Milton.Strassacappa 06/05/2018
Malone morre – Samuel Beckett
Beckett é mais conhecido por sua peça “Esperando Godot”, no entanto ele produziu diversos textos incríveis, como é o caso de Malone morre. O livro fala de um homem, no fim da vida, naquele momento entre a velhice extrema e a morte, quando as rugas já estão todas lá e não há tempo para novas.
Novo, esta é ma palavra que sumiu do vocabulário de Malone já tem algum tempo, ele se encontra em uma espécie de sanatório, onde vive cada dia a espera do último. Ele decide escrever sobre um homem. Que pode ou não ser ele, faz um inventário de seus poucos bens, que nada mais é que as tralhas que o rodeia.
Tralhas que o rodeia; não seria este o fim de todos nós consumistas, quando o tempo que nos resta oferece apenas a dádiva da espera?
Malone morre é um texto não linear, as cenas se misturam no tempo, no espaço da mente de um moribundo.
Ao final ele morre, não há spoiler sobre isso, mas antes do fim Malone se apresenta a nos leitores, conhecemos sua amante, tão morta quanto ele, seu enfermeiro carcereiro, uma espécie de barqueiro do rio Estige, esperando suas moedas para levar o corpo ao seu destino.
Não há dia ou noite na vida de Malone, só o que se vê por uma janela, que leva sua imaginação. E é isso, o que resta, uns poucos pensamentos e uma janela, as pernas, o corpo, foram primeiro, pularam do barco e o deixou para afundar.
C'est la vie mon ami. Malone te leva às cortinas que se fecham para todos, não há um próximo espetáculo.
Tire a poeira dos ombros. Reverencie seu público, e dirija-se à ribalta.
O espetáculo acabou.
Samuel Beckett, leia...
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