spoiler visualizarAnderson668 06/10/2019
A televisão está morrendo mesmo?
Com a chegada do mundo digital várias mudanças aconteceram ao longo dos anos como os hábitos de consumo, o acesso à informação, a percepção do consumidor como um sujeito passivo aos atos das organizações entre outros. No livro TV Digital ou digitalização da TV, de Milene Moura, confere justamente uma análise sobre as transformações da TV no cenário brasileiro (com uma pincelada comparativa do panorama mundial). Com a chegada da internet, as mídias sociais e o maior acesso à informações os usuários tiveram (e continuam tendo) oportunidade de passear por todos os espaços aprendendo, opinando, contribuindo e convergindo com todos os diversos espaços sociais. Pensar a digitalização da televisão vai além de sincroniza-la com a internet aos simples comentários nas mídias sociais, sua digitalização significa participação, interação e convergência. Empresas, grupos de comunicação e usuários devem caminhar sincronicamente.
Ao longo do livro é possível conhecer como a internet chegou e possibilitou o avanço da TV Digital, da Hipertelevisão e da TV Conectada, todas as três diferentes entre si. Durante o livro é possível compreender quais as tecnologias disponíveis pelo mundo, por quais motivos e críticas o governo brasileiro resolveu implementar uma das melhores tecnologias em TV Digital, mas que possuem um ônus muito alto para sua população.
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No primeiro capítulo, Concepção e desenvolvimento da Televisão Brasileira, Milene Moura constrói um panorama da televisão brasileira e como ela se desenvolveu, do seu surgimento até os dias atuais. Como nasce a televisão? Como ela se desenvolveu e qual o papel da ditadura militar nesse processo? Quais as emissoras que faz fizeram sucesso nesse período, como se deu o crescimento exponencial da televisão nas casas brasileiras e como elas foram se legitimando como meio mais importante de informação e entretenimento. Será que as emissoras de televisão seguem todas as recomendações que a legislação propõe?
É durante esse capítulo que a autora trabalha em seu processo de pesquisa a história e os dados de pesquisas dos institutos brasileiros como principal elemento para embasar suas proposições. Como se desenvolveram durantes as eras culturais (várias) as sociedades? Milene mostra as eras culturais adaptado de Santaella, sendo:
Cultura Oral - Cultura escrita - Cultura impressa - Cultura de Massa - Cultura das Mídias e Cultura digital (2010). Durante essa transição cultural que surge a televisão e como ela foi direcionada somente para um público abastado e, depois de alguns anos, foi tomando uma proporção maior. Após fornecer um panorama cultural, Milene explica o que é a televisão, qual suas segmentações e qual a real definição do meio, principalmente como elemento da cultura de massa.
Com relação á TV aberta, podemos fazer três divisões: "Jambeiro (2002) elenca três tipos principais de sistemas de exploração da televisão: estatal, 'public service' e comercial" (p.26).
É nesse momento da TV com alcance em grandes proporções que é preciso compreender que "existe uma diferença substancial entre a informação e os bens duráveis: a replicabilidade." (p.52) Como e, individuo, faço a réplica desses conteúdos televisivos?
Para concluir, é preciso analisar uma citação de Santaella ( 2010, p.59) que afirma: "A cultura midiática 'se revela assim como uma dinâmica de aceleração do tráfego, das trocas e das misturas entre as múltiplas formas, estratos, tempos e espaços da cultura."
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No segundo capítulo, A evolução da Televisão Digital aberta Brasileira, é o momento que a autora passeia sobre os processos que fomentaram a construção da digitalização da TV no Brasil. É aqui que conseguimos (leitores) visualizar como chegou a tecnologia de inserção da TV Digital no Brasil, quais os prós e contras, qual sistema escolhido e como a população foi sendo adequada e inserida nessa nova configuração. O desligamento do sinal foi protelado diversas vezes já que a população não possui poder econômico e cultural para inserir-se no ambiente digital. Aparelhos para as televisões, internet e outros elementos com preços demasiadamente altos interferem no processo e compra.
