jonasbrother16 03/11/2020
Geralmente os adjetivos "claro" e "objetivo" vem juntos, em par. Não é o caso desse livro, que embora claro, não é objetivo. Contém diversas digressões, e histórias que o autor insiste em contar para se mostrar mais próximo de um público não-especializado. O que acaba sendo irônico é que quem não é italiano pode ficar sem entender muitas das referências que ele faz, então ele se afasta do público especializado em filosofia, mas enquanto faz isso, também se afasta dos não-italianos. É curioso.
Se você tem muita pressa, não leia este. O Nigel Warburton ainda escreveu a melhor introdução à filosofia que se pode ler rapidamente. Mas o livro de Crescenzo não é ruim, pois diferente do Warburton que citei ou do Savater que também li (Aventura do Pensamento), Crescenzo se preocupa em colocar fontes para tudo o que afirma, e é generoso com detalhes contextuais e pessoais de cada personagem. Serve para quem não tem pressa e quer uma visão mais panorâmica do que foi a Filosofia Grega Mais Antiga Que Sócrates (embora alguns "pré-socráticos" tenham sidos contemporâneos dele).
Um outro incômodo que tive com o livro, é que ainda nessa de colocar o conteúdo do pensamento dos filósofos para um público não-especializado, Crescenzo adota uma postura por vezes hostil ao trabalho filosófico, só para ganhar pontos com o leitor. Em vários momentos o autor parece debochar dos filósofos por "perderem tempo" com... filosofia. Bem, tudo pode ser entendido como piada, mas é esquisito. Um livro quer popularizar a filosofia, caçoando da mesma filosofia.