Lina DC 22/08/2019O livro é narrado em terceira pessoa e se inicia em março de 2051, onde somos apresentados a uma Charlotte de 74 anos de idade, relembrando alguns dos momentos com sua mãe e o anel das mulheres da família Barton, objeto esse que dominou a maior parte da vida da protagonista.
"De arroubo e sem conseguir controlar, reviveu cada um dos acontecimentos daquele turbulento e fatídico ano de dois mil e quinze, bem como os acontecimentos que levaram a ele. Porém que sem os quais, ela jamais teria começado a construir o seu próprio legado enquanto mulher." (p. 11)
A partir desse instante o livro volta no tempo, iniciando em 1995, quando conhecemos uma Charlotte no início dos seus vinte anos de idade, cursando Direito e ao mesmo tempo está sob as rígidas regras da sua mãe, que acredita que uma mulher deve casar-se, ter filhos e dedicar-se unicamente para atender as necessidades do marido e filhos. É nesse momento que ela conhece Connor, um homem considerado perfeito por sua família.
Em pouco tempo Charlotte saí da casa da família para morar com o marido. Os anos passam e a protagonista se vê como o modelo perfeito de uma esposa troféu: vestindo as roupas e as jóias mais caras, mantendo o seu corpo impecável, entretendo convidados com um sorriso fixo no rosto e atendendo aos desejos de Connor, dentro e fora do quarto. Com os filhos Pierre e Adrien indo para a Universidade, o que sobra para a protagonista?
É em dezembro de 2014 que Charlotte entende que precisa dar um basta nessa situação de inércia e decide ir em busca da sua própria jornada, largando tudo o que conhece e mudando-se para Londres para terminar os estudos e trabalhar na área. Mas será que essa é a vida que realmente Charlotte sempre sonhou?
O livro vai contar a jornada dessa mulher forte, que precisa aprender a andar com os próprios pés e decidir por si mesma o que quer. O destaque do livro é exatamente essa jornada, esse amadurecimento de Charlotte, que pela primeira vez em toda a sua vida, se encontra fazendo escolhas para a sua vida sozinha. Seja algo simples, como o que vestir ou o que falar, a até mesmo se irá ou não envolver-se com outro homem ou seguir uma carreira profissional. "Charlotte" é uma obra de auto-descobrimento, de crescimento pessoal e perseverança.
Rafael Lovato escreve com sensibilidade a história de uma mulher que representa milhares de Charlottes, que precisam arriscar para encontrar-se.
"Com o coração transbordando otimismo, Charlotte repetia que sim, era uma situação passageira. Não podia desperdiçar aquela oportunidade de ser mais feliz. Não fraquejaria. Pensaria em si mesma ao menos uma vez na vida." (p. 63)