Gabriela3086 29/05/2024
Difícil de dar nota?
Eu tenho muitos sentimentos em relação a esse livro, e como ele é dividido em 3 partes, em cada parte, eu poderia dar uma nota diferente.
A primeira parte é interessante e fiquei intrigada (e as vezes, um pouco entediada com as rotina do personagem principal) e curiosa pra saber mais sobre essa distopia apresentada no livro.
A segunda parte foi emocionante, e a melhor na minha opinião, em que nosso queridíssimo Winston finalmente encontrou pessoas queridas para conversar e estava buscando uma forma de rebelião.
A terceira foi difícil, eu demorei uma semana para ler menos de 100 páginas e terminei o livro agoniada.
~ spoilers a seguir
Não comprei muito o final, com o Winston falando que amava o grande irmão, se ele devia sentir qualquer coisa no final ódio. Claro que podia fingir qualquer coisa, afinal, quem passou por tudo o que ele passou, faria qualquer coisa para não passar de novo. Mas ele pensando que ama o grande irmão - hm, não.
Esse livro pode ter mil desdobramentos em uma discussão, mas uma que me peguei pensando hoje e não vi (por enquanto) ninguém comentando sobre, é o fato da maldade estar inerente ao ser humano - que eu acredito que foi a intenção do autor na cena em que o Winston quis entregar Julia a tortura no lugar dele. Mas eu não poderia discordar mais dessa ideia proposta por muitos pensadores ao longo da história, pra mim o ser humano é irracional e tem um instinto de sobrevivência natural sim, mas o que nos difere dos animais (que por acaso também não são criaturas maldosas) é que podemos pensar racionalmente, e com isso, tomar decisões que não levem em conta apenas o nosso bem-estar, e sim, além do nosso, o da sociedade como um todo.
Eu acredito em uma sociedade que pensa coletivamente, e em indivíduos que atendem suas necessidades pessoais, pensam por si próprios e tomam decisões com base na liberdade, mas também acredito que o coletivo é importante - o bem estar social, e não o controle sob a vida privada.
Enfim, acredito que qualquer pessoa pode tomar atitudes cruéis, se for colocada numa situação que exija que o faça isso - pelo instinto da própria sobrevivência, que em geral, prevalece. Mas não vivemos em uma sociedade primitiva, portanto podemos nos tornar bons, a medida que avançamos em tecnologia e qualidade de vida, o que é o oposto que ocorre nessa distopia.
Acredito sim, que muitos homens, chegariam a tal sede de poder que fariam o que está descrito nesse livro - como muitos na história, fizeram e fazem. Mas também acredito que há um número muito maior de pessoas que não permitiriam que chegasse a esse ponto, se lhes fosse dada a oportunidade de fazer uma mudança.
Já assisti alguns videos após finalizar essa leitura, e ainda pretendo refletir mais, mas por ora, acho que foi uma boa nota. A trajetória de Winston foi muito interessante e ele sozinho, não conseguiria quebrar essa sociedade sozinho. Mas a ultima frase poderia ter sido diferente.