spoiler visualizarricardinho 29/04/2022
Que livro!
Ben Shapiro, o odiado jovem conservador americano, é advogado, comentarista político, escritor e radialista. No alto dos seus 38 anos, já escreveu dez livros e aqui, o destaque vai para O Lado Certo da História.
É um pequeno livro, porém, grandioso por levar o indivíduo a reflexões sobre acontecimentos corriqueiros. O cidadão comum, por exemplo, entrega a felicidade aos políticos e briga por eles, mesmo repetindo que não confia na classe política. Incoerência? Talvez! E as conexões sociais? Estas são cada vez mais raras, mas saudáveis. Não se pode confundir conexão social com conexão digital.
Sobre a busca constante pela liberdade/libertinagem, é importante saber que movimentos filosóficos superficiais não podem se impor a três milênios de Divindade herdados dos judeus e dois milênios e meios de razão dos gregos. Isso leva estudiosos a discordâncias, principalmente ao serem citados fatos isolados da bíblia, por exemplo, sacrifícios. No entanto, a explicação para tal ato, vem através de Maimônides. Este, afirma que os monoteístas, como citado na bíblia, praticavam sacrifícios, aparentemente pagãos, como forma de atrair os politeístas, ressignificando, assim, a ideia por trás de tais sacrifícios, que passariam a lembrar às pessoas que deve-se pagar pelos próprios pecados e que somente a misericórdia de Deus é capaz de redimir, afastando a ideia de mera reconciliação com os deuses. No que se refere à intervenção divina, para povos gregos, babilônios, hinduistas e outros, o universo se movia de forma circular (cíclica) e, assim, não interessaria aos deuses intervirem, a não ser por interesses próprios. Já a bíblia, prega o progresso, um propósito e, diferente dos pagãos, onde apenas os deuses tinham livre arbítrio, as pessoas comuns também o tem, pois são feitos a semelhança do Pai.
Estudar as raizes da civilização ocidental, como Atenas, leva o indivíduo a agir pela razão; já a fé, diz que as pessoas são capazes de escolher entre o bem e o mal. Platão, Aristóteles e os estoicos acreditavam que tudo (todos, inclusive) tem um télos, uma razão para existir e ter virtude, seria cumprir este télos e, seguindo a linha de propagação do conhecimento, os evangelhos foram escritos em grego, e não em araimaco, com objetivo de universalisar a mensagem do judaismo.
Não se pode negar, também, que muitos representantes da Igreja, inclusive Agostinho, sucumbiram ao poder, ocorrendo o mesmo com outros representantes, mas tal fato não abala a essência religiosa. Sabe-se, também, que com a queda do Império Romano, a Igreja Católica agiu rapidamente para comandar espiritual e temporalmente e que os líderes cristãos concordavam com a escravidão apenas de prisioneiros de guerras muçulmanos. No campo da instrução, é importante salientar que a alfabetização, praticamente, surgiu nos mosteiros e o progresso científico não começou no Iluminismo, mas, também, nos mosteiros europeus (Roger Bacon, por exemplo). Sabe-se, ainda, que a Igreja apoiou Nicole Oresme, Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico Galileu, sendo este perseguido por não conseguir provar sua tese no momento em que a Igreja passava por uma onda fundamentalista.
Já, em nome da modernidade, a Revolução Francesa substitui a virtude dos antigos pela virtude do coletivo, pelo subjetivismo radical, ou ambos; todos os direitos emanam do Estado. Seu grande erro foi rejeitar as lições do passado, ansiando por dias repletos de visões e sonhos baseados em vagas noções da bondade humana. A França revolucionária recrutou à força os cidadãos, seguindo as palavras de Rousseau e tornando-se nacionalista. Seguindo essa linha, Marx pregava que o problema do mundo era o individualismo, em suma. Tempos depois a sua filosofia condenaria milhões à escravidão e morte. Du Bois elogiava a Rússia, assim como a esquerda americana faz com o socialismo. Stalin, de acordo com o Levada Center, em 2017, continua sendo personalidade admirada para alguns, inclusive, Putin. Margaret Sanger era a favor de esterelizar deficientes e, por isso, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz 31 vezes. Freud, para decepção de alguns, era um impostor, publicista fenomenal, charlatão e prescrevia medicamentos prejudiciais, escrevendo, inclusive, artigos fictícios.
Como é perceptível, há pessoas religiosas em todos os lados dos movimentos históricos, não sendo correto culpar instituições por erros. É possível perceber, também, que a razão tonou-se um insulto.
Sobre o nazismo, este não surgiu do consumismo, mas da anulação do propósito individual em prol da predisposição coletiva do Estado.
O autor finaliza falando sobre os dias atuais. Punições no meio acadêmico por recusa de usar pronomes tragêneros, protestos de estudantes porque uma professora disse que homens são mais altos que mulheres, demissão de professor por este não aceitar sair de um campus por exigência de alunos negros (um determinado dia, professores brancos não poderiam lecionar) e palestrantes expulsos por citar estatísticas são os tristes exemplos da buscada evolução pelos revolucionários platonistas.
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