Bruno @viagempelomundodoslivros 16/06/2021
"Imagina tu que eu até aí nada sabia de javanês, mas estava empregado e iria representar o Brasil em um congresso de sábios."
Lançado em 28 de abril de 1911, no Jornal Gazeta da Tarde (Rio de Janeiro) no formato de folhetim, foi posteriormente incluído na coletânea "O homem que sabia javanês e outros contos". A história é narrada pelo personagem principal que numa conversa com seu amigo Castro conta como em meio ao desespero por conta do desemprego, candidatou-se a uma vaga de professor/tradutor de javanês, língua falada pela maioria dos habitantes da Ilha de Java. O homem pensou: É a minha chance! Se eles precisam de alguém que ensine o javanês, é por que não sabem a língua, logo não saberão que eu também não sei (hahahaha genial). Após ser aprovado para a vaga, Castelo começa a "ensinar" o poderoso Barão de Jacuecanga a falar o javanês. A fama de Castelo se espalha por todos os cantos do país, sendo reconhecido como o maior professor de javanês do nosso país. Em determinado trecho Castelo afirma: "Imagina tu que eu até aí nada sabia de javanês, mas estava empregado e iria representar o Brasil em um congresso de sábios". Este trecho representa bem a crítica trazida por Lima Barreto à predominância das aparências nos meios sociais e politicos de seu tempo. Uma obra que tornou-se um clássico da literatura brasileira com méritos, tendo em vista se tratar de um livro leve e divertido, mas ao mesmo tempo levar uma profunda crítica social e política. Curiosamente, 108 anos depois de seu lançamento podemos notar que o conto continua atual, tendo em vista que o "viver de aparência" continua sendo um grande mal da sociedade, vide as vidas "perfeitas" nas redes sociais que em nada retratam a realidade. Pois bem, ainda hoje temos muitos "professores de javanês" por aí, ostentando o que não são, o que não tem e o que não sabem. Muito obrigado Lima Barreto!