O Brasil e a Liga das Nações (1919-1926)

O Brasil e a Liga das Nações (1919-1926) Eugênio Vargas Garcia




Resenhas - O Brasil e a Liga das Nações (1919-1926)


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LauraFF 08/08/2023

Vencer ou não perder
No livro Eugênio Vargas Garcia nos contempla com uma analise sobre o período em que o Brasil participou da liga das nações, dando ênfase a ?mancha? na história diplomática brasileira que foi o veto a Alemanha a entrada na Liga e a consequente saída do Brasil. Existem varias leituras sobre este período algumas que vão defender a não disputa pelo assento permanente, a não participação na Liga, etc. Porém o que é muito interessante é entender como esse episódio ocorreu, os interesses nacionais envolvidos, um processo de bonapartismo do governo brasileiro e sobretudo as contradições entre a ideia do governo e a postura defendida internamente pelo Itamaraty.
Sobre a leitura, é muito fluida, o autor escreve de maneira bastante acessível, além do livro ser altamente recomendado a quem se interessa ao estudo de política externa brasileira.
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KAPPA 12/12/2013

Um pouquinho do que aprendi com o livro.
O Brasil e a Liga das Nações (1919 – 1926) Vencer ou não Perder

Mesmo antes da Primeira Grande Guerra já surgiam às primeiras organizações internacionais, algo que já vinha se arrastando no século XIX com tratados multilaterais, algo que incentiva blocos de acordo em comum, trabalhar lado a lado de forma que leva a amenizar as diferenças entre as nações, sendo que medidas extremas de qualquer que seja o país pode levar a grandes conseqüências. A liga das nações nasce nesse cenário de forma que pequenos países teriam uma visão global sobre os seus problemas, já que não eram acostumados a grandes decisões, e também a política visando que a política internacional deve se mantida por direito, se opondo assim ao Concerto Europeu, que era de uma natureza mais diplomática política do que jurídica.
O Brasil não era uma grande potencia obteve sua liberdade em 1822, mas estava em território com grande influencia do Concerto Europeu, e na Primeira Guerra, com apoio modesto, mas sendo o único país da America do Sul a entrar diretamente no conflito, conseguiu assim sua “moral” com os Europeus e sua passagem para a Conferencia de Paz em 1919. O Brasil começou como membro temporário, mas tinha metas grandes de se tornar membro efetivo, brigou para inserção de Estados que não eram grandes potencias alegando que a justiça internacional deveria ser a mesma para todos, e que a liga foi fundada com uma idéia de igualdade perante o Direito. Mas tinha metas grandes como as questões pessoais do café depositado na Alemanha e os navios da mesma, mas as grandes potencias Européias pretendiam não atender aos pedidos Brasileiros e sim pacificar a Europa e também transformar a Alemanha em membro permanente na liga, mas após vários desentendimentos, o Brasil divulgou sua renuncia perante a liga, em 1926 e saindo de vez em 1828, e como os EUA se afastou politicamente da Europa.
Já na estruturação da comitiva que representaria o Brasil, houve polemicas, Rui Barbosa que era a preferência popular, recusou o pedido do Presidente Rodrigues Alves, dizendo ser convidado para representar o Brasil muito em cima da hora, e também que o nome de Domício da Gama já havia sido cogitado pela imprensa internacional e o mesmo tinha amizade com autoridades políticas norte-americanas, e no fim quem assumiu a chefia da delegação foi, Epitácio Pessoa.
Antes mesmo da conferencia, Domício tentou colocar o Brasil em conferencias preliminares da paz, o que foi negado pelas grandes potencias Européias, que achavam que como a participação do Brasil na guerra foi moderada, as participações nas conferencias deveriam ser moderadas igualmente.
O Brasil chegou a Liga das nações afirmando que não tinha lógica uma organização que tem seus princípios na igualdade, tratarem países de forma desigual, se expondo para as grandes potências em prol das potências menores, pois sabia que o Brasil se encaixava nesse segundo grupo e seria deixado para trás na hora de tomar decisões, então ele queria ser reconhecido no posto com uma considerável importância. O Brasil passou por polêmicas na liga das nações uma delas, o numero de representantes brasileiros que com o apoio dos Estados Unidos passou de um para três causando revolta nos Europeus que passaram a ter cinco, até a divisão de “interesses gerais” que participariam de todas as seções e “interesses específicos” participariam apenas das seções que os interessassem diretamente, colocando o Brasil em uma posição desfavorável em relação à tomada de decisões, Calógeras queria se opor ao artigo mas Domício da Gama negou apoio pois o Brasil tinha outros interesses como prioridade e não queria atrito interno na Liga das Nações, esses assuntos eram o dinheiro do café e os navios Alemães.
No inicio da guerra o Brasil tinha varias sacas de café armazenadas nos portos Alemães, que foram vendidos, e o dinheiro depositado em um Banco em Berlim (Bleischroeder) com a promessa de devolver após o fim do conflito, a devolução do dinheiro chegou a se tornar um problema pois na Europa queriam usá-lo para reparações de guerra, Epitácio Pessoa consegui o reembolso alegando dois motivos, o caráter comercial do dinheiro e que o mesmo era de um período anterior ao conflito, sendo assim não poderia ser usado para reparações de guerra.
Já o segundo assunto se mostrou um tanto mais complicado, no conflito houve desentendimento entre Brasil e Alemanha, a ultima chegando até a bombardear alguns navios mercantes do Brasil durante a guerra, sendo assim o Brasil tomou posse de 46 navios mercantes da Alemanha, destes 30 foram afetados a França; durante à conferencia resolveram que todos os navios Alemães apreendidos seriam divididos entre os aliados, medida que atingiria duramente o Brasil, sendo que a tonelagem aprendida era muito maior do que as perdidas, os EUA estavam na mesma situação brasileira, e também pendiam a não concordar com a divisão. Em fim quando o Brasil pendeu-se a não assinar o tratado de Versalhes, e entrar em contato com os EUA para apoio na não divisão das tonelagens apreendidas, foi assinado o tratado de forma que não fossem partilhadas as apreensões.
Em 1919 foi aprovado que haveriam 5 países permanentes (EUA, Grã-Bretanha, França, Itália e Japão) e outros quatro não permanentes (Brasil, Bélgica, Grécia e Espanha).
A liga vinha assim sendo discutida como ineficaz, sendo que só seria uma rede em que as grandes potências usariam os fracos, ainda havia a questão da soberania, de forma que Estado algum aceitaria ordem de fora, isso se ele já fosse potência.
A saída dos EUA foi um duro golpe na liga, e também no Brasil, que ficou sendo o único pais representante das Américas na Liga das Nações e isso sem o apoio da potencia que lhe dava respaldo perante os grandes Europeus.
O Brasil se empenhou para colocar a America um país “completamente pacifico” na liga das nações, pois achavam injusto haver 3 países Europeus com assentos permanentes e nem uma Americano entre eles, isso dava imparcialidade a liga, de forma que foi proposto aumentar 2 assentos permanentes na liga sendo eles para Espanha e Brasil, sendo que o ultimo representaria a America como um todo.




