Monique.Machado 06/12/2023
O livro desvela um retrato sombrio e implacável da sociedade carioca do século XIX, imersa em um ambiente degradado e caótico.
Nessa obra do naturalismo brasileiro, as páginas se desdobram revelando um cortiço decadente como palco principal, onde as misérias humanas se entrelaçam em uma dança desesperançada.
Azevedo, fiel ao determinismo naturalista, não poupa o leitor de testemunhar os aspectos mais cruéis da condição humana, expondo personagens imersos em um mar de paixões brutais, instintos primitivos e lutas desesperadas pela sobrevivência.
A narrativa, permeada por uma linguagem intensa, transporta o leitor para um cenário claustrofóbico, onde a miséria, a exploração e a desigualdade social caminham de mãos dadas.
Ao abordar temas como a exploração laboral, a segregação racial e as nuances da corrupção, "O Cortiço" não se propõe a confortar, mas a confrontar o leitor com as dolorosas realidades que afligem seus personagens.
A descrição minuciosa do ambiente urbano deteriorado e dos destinos trágicos que aguardam seus habitantes compõe uma sinfonia melancólica, mergulhando o leitor em um abismo de desespero e desencanto.
Neste romance, a esperança é um bem escasso, eclipsado pelo sombrio panorama social que se desdobra página após página.
Assim, ao adentrar nas páginas de somos convidados não a um refúgio literário, mas a um confronto incisivo com as sombras que permeiam a condição humana e os abismos sociais que persistem ao longo do tempo.