só conhece quem sentiu uma fome tão intensa que faz com que seu corpo se coma a si mesmo durante a noite. Do tipo que só conhece depois de sobreviver a bombardeios ou a projéteis que atravessam o corpo. É o amor que se lança em um abismo sem fim. Creio que é lá onde Deus vive."

“A Cicatriz de David” é sobretudo uma imersão a Palestina de antigamente, de um povo que desde sempre teve conexão com sua terra, sua cultura e sua ancestralidade. A gente sente o peso do amor, da perda e da dor de vidas que foram brutalmente afetadas por conflitos que, na maioria das vezes, sequer são mostrados na mídia e que há poucas obras contadas na literatura sob a perspectiva árabe. O mundo neste momento está falhando com os palestinos e a gente está assistindo ao vivo isso – estamos vendo massacres se repetirem, estamos vendo mulheres e crianças sendo varridas do mapa, não podemos perder nunca o valor da vida humana – independente de etnia, nacionalidade raça ou cor. Terminei esse livro convicta de que nunca, nunca mesmo, devemos ouvir apenas um lado da história.

O livro se chama “A Cicatriz de David” mas a história toda é de Amal porque todo o livro é narrado e contado sobre ela, ele também tem outro título – manhãs em Jenin – que é a mesma história. Infelizmente não fizeram mais edições dele, mas você pode encontrar em sebos físicos e online (eu comprei o meu no estante virtual). Leitura mais que recomendada.

site: https://shejulis.com/livro-a-cicatriz-de-david/
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Moni 25/02/2024

Uma existência de amor e sofrimento
Mesmo no meio da leitura eu já soube que ia ruminar essa história por muito tempo.

Não tem palavras pra descrever essa história, que, apesar de fictícia, ainda é muito real.

A apropriação da língua, o roubo de terras, o sequestro de crianças, a matança desenfreada, tudo continua sendo uma realidade dolorosa na Palestina principalmente hoje.

Acompanhar o desenvolvimento de uma família em prosa foi muito doloroso, mas um processo necessário pra entender a magnitude da dor que os palestinos sofrem e as injustiças da terra: desde a mídia favorecendo ?Israel? à colonos clamando casas como se fossem suas, da mesma forma que aconteceu com tantos judeus após a segunda guerra, quando voltaram para suas casas e encontraram-nas ocupadas por alemães.

É revoltante acompanhar isso e saber o quão real é, mas é extremamente necessário se quisermos que alguma coisa seja feita no mundo. Conhecimento é poder.

Ao fim do dia, A Cicatriz de David é uma história de amor acima de tudo. Sobre como o amor persevera através de gerações e permanece, e como um vínculo de amizade e familiaridade pode atravessar até mesmo o preconceito e o ódio, apesar de seus momentos de complicação.

Essa narrativa é absurda no melhor sentido da palavra e eu acho que todos deviam dar uma chance. Não está sendo mais publicado, mas da pra encontrar o livro baratinho em algum sebo ou alguém que esteja vendendo usado (que foi o que eu fiz)
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Leila 07/09/2023

A Cicatriz de David, da autora palestina Susan Abullhawa, é uma obra literária profundamente comovente e necessária que lança luz sobre o impacto devastador do conflito na Palestina do ponto de vista árabe. Através de uma narrativa poderosa e envolvente, Abullhawa nos transporta para o coração deste conflito histórico e nos apresenta uma perspectiva muitas vezes negligenciada.

A trama do livro se desenrola com uma habilidade narrativa cativante, que nos leva a acompanhar a vida de vários protagonistas, todos enfrentando os desafios e horrores de viver em meio ao conflito em curso na Palestina. A autora tece habilmente os fios da história de uma família em particular e tem como pano de fundo o conflito político e social que se desenrola ao seu redor.

Uma das qualidades mais marcantes deste livro é a capacidade de Susan Abullhawa de humanizar seus personagens, tornando-os tridimensionais e emocionalmente cativantes. Isso permite ao leitor criar empatia genuína pelos personagens e compreender a complexidade das vidas que estão sendo afetadas pelo conflito. Somos levados a sentir o peso da perda, a dor da separação e a luta pela sobrevivência em um ambiente hostil.

Além disso, o livro é notável por sua prosa poética e pela maneira como Abullhawa pinta imagens vívidas da paisagem palestina, tornando-a quase tangível para o leitor. Sua habilidade de transportar os leitores para dentro do mundo que ela descreve é impressionante e contribui para a imersão na história.

