Nebula Nebulosa 22/10/2013Como é uma resenha crítica, basea-se na opinião que formei do livro, portanto vou dar meu parecer.
Halo é um livro muito bem escrito que aproveita o fornecimento de um rico vocabulário. As descrições são detalhadas, envolventes, tanto dos locais, quanto dos personagens - seja física ou psicologicamente. É um livro que "não tem pressa", isso não quer dizer que seja uma leitura lenta, pelo contrário, apesar da quantidade de páginas, é bem fluída, a história transcorre tranquilamente, o que quero dizer é que ele não é um livro falho, onde mostra faltas e lacunas pela rapidez do autor. Creio que é um dos mais bem revisados - tanto pelo autor quanto pelo revisor mesmo. É muito bem estruturado, construído.
Porém, a autora, Alexandra, tomou liberdade, creio eu, de criar sua "própria teoria". Como namoro um judeu e sou católica - e muito curiosa - digamos que conheço bem certas idéias fundamentadas e Alexandra não parece ter feito nenhuma pesquisa às vezes, nem ter visitado a Wikipedia, o que me irritou muito com essa gama de informações equivocadas, pois quem lê e não tem conhecimento e nem vai a pesquisa, acredita que aquilo é certo. O que quero dizer é o jeito que ela define, por exemplo, Gabriel, O Arcanjo, como o guerreiro de Deus e na verdade este é Miguel, cujo ela define como Arcanjo da Luz e da Morte, que seria na verdade Lucifer e Azrael, respectivamente, ou que Raphael cuida apenas da cura física, esquecendo-se do espiritual. Entendem? Os próprios anjos parecem trabalhar sob uma perspectiva muito humana e ela mistura tudo, troca tudo. Não estou puxando para a religiosidade, apenas dizendo que e você pesquisar, inclusive pelo radical hebraíco dos nomes deles, vai saber o significado de tradução literal, então foi um erro gritante para mim. As hierarquias angelicais também se demonstram erronêas entre tantas informações que consistem na estrutura do livro. Eu só acho que, se você escreve sobre alguma coisa - por exemplo, Revolução Industrial - você não pode trocar a história dos personagens, reiventando isso, ai já é pura ficção sem base nenhuma, entende, não é mais a Revolução Industrial.
Um outro erro gritante é que, supostamente, Bethany, a protagonista, nunca visitou a Terra antes e por isso, conclui-se que não conhece nada daquelas sensações, como ela mesma conta. O choque de cores, texturas, etc... então como ela consegue fazer comparações com coisas que ela, por tabela, não havia tido contato antes também? Comparar o sol com mel, e coisas assim?
Também não curti, o que muitos livros fazem, de dar um aspecto frio e distante dos anjos, como se eles fossem criaturas que beiram a crueldade. De minha opinião, Bethany não tem perfil nenhum de anjo. Eu entendo que ao longo do livro expliquem a ligação dela com os humanos e tal, mas de boa, se um dia ela tivesse sido MESMO anjo, ela não teria metade das atitudes mesquinhas, birrentas, rebeldes, cheias de si que ela tem. Ela me irritou muito. É uma criança mimada mil. Eu entendo que ela tenha se apaixonado, mas de boa, se você é de outra natureza, com ordens especificas para cumprir, eu esperava uma maior resistência dela quanto ao Xavier, de sentir isso "errado", tudo foi muito fácil pra eles. Uma coisa que não engoli foi o Love At First Sight (Amor a Primeira Vista) deles. Ficou devendo, principalmente da parte dele. E eles são muito melosos, ela é extremamente humana, mundana - como diriam os Shadowhunters - e egoísta, principalmente com atitudes que ela tenta justificar, mas prejudica a todos, principalmente seus irmãos. Ah, sem falar que o mundo é "muito injusto" com ela. É uma reclamona chata. Eu adorei o livro, apesar de tudo, e não li por causa dela, mas sim pela própria história. Bethany é uma das piores protagonistas que conheci. Ela não possui um traço angelical de quem foi criado no Céu, de boa. Teria sido mais inteligente da parte da autora se ela tivesse feito Bethany uma humana que descobriu ser anjo, ai justificaria todas as atitudes dela.
Outra coisa que passa uma idéia errada, é como eles fazem o Céu parecer um marasmo entendiante, fazendo o leitor querer pender pro lado "divertido". O jeito simples que Alexandra divide as funções angelicais em 3, anjo da guarda, anjo que cuida da recepção das almas, etc...
