Zorobabel 31/08/2022
Muito bom! Se voce gosta de coração valente vai amar esse livro!
Introdução
Infelizmente eu ignorei esse livro por um bom tempo por causa das resenhas que li, resenhas essas que nem de longe eram caprichadas e me levaram ao equivoco de adiar a compra desse excelente livro, pensado que era algo ruim ou genérico. Graças a Deus ele entrou em promoção na Amazon eu comprei, só pelo fato de ser uma ficção histórica. Fiquei surpreso com o livro porque ele é realmente muito bom! Se você gosta de Cornwell, Iggulden, ou ama Coração Valente como eu, tem aqui um prato cheio.
Enredo
Nesse livro acompanhamos o Alan Dale, um garotinho ladrão que por força das circunstâncias acaba tendo que integrar um grupo de homens que fazem uma espécie de justiça paralela, sob a tutela de seu Lorde, Robert Odo. Passamos então a conhecer melhor esse grupo e seu líder, Robin Hood. Aqui não temos absolutamente nada de Disney, somos apresentado a um lorde astuto, muito carismático e ao mesmo tempo frio, o desenvolvimento da história é excelente, sempre tem algo acontecendo e a escrita é muito fluida, Robin me lembra em muitos momentos William Wallace de coração valente. Nada aqui é descrito de qualquer jeito e conseguimos sentir o magnetismo que emana do personagem, quase como um Walter White de Breaking Bad ou Don Michael/Vito Corleone do poderoso chefão. Nos sentimos incluídos nesse mundo porque vamos nos desenvolvendo junto com Alan, que vai se tornando um jovem adulto, sob a tutela indireta de Robert. Vamos conhecendo as pessoas e o modo de vida daqueles que estão a margem da sociedade liderados por Robin, passamos a conhecer os espiões, professores, guerreiros, arqueiros, religiosos, financiadores e apoiadores do bando o que por sua vez deixa o mundo cada vez mais atraente. Alan não é um prodígio, é um garoto comum, esperto e muito safo que lida com as situações utilizando as capacidades que tem. Além disso temos alguns plot twists que são muito bons! A astúcia de Robin é muito satisfatória e as soluções e descrições de batalhas são maravilhosas. O livro é repleto de violência mas tudo é bem encaixado e tem um propósito na narrativa, a brutalidade não é posta como um prazer, mas como um fardo desagradável porém necessário para sobreviver nesse mundo corrompido.
Personagens
O desenvolvimento de personagem é excelente! O protagonista é cheio de nuances, ele tem medo, é covarde, corajoso, corrupto, fiel, gentil e escroto. Vamos odiar ele em alguns momentos e sentir pena em outros. Nada aqui é gratuito, não tem aquela coisa de treinou dois dias e se tornou o melhor guerreiro, ou melhor arqueiro ou músico. Alan tem que ralar muito para fazer algo de modo minimante decente, Inclusive o inclinamento do personagem é muito mais para um bardo do que para um guerreiro. Os outros personagens são bem desenvolvidos também e fazem a gente gostar deles, temos o taciturno e articulador, Hugh, o caloroso e voz da consciência, Tuck, o poderoso e fiel João pequeno(que parece Hamish de coração valente) e a cereja do bolo, Robin, como eu disse aqui descrito como um líder carismático, cruel, magnético, apaixonante e repulsivo, cativante e estratégico, não espere um Robin subindo em arvores com meia dúzia de crianças e vagabundos, aqui ele é um líder, bem articulado, com muitos espiões, contatos e estratégias, com uma mente tão ou mais afiada que a espada. Robin tem muito de William Walace de coração valente, em carisma, liderança, articulação e estratégia
Aspectos físicos (Fonte, Diagramação, qualidade do papel, conforto de leitura)
O Livro é muito bonito, a diagramação é impecável, o papel é muito bom e a fonte é bastante confortável, a tradução é excelente apesar de alguns raríssimos deslizes, mas nada que comprometa a diversão.
Divertimento
O Livro é incrivelmente divertido e gostoso de ler, a leitura é fluída, o desenvolvimento é muito bom, realmente nos sentimos naquele mundo, nos sentimos parte do grupo de Robin. Esse livro me fez abandonar o celular e o Videogame, fiquei triste quando acabou, pois poderia facilmente ler o dobro ou triplo de páginas.
Minhas impressões
Esse livro me deixou muito feliz pois há tempos eu buscava uma leitura que fosse boa como crônicas saxônicas de Cornwell ou o Imperador de Iggulden. Sou apaixonado por Coração Valente e esse livro me lembro o filme muitas vezes. A escrita é muito boa, muito fluida e prazerosa, as descrições são na medida certa, você consegue sentir o ambiente, os personagens são bem desenvolvidos e carismáticos. Talvez o livro tenha sido prejudicado pelo fator Disney, ao pegar esse livro e ler Robin Hood, muitas pessoas, especialmente adolescentes imaginem algo como Percy Jackson, Nárnia, contos de fadas juvenis ou aquele arqueiro clichê de hollywood interpretado por Russell Crowe. Esse é um livro adulto para quem gosta de ficção histórica e o nome Robin Hood não faz a menor falta. Se fosse um livro sobre a Inglaterra medieval talvez fizesse o sucesso merecido, não por falta de qualidade pois o livro é incrível, o Robin é incrível, mas pela expectativas que as pessoas possam criar. Gostei mais desse livro do que das Crônicas de Artur do Cornwell.
Prós - Enredo bem construído, narrativa fluída e envolvente, desenvolvimento e construção de personagens na medida certa, ambientação caprichada, descrição de combates empolgantes, diversão, qualidade de escrita, imersão, diagramação, papel e fonte. Me surpreendeu muito, tudo é bem ambientado, desenvolvido e construído na medida certa, não nos sentimos cansados durante a leitura e nem com vontade de pular para a próxima pagina sem ler.
Contras - Ao meu ver apenas dois pontos não foram tão bons, mas não chegam nem de longe a estragar a experiencia. 1- Robin participa de um ritual que achei desnecessário, entendo a importância de mostrar a religião pagã, mas penso que ele poderia ser um expectador assim como o protagonista foi. A segunda coisa é que há duas menções sexuais no livro que não me agradaram, não pelo sexo em si, porque isso faz parte da humanidade e da vida, mas acho que o autor ou tradutor poderia ter usado palavras mais amenas, pelo fato da narrativa em muitos momentos optar usar metáforas, soou muito esquisito e deslocado o uso de uma palavra chula de forma gratuita, sendo que na própria cena a construção foi mais voltado a sinônimos. Não é pelo nome em si, é apenas pelo fato de não se encaixar no padrão narrativo, porém isso não compromete negativamente a experiencia, acontece apenas duas vezes e poderia ser ajustado na tradução.