Samara MaiMa 08/08/2011Doublecombo: volume 1 e 2Uma coisa que venho procurando há bastante tempo desde que estudei sobre a Jornada do Herói, era uma heroína que se encaixasse no papel principal de uma história de "ação" mas que não se tornasse com isso masculinizada. Muitos livros que já li de romances, chicklits, ficção científica, seguem a Jornada com uma personagem feminina desenvolvendo mais o lado psicológico e dramático da heroína, mas elas sempre costumam ser frágeis e acabam sendo "salvas" por seu interesse amoroso. Ou, ela é tão auto-suficiente que beira à masculinidade e a independência. De certa forma, Maite Carranza me mostrou que sim, é possível construir uma heroína que mantém sua feminilidade e é forte e decidida.
Anaíd é o tipo de personagem com que tenho mais facilidade de identificação já que ela sofre da "síndrome do patinho feio". Tem 14 anos e é a mais baixa, mais feia, mais sem graça e rejeitada por todos os amigos na escola. E ao mesmo tempo, é inteligente, bem articulada e totalmente alheia ao destino que foi "traçado" para sua vida. Quando sua mãe desaparece depois de um ano da morte de sua avó, Anaíd é apresentada ao mundo das bruxas, e descobre que sua mãe nunca a iniciou como parte do clã. Depois de seu desparecimento, os poderes de Anaíd começam a aflorar e impressionam todas as Omar de seu clã.
Os livros de Maite Carranza tem uma mitologia própria para as bruxas. Existia a mãe de todas as bruxas, O (esse é o nome da "deusa"!). Ela teve duas filhas, Od e Om, mas Od era invejosa e roubou a primeira filha de Om para si. A partir daí as duas irmãs tornaram-se inimigas sendo que as Odish, descendentes de Od, são imortais, belicosas, e alimentam-se do sangue de outras bruxas e de meninas mortais para manterem-se jovens. As Omar, descendentes de Om, são mortais, vivem em harmonia com os quatro elementos da natureza e se dividem em clãs com totens de animais que as representam (confesso que ler sobre o clã da perua foi engraçado).
O primeiro volume, O Clã da Loba, é um livro de apresentação da mitologia das bruxas, da profecia de O, que afirma que nascerá uma bruxa de cabelos vermelhos e que será a escolhida para acabar com a guerra entre as duas facções. Tudo no livro leva a crer que a mãe de Anaíd, que foi sequestrada por bruxas Odish, é a eleita. Por isso, Anaíd decide salvar sua mãe, mesmo que todas as bruxas Omar não apoiem sua decisão.
O segundo volume, O Deserto de Gelo, é basicamente um prequel para a história como um todo. As perguntas não respondidas do primeiro livro, a história de Selene, mãe de Anaíd, e uma maior explicação sobre as bruxas Omar, com apresentação de outros clãs. O legal desse livro é que você acompanha não Anaíd, que aparece nos momentos de "fim de flashback", mas a juventude de sua mãe, e como ela quer mostrar com seus erros e escolhas o real papel que sua filha tem no mundo das bruxas.
Sem contar spoilers para não estragar surpresas, os dois livros são muito bons. São extremamente femininos na medida que os personagens masculinos praticamente não existem; só são apresentados o interesse amoroso e o pai de Anaíd. A maneira como a autora escreve é dinâmica e agradável de ler. Muitas vezes eu não percebia que estava passando as páginas do livro de tão imersa que estava na história. Fazia tempo que não via um sumário e capítulos com títulos, mas achei divertido tentar adivinhar sobre o que a história ia tratar só lendo a abertura.
A série é uma trilogia e até o momento só temos os dois primeiros volumes lançados aqui no Brasil. Recomendadíssimo!
Até a próxima! o/
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