Outro aspecto notável de A Cicatriz de David é a forma como ele dá voz aos árabes nesse conflito e à sua experiência, que frequentemente é negligenciada ou mal representada na literatura e na mídia convencional. A autora apresenta a riqueza da cultura palestina e a profundidade de suas conexões com a terra, que muitas vezes são esquecidas em meio ao conflito político.

Em resumo, A Cicatriz de David é um livro incrivelmente impactante e importante que nos lembra da humanidade compartilhada que une todos nós, independentemente das circunstâncias políticas. Susan Abullhawa tece uma narrativa emocionante que nos convida a refletir sobre as vidas interrompidas e os sonhos destruídos de tantas pessoas afetadas pelo conflito na Palestina. Esta obra é uma contribuição significativa para a literatura sobre o Oriente Médio e uma leitura essencial para aqueles que desejam compreender a complexidade do conflito sob uma perspectiva árabe.
Alê | @alexandrejjr 09/03/2024minha estante
Leila, agradeço por compartilhar a sua leitura conosco através desse notável texto. Graças a ele lerei esse livro.


Leila 10/03/2024minha estante
Espero que goste tanto quanto eu! Boa leitura




Lilian 06/09/2023

Excelente
O livro mostra a construção do ódio entre judeus e palestinos e faz a gente entender perfeitamente pq o conflito é tão longo
Tina 06/09/2023minha estante
Nunca tinha ouvido falar nesse livro, mas como amo ficção histórica fui ler as resenhas; fiquei impressionada e com certeza será lido muito em breve.




Sgt_Pm_Jamis 14/09/2021

O livro
Uma descoberta. Assim posso definir esse romance. Sem ler esse livro eu morreria acreditando que Israel seria todo tempo injustiçado. Uma vez vítima do nazismo, jamais faria o que fez com os palestinos. NÃO EXISTEM JUSTIFICATIVAS.
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Nane 24/08/2021

Foi um livro que ouvi falar muito bem e já estava me preparando para chorar. Mas para mim a história não foi arrebatadora. Gostei mas não amei. Demorei muito para terminar pois ela não me pegou de jeito.
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Juliana Molina 19/12/2020

Chocante
Livro com relato de uma historia triste sobre os palestinos. Muito bem escrito.
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Simone de Cássia 02/12/2020

Tipo de história que deixa a gente sem palavras quando termina... Mexe com todas as nossas emoções, traz doçura em sua forma poética de descrever os fatos e então, se faz impossível de ler e permanecer com o coração inalterado. Ainda que esteja escrito no prefácio que é ficção, me custa acreditar que esses personagens não foram reais tamanho o poder de se ligarem à nossa realidade. Sempre dizemos que toda história tem dois lados, e aqui está uma prova disso... Todo o conflito político daquelas terras descrito com maestria numa poesia de angústia. Suas páginas , apesar de banhadas em sofrimento, retratam a doçura de pessoas que amaram acima de tudo... Das rugas no rosto de uma mulher aos tiros mortais, tudo descrito de maneira absurdamente sensível e assim, inesquecível. Livro fantástico! Uma cicatriz na alma da gente.
Fabricio268 02/12/2020minha estante
Belíssima resenha. Este livro é fantástico mesmo.


Simone de Cássia 03/12/2020minha estante
Devo agradecer a você, Fabrício, pela forma de elogiar esse livro que me fez entusiasmar em adquiri-lo. Seria uma grande perda não ler essa maravilha! Obrigada!


Fabricio268 03/12/2020minha estante
??




Lalaia 06/02/2020

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Uma família Palestina feliz... até o ponto de suas terras serem invadidas pelo exército judeu e seu povo ser forçado a deixar suas casas, plantações e sonhos.
A família feliz é separada, um filho é tomado dos braços de sua mãe e uma outra realidade é suplantada sobre as raízes de David.
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cris.leal 07/06/2019

A triste realidade de uma guerra interminável...
Li muito sobre o Oriente Médio, Israel em particular, mas quase nada sobre a Palestina. "A Cicatriz de David" traz uma narrativa do ponto de vista dos palestinos. É uma ficção baseada em fatos reais, que me deixou devastada e impressionada. A obra é um relato cru e emocional de quatro gerações de uma família palestina que, após a formação do Estado de Israel em 1948, foi forçada a sair de suas terras e partir para o campo de refugiados de Jenin.

