Lis 12/12/2020Gostei bastanteO livro tem digressões muitíssimo interessantes sobre a relação do homem com o tempo, que já valem a pena. Mas o que mais admirei foi que o protagonista é completamente apático e distante, contemplativo, e mesmo assim nos afeiçoamos a ele, damos razão e entendemos suas amarguras e melancolias. Ou seja, mesmo um protagonista enfadonho nos traz muitas reflexões e uma boa história, o que já é de louvar o autor.
Outro ponto interessante é que o romance mostra a alternância de classes no poder, o que não significa uma alternância de pessoas ou famílias. Como disse Tancredi, se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude. E ele, mesmo sendo um aristocrata, se une à revolução, à burguesia, a fim de sempre estar no foco dos acontecimentos e se manter no poder. Ou seja, é um universo de formas fixas, mudando a bandeira, a designação da classe social, mas não mudando em sua essência.
E por fim, o livro também deixa claro que muitas vezes é preciso se curvar à força do vento, invés de propor-lhe resistência e correr o risco de se quebrar. Personagens que não foram maleáveis ou não souberam aproveitar oportunidades tiveram finais mais amargos do que aqueles que jogaram o jogo, que se adaptaram às mudanças em curso e tiraram proveito disso.