Maju 29/10/2022
play it as it lays.
"One thing in my defense, not that it matters: I know something Carter never knew, or Helene, or maybe you. I know what "nothing" means, and I keep on playing"
Melhor escolha impossível para meu primeiro contato com Joan Didion. Que livro.
A autora nos apresenta Maria, uma atriz desempregada, já nos seus 30 anos, que narra a partir de sua perspectiva, os eventos e experiências que a levaram parar em uma clínica psiquiátrica.
Maria se demonstra profundamente abatida pela experiência feminina nos anos 60: ela passa por abusos domésticos, abuso da mídia, problemas com drogas e com dinâmicas amorosas e familliares, levando-a finalmente a uma depressão apática e um existencialismo diante à vida do dia a dia. A palavra "nothing" (nada) aparece, propositalmente, com frequência. Há um vazio constante no olhar da Maria, que chega a ser aflitivo ao leitor. É uma história devastadora e difícil de uma mulher que continua jogando com a vida.
Joan Didion escreveu uma história seca, gelada, difícil. Ela expõem o coração em frangalhos do sonho americano, do que se esconde atrás da aparência glamurosa. Ela disseca a vida hollywoodiana do final dos anos 60 com excelência e inteligência através de uma personagem complexa e real, escrevendo sobre tópicos absolutamente negligenciados na época.