anapachecoeumsm 17/10/2022
Mais que nostalgia, uma ode a Magia.
Matilda está na infância de todos como um filme da sessão da tarde sobre uma menina com laço na cabeça. Essa espécie de bruxinha inteligente que ama devorar livros atrás de livros, a procura de amor num cenário terrível de pais caricatos e sem caráter, além de uma terrível diretora de escola.
Porém Matilda é mais que isso. O filme, dirigido e produzido pelo também ator Danny DeVito, que interpreta o pai da Marilda, senhor Wormwood, é a adaptação perfeita do que um livro infantil deve ser, e no caso da obra de Roald Dahl, é. Pois Danny entendeu a cerne da questão do livro e a deixou em primeiro plano; a magia.
Matilda ecoa como uma ode as crianças, apesar do começo do livro deixar bem clara a separação entre crianças geniosas e crianças que os pais consideram geniosas, toda criança tem sua particularidade e a educação e instigar cultura é nosso papel como pais, irmãos, amigos e educadores.
Pense: Matilda é uma criança sem apoio, o apelo para o mundo dos livros vem como uma maneira de mostrar não só que ela não estava sozinha, mas que poderia chegar onde quisesse se fosse atrás.
Dona Honey, o exemplo puro de como um educador deveria ser, representa os professores carinhosos, caridosos, atenciosos que prestam atenção nas diferenças de aprendizado de cada criança e como a falta de apoio pode tirar não só oportunidades, mas a magia.
E Dona Trunchbull representa a vida adulta, o ser seco, duro por dentro e por fora, soar como uma fortaleza de grosserias e burrice, tal como o pai de Matilda, que retira, suga e desaprova qualquer estímulo de verdade e criatividade em crianças, porque supõe que sua magia na verdade é mentira, que são brincadeiras, pegadinhas, que elas nada tem a ensinar se não trapacear e serem nojentas.
A diretora inclusive, leva isso ao patamar de ódio as crianças, sua fala:
"Minha idéia de uma escola perfeita é uma sem crianças." Com ela, Roald Dahl torna imagético como muitos adultos se tornam child-free ou sem paciência para educar. Se esquecendo esses também, que crianças um dia serão adultos, que elas também são gente e principalmente, que todos um dia foram crianças e tiveram a inocência, o não saber.
No filme, a magia da protagonista não é explicada e, sinceramente, não precisa. É uma mão na roda que lhe cai bem pra narrativa do filme.
Já no livro, a explicação da professora define bem o que é desafiar e ensinar uma criança, e como cada criança é mágica e usa sua magia no nível que lhe é equiparado. A magia de Matilda ganha não só uma explicação plausível de surgimento e de fim, mas uma leitura metáforica para a magia das crianças ao longo da fase escolar.
Giorgio Agamben, filósofo diz que" As crianças, como os personagens das fábulas, sabem perfeitamente que, para serem felizes, precisam conquistar o apoio do gênio na garrafa, ou a galinha dos ovos de ouro. E elas são menos tristes quando adquirem a imaginação de que a mágica existe."
Nesse caso de Matilda, o livro nos ensina: a magia é a soma do amor + educação. Não há nada mais poderoso, que não possa ser visto pelos olhos de uma criança (olhos brilhantes como ficam os da Matilda) do que isso.
"I would look after her with loving care."
"Its fine with me."