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Na terceira parte do livro, Perspectivas da TV Digital brasileira no panorama da cultura digital, são demonstrados os termos sobre narrativa, espaço de convergência, interação e interatividade de consumidor-mídia. Aqui, e durante todo o livro, a autora faz diversos contrapontos com os autores, levando em considerações os autores espanhóis, que escreveram e possuem um no-hall no assunto TV Digital e todos os processos que estão em seu entorno. É possível visualizar que Milene desconstrói um conceito (como o de Santaella sobre a passividade do consumidor), para depois construir uma nova perspectiva.
"O Ciberespaço como um conjunto diverso de tecnologias que possuem habilidade para simular ambientes nos quis os seres humanos podem interagir entre si." (p.91)
Complementando, "o ciberespaço é uma rede, via internet, que se fundamenta na cooperação de milhares de núcleos informatizados no mundo e se conforma como um meio heterogêneo e transfronteiriço." (p.91)
Logo mais a frente possui um cunho mais analítico do desenvolvimento da WEB e como as conecções foram se desenvolvimento. a WEB 1.0 e a 2.0 são elementos chaves para compreender os processos de convergência.
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É na quarta parte do livro que vamos conhecer a pesquisa qualitativa aplicada pela autora. Antes de começar o capítulo ela oferece um panorama geral da televisão e como ela se desenvolveu na perspectiva de Galperin (2003) apud Montez e Becker (2005) onde a primeira geração da TV correspondia a época Fordista com aspectos limitados, centralizadores e controlados em sua totalidade pelo Estado; a segunda geração é denominada de Pós-fordista por possuir características mais livres que a anterior, criando segmentação de conteúdo e publicidade, sendo controlada pela iniciativa privada sob certas obrigações impostas pelo Estado; por fim, a terceira geração é caracterizada como Digital oferecendo serviços personalizados, segmentados e, por vezes, individuais. É nesta era que o modelo de regulamentação ainda fica desconhecido.
Produção, armazenamento e distribuição/acesso são elementos essenciais para compor uma boa análise crítica da TV Digital no campo da cibercultura. Como itens para avaliar qualitativamente os programas a autora utilizou:
• Inteligência Coletiva - fala dessa colaboração dos usuários em consonância com os produtores, havendo uma troca de conteúdos.
• Cultura de Participação - os espectadores podem participar dos processos narrativos e dos eventos que ocorrem na TV ou em qualquer outro meio.
• Narrativa Transmidiática - quando os conteúdos possuem ligações entre si, mas com conteúdos diferentes, migrando para outras plataformas.
• Digitalização - armazenamento e disponibilidade dos conteúdos para acesso, oferecendo para o consumidor liberdade para acessar e transitar através do mesmo.
• Interatividade - quando o conteúdo estabelece uma ligação de troca e reciprocidade com o consumidor. As ligações, as votações pela internet e outras situações.
• Convergência dos Meios - quando ocorre convergência entre um meio e outro, a televisão em convergência com a web, com aplicativos, com livros, produtos e tantos outros.
• Hipertextualidade - o espectador (consumidor) pode acessar o conteúdo quando desejar, reproduzindo-o da maneira que bem desejar, graças a digitalização.
Nesse momento do livro a autora faz uma análise sobre os programas da rede Globo, por apresentarem um percentual maior que as demais nos determinados quesitos. Complementarmente, Milene faz uma análise sobre o YouTube e o Netflix, sendo estes últimos mais participativos em inteligência coletiva, interatividade e narrativas transmidiáticas.
Nessa parte onde a autora procura falar sobre o status quo da televisão no Brasil, explica sobre o desenvolvimento e os desafios que a TV estar e vai continuar enfrentando.
A autora busca falar sobre a TV como um produto inovador e único em seu processo de formação, conceito, produção e distribuição. Tudo é televisão.
Ela busca fazer uma comparação entre a TV de antes (antiga) e a nova televisão (contemporânea). É pensar nesse cenário como cenário importante para responder antigos questionamentos, formular novas proposições, assim como trazer respostas para estas.