Mais uma coisa que achei idiota foi o fato de dizer que, no Céu, como não há tempo, o sentido da vida não precisa ser preenchido, diferente dos humanos, que tem tempo na Terra e preenchem seu tempo, dando sentido a vida. PQP, de boa meeesmo, um anjo diria isso? Cadê os própositos celestes e toda essa coisa? Quer dizer que eu dou muito sentido a minha vida desperdiçando meu tempo com compras, histórias de ladainha e tal, como Bethany passou a fazer com as amiguinhas? Estou falando isso porque tem muitos livros bons de anjos, bem pops, como Fallen e Hush Hush que passam toda essa complexidade enquanto Halo faz o caminho oposto.
Uma milésima coisa é que Gabriel e Ivy se escondem e dão os créditos do milagre a ciência. Pra quem sabe um pouquinho das histórias que fundamentam as lendas dos anjos, sabe que os anjos sempre aparecem, se revelam e enaltecem os milagres à Deus. Erro fatal neste caso, somado ao erro maior de que anjos não podem intervir de forma ativa na vida terrestre que é onde toda essa história se fundamenta: na intervenção deles. Em Fallen e Hush Hush falamos de Caídos que podem fazer o que bem entenderem, mas mesmo no Hush Hush, Dabria que não era Caída deixava isso bem claro, nada de interferências.
Enfim há uma humanização gigante dos personagens e de toda história que não me convencem e até me irritam, mas, eu ignorei isso e a leitura é muito boa, principalmente pelo dom de escrever da autora.
Como o fato de seres tão superiores temerem o Ensino Médio? É de rir ou chorar. Tudo transformasse num drama superficial e trivial. Até parece que eles, em primeiro lugar, temem algo. Cadê a fé em Deus e todas essas coisas? Mesmo Patch, que é Caído, demonstra enorme tranquilidade. É uma piada.
Gostei do Xavier, embora ele seja meloso demais. Essa "fé cega" na proteção da Bethany me lembrou o Seth da Aislinn, Wicked Lovely. A história dele é comovente e adoro a atitude segura dele. Mas Seth ainda tem um humor mais dark que eu admiro mais. Porém achei totalmente destoante o ADP que o Xavier teve em não confiar na Bethany e nem se manifestar em procurá-la quanto a "traição" dela - assim muito menos na parte super dramática exagerada dela de não pensar em mandar os irmãos procurá-lo e esclarecerem tudo já que ele estava tão resistente.
Jake Thorn podia ser muito melhor explorado, e espero que seja nas continuações, porque adorei ele. A única coisa que estragou foi Bethany não "cair na dele" desde o início, ficando desconfiada e querendo distância dele. Ai não deu pra aproveitar o triângulo amoroso, que nem existiu.
Gosto do Gabe e da Ivy.
Odiei a Molly, um pé-no-saco, tipica má companhia e não sei porque a Bethany curte tanto. Mas ninguém venceu a Taylah com seus conselhos "super entendidos", que nojo da guria, ainda bem que morreu, só assim ela ganhou uns pontos comigo. Aliás, muito ridículo da parte da Bethany, perante a toda certeza e segurança que ela tinha do amor de Xavier, acreditar na besteira superficial de adolescentes.
Bem, do que acho da Bethany, vocês já sabem.
Pontos finais: achei muito blassé e clichê caracterizarem os artistas, góticos, darks, emos como turminha do Jake. Aliás o discurso do Jake foi de rir. Lado negro? Dark side of the force, really? Alguém andou vendo muito Star Wars. Quem sabe melhor ainda, com o pentagrama invertido - sério, vão pesquisar o significado desse símbolo, porque é muito ridículo o uso que dão a ele. Isso somado a um cemitério, pra ser pra lá de classic. Resumindo: total falta de criatividade, além do preconceito contra essas tribos. De boa, quem observar, pode ver que a Bethany tá no meio de patricinhas, playboys, e eles são dados como super legais - quando evidentemente não o são. Então vamos mais uma vez excluir os já excluídos, certo? É óbvio que essas tribos iriam querer fazer algo contra a crueldade das amiguinhas da Bethany.
Enfim, leiam o livro, é bem legal, se vocês tiverem essas "notas de rodapé" em mente. Vale a pena pela história em si. Se você andou lendo muitos livros "fortes", que tiram o fôlego, Halo é ideal pra você se sentir mais a vontade, dar uma relaxada. É bom se como eu é dia de semana e você quer prosseguir com suas leituras, sem pegar um livro que realmente queira ler e não pode ser atrapalhado com aulas.