A autora, Susan Abulhawa, uma americana de origem palestina, escreveu: "Era a história de um povo deixado sem direitos, sem lar e sem nação, enquanto o mundo lhe dava as costas para apreciar e aplaudir os usurpadores que proclamavam seu novo Estado, ao qual deram o nome de Israel." A tomada de terras palestinas para recompensar os judeus por um grande erro cometido contra eles na Segunda Guerra, acabou criando no Oriente Médio um dos enfrentamentos mais complexos e intermináveis do mundo. Lá, violência gera mais violência e quem mais sofre com os conflitos é, infelizmente, a população civil, que não tem possibilidade alguma de se defender.

"A Cicatriz de David" é uma narrativa extremamente humana sobre um contexto histórico dramático, caracterizado por momentos importantes que ora agravam, ora atenuam as tensões existentes naquela região. Além de todo o aprendizado sobre o conflito árabe-israelense, terminei a leitura convicta de que nunca, mas nunca mesmo, devemos ouvir apenas um lado da história.


site: https://www.newsdacris.com.br/2019/06/resenha-cicatriz-de-david-de-susan.html
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katiadantas 01/04/2019

@cadalivroqueleio
Ismael é o filho do meio de uma família palestina, marcado por uma cicatriz no rosto, fruto de um acidente com um dos irmãos. É raptado ainda pequeno por um soldado judeu, que o leva para sua esposa na esperança de fazê-la feliz, diante de sua impossibilidade de ter filhos. Ismael torna-se então David. No meio de uma guerra sangrenta, duas famílias diferentes estão ligadas por uma criança. ⠀⠀⠀

Anos depois Amal, a irmã de David, consegue mudar-se para os Estados Unidos e fugir da guerra, mas isso não a impede de continuar sua busca pelo irmão perdido. A narrativa é feita muitas vezes por Amal e conseguimos sentir a dor que dilacerou sua família em razão do rapto de seu irmão.

O livro é absurdamente triste e desolador! Mostra sem medo o lado dos mais afetados com essa guerra: os palestinos inocentes, desapropriados das terras de seus antepassados por conta de uma guerra que não compreendem bem.

Apesar de possuir um tema denso e profundo, por muitas vezes até indigesto, é uma obra de escrita descomplicada e por vezes até didática. A autora usou de notícias reais para relatar momentos importantes e sentimos a fragilidade e desalento de todos os envolvidos. É um livro tocante, sensível e esclarecedor.

site: https://www.instagram.com/p/BvSJikRAoW7/
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Biblioteca Álvaro Guerra 06/02/2019

Uma longa jornada em busca da verdadeira identidade de um homem partido ao meio. Seu nome foi Ismael até o dia em que um soldado israelense o levou embora. Ficava para trás a história de um menino palestino, habitante do campo de refugiados de Jenin, em 1948. Dali em diante, o pequeno iria se chamar David, raptado por um oficial cujo a esposa sonhava em ter um filho. Educado segundo os preceitos da religião judaica, o jovem seguirá para o front vinte anos depois, durante a Guerra dos Seis Anos, onde se defrontará com o irmão Yousef, feroz combatente da causa palestina. A cicatriz de David é um romance pungente, que tenta entender uma das mais intricadas questões geopolíticas da humanidade.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788501079657
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Erika Alcantara @literandofotos 22/04/2018

Arrasador!
Em maio de 1948 os ingleses se foram e os judeus refugiados que vinham chegando aos milhares a Palestina proclamaram-na um estado judaico, mudando o nome da terra para Israel, porém era vizinha de três aldeias que conseguiram sobreviver aos bombardeios e se formaram um triângulo inconquistável.
Em 24 de julho do mesmo ano Israel lançou um ataque terrestre e bombardeio aéreo tentando dominar as aldeias. Foi aí que tudo mudou na vida de Dalia e destino de seus filhos para sempre.
Semanas depois do ataque os soldados comemoravam em um banquete de paz e um deles observava Dalia com seu bebê aninhado nos braços, ele pensava em como Deus foi injusto abençoando uma árabe com filhos enquanto sua esposa Jolanta refugiada da segunda guerra perdeu toda sua família e passou toda sua adolescência sendo usada sexualmente pelos nazistas ficou estéril, mocha sabia que o que faria sua esposa feliz era um filho, então ele arrancou dos braços de Dalia seu amando filho.
Aquele bebê árabe tão pequeno com uma cicatriz e olho ainda inchado, jolanta o tomou nos braços e o nomeou de David, seria criado por costumes judeus.

Eu de verdade ainda estou tentando digerir tudo o que li nesse livro, cheios de referências a segunda guerra, detalha o sofrimento de um povo, os horrores e as perdas de cada personagem.
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