Enquanto o Brasil dava inicio a estratégia de candidatura para conquistar um lugar permanente na liga, Melo Franco mandou uma carta confidencial para os representantes da Grã-Bretanha, Franca e Suécia argumentando que devido à dimensão populacional do Brasil deveria ocupar um lugar permanente, nesse mesmo tempo a Alemanha começava a averiguar a opinião dos países, sobre a sua participação na Liga das Nações, o Brasil respondeu dizendo que não se opunha a entrada da Alemanha de forma permanente, se sentindo assim mais esperançoso a sua candidatura, pois vinha já algum tempo buscando essa cadeira permanente, mas após a Alemanha se candidatar ao assento, as grandes potencias consideravam que não havia pais temporário que passaria na frente da Alemanha em um assento permanente, e quando já área praticamente um consenso a entrada da Alemanha, a Polônia se lançou ao cargo que já era quase da Alemanha, isso causou revoltas na Alemanha, pelo fato de insinuarem que era uma manobra Francesa já que a Polônia era sua aliada, Brasil China e Espanha se aproveitaram do momento e lançaram de forma mais concreta suas candidaturas, vários países apoiavam apenas a entrada da Alemanha, e a Alemanha pronunciou que só entraria de forma definitiva sem tempo para permanência, queria um assento permanente, e o Brasil foi se desgastando chegando até a cogitar a se impor contra a entrada da Alemanha na liga, por parte de Artur Bernardes mas obteve resposta negativa junto à delegação brasileira para não haver mais desgastes para o Brasil e para o mesmo não se por em mais situações desagradáveis junto a Liga das Nações.
Na ultima seção em 1926 foi aprovado um projeto que regulamentaria a quantidade de membros, de forma que os membros temporários totalizariam nove e as durações de seus mandatos seriam de três membros em mandatos de três anos, três para mandatos de dois e mais três para mandatos de apenas um ano, dessa forma o governo de Artur Bernardes percebeu que o Brasil tinha pequenas chances de ser reeleito e renunciou o cargo que vinha sendo ocupado pelo Brasil por sete anos.
Com o final do mandato de Artur Bernardes e a posse de Washington Luis em novembro de 1926 o Brasil o escritório que estava sendo utilizado pela delegação que buscava o assento foi fechado de forma que não formularia mais especulações sobre a permanência do Brasil na empreitada de conseguir a vaga permanente, mas o Brasil teve sua retirada de forma de forma oficial em junho de 1928, deixando se aberto a participar da Liga, desde que fosse convidado.
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