O Reacionário

O Reacionário Nelson Rodrigues




Resenhas - O Reacionário


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Wilson 07/02/2024

Nelson mais uma vez genial
Mais uma coletânea de crônicas e confissões extraordinária com muita ironia, piadas e toda a acidez que a prose de Nelson pode propiciar.
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Valéria Cristina 26/04/2023

Incômodo e genial
Ler estas crônicas de Nelson Rodrigues foi uma experiência múltipla. Explico. O livro é composto por 130 crônicas escritas entre março de 1967 e abril de 1974, publicadas no “O Globo” e no “Correio da Manhã”. Ao escrevê-las, o autor cobriu um vasto período da história brasileira e despertou-me emoções diversas que oscilaram entre a diversão, a raiva, o espanto e a compaixão.

Isso porque, por meio dessas crônicas, tomamos conhecimento de sua infância, de sua temporada no Sanatorinho onde se tratou de tuberculose, do seu sofrimento pelas perdas trágicas de irmãos e familiares. Acompanhamos o início de sua carreira como jornalista e dramaturgo, assistimos a estreia de suas peças e conhecemos a crítica acerca de sua obra.

Ainda, Nelson transforma em personagens nomes como Otto Lara Resende, Walter Clark, Walmor Chagas, Gilberto Freyre, Hélio Pellegrino entre outras personalidades na cena nacional. Também dá vida às socialites de seu tempo e apresenta-nos as altas rodas carioca e paulista. Tudo por meio de uma linguagem direta, muitas vezes jocosa, contundente e clara. Usa e abusa do “óbvio ululante” e dos superlativos, insculpe o conceito do “idiota da objetividade” e da “socialização da ignorância”. Seus textos não conhecem o politicamente correto.

A par disso, o leitor ou leitora do século XXI (embora eu tenha nascido no século passado, considero-me século XXI) pode sentir, em algum momento, certo incomodo ao ler determinadas narrativas. Pelo menos, eu me senti incomodada. Nelson era radicalmente contra as esquerdas, admirador de Emílio Garrastazu Médici e do regime de direita que vigorou no país. Ainda, em alguns textos expõe uma vertente machista e antifeminista. Critica ferozmente, sempre que pode, Dom Helder Câmara e Alceu Amoro Lima (Tristão de Athayde). Essas posturas, embora incômodas, são descritas com a mesma verve dos demais textos.

Assim, em que pese a minha discordância de algumas de suas posições, o livro é excelente, pois, com uma fina ironia e humor, Nelson apresenta-nos um panorama político e social de sete décadas do século XX.

Gilberto Freyre diz que Nelson Rodrigues “é o mais incisivamente escritor, sem deixar de ser vibrantemente jornalístico, dos cronistas brasileiros de hoje.” Concordo com ele.

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Leonardo.Broinizi 24/06/2022

Reacionário, talvez. Dispensável, não.
Como foi gostoso ler essa coletânea de crônicas! Veja, nem todas foram assim. Algumas foram com temáticas duras. Outras, com opiniões no mínimo questionáveis. De qualquer forma, um ótimo livro. O autor, concorde-se ou não com suas opiniões, sabe se expressar de forma simples, bela, bem humorada, incisiva... Um mestre da escrita.
Não me fecho pra ler autores controversos. Leio de tudo. Acho um ótimo exercício.

Quem quer entender como pensava esse grande autor, como muitos conservadores pensavam e ainda pensam em grande parte, leia esse livro, nem que seja para discordar.
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Negres 28/04/2022

O reacionarismo convertido em importantes crônicas históricas e literárias.
O título deste livro de Nelson Rodrigues pode levar a crer que se relaciona única e exclusivamente a denominação que ele fazia de si mesmo, um reacionário, no entanto, esta obra é na realidade uma coletânea de suas crônicas jornalísticas.
As crônicas selecionadas neste livro são uma verdadeira aula de jornalismo, e mesmo não sendo o seu primeiro livro, aqui se tem oportunidade de conhecer sua fases da sua forma de escrita que o tornara tão importante e conhecido, além de se ter oportunidade de ler sobre sua ótica momentos históricos dos anos 60 e 70.
O que gostei deste livro, é que ele apresenta vários momentos da vida jornalística de Nelson Rodrigues, seja como Cronista de futebol, escritor, jornalista, romancista, teatrólogo ou contista.
Boa Leitura!

Sinopse por Ricardo Maia 28/04/2022.
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Luciano Luíz 25/10/2021

Sem dúvida alguma as crônicas de NELSON RODRIGUES se tornaram as mais populares não apenas em suas épocas de publicações originais, mas mesmo após sua morte em 1980, parte da obra continua a exercer fascínio e incompreensão. O REACIONÁRIO - MEMÓRIAS E CONFISSÕES, traz 130 textos para todos os públicos (ok, nem tanto) que vão se deliciar com a sinceridade e imaginação de um cronista que escrevia sobre o Brasil (e em parte o mundo) com uma graciosidade e ferocidade inigualável.
Claro, há outros que se destacaram ao longo do tempo, mas Nelson se tornou atemporal. A maior parte de sua obra passa a nítida impressão de retratar o Brasil dos anos 80, 90, dois mil, século 21 e agora. Mas lá estão textos de 1950 a 70.
Então o Brasil pouco ou nada mudou? Ou Nelson enxergava além do óbvio (ululante)? Era um tanto de tanto. Para alguns seus textos estão datados, ainda mais quando relacionados a cultura do momento ou então em questão de governo, política e comportamento social. Isso é variável.
Mas o retrato da sociedade que ele imortalizou com palavras é algo surpreendente quando comparamos com a atualidade que nos cerca.
O conteúdo é rico