Marina 25/08/2011Este livro nos conta uma linda estória de amor que se passa na segunda guerra mundial. Mas está longe de ser um romance meloso ou idealista, muito pelo contrário: é angustiante pelo seu realismo, tanto se falando do cenário da guerra, como as ações e destinos cabidos aos personagens.
Impossível não simpatizar e compartilhar com Henry, o protagonista, toda a sua angústia e paixão, que nos são mostradas em sua juventude, durante a guerra, e no presente, com Henry mais velho. Ele é americano, porém, filho de chineses e o objeto de seu amor, uma japonesa (na verdade ela também é americana, porém, filha de japoneses). O pai de Henry, um chinês nacionalista, que odeia os japoneses por serem inimigos de país, pois a china também vivia um momento de guerra invadida pelos japoneses, jamais aceitaria esse relacionamento.
Um ponto muito interessante e delicado que foi tocado neste livro de forma bem consistente foi o sentimento de rejeição que os asiáticos enfrentaram durante a guerra. Henry foi o retrato da sua geração: era discriminado pelos chineses (pois ele estudava em escola americana), era discriminado pelos próprios americanos (mesmo ele sendo um também; e mesmo que a China fosse aliada. Para os americanos, eram todos "amarelos"). Era como se Henry fosse um apátrida, e para piorar, seus pais o proibiram de falar chinês em casa para que ele aprimorasse o inglês rapidamente. Porém, como os próprios pais não entendiam a língua, Henry não tinha nem com quem conversar.
Mas a vida de Henry não possuía apenas esse lado triste. Não é à toa que nome original do livro é Hotel on the Corner of Bitter and Sweet, e a parte doce é representada por Keiko. Mais que um romance de adolescentes, o relacionamento entre Henry e Keiko deu a ele uma coisa muito importante: o sentimento de pertencimento a algum lugar (nem que esse lugar seja ao lado da pessoa pessoa amada). Para Henry, que vivia num isolamento e deslocado da sociedade, Keiko era alguém com quem ele podia dar vazão a todas essas emoções.
Sem dúvida um livro que fala sobre o primeiro amor, mas fala de uma maneira singela e verdadeira, além do retrato das adversidades que os orientais passaram durante a guerra nos Estados Unidos. E sendo o próprio James Ford um descendente de chineses, podem esperar um retrato bem fiel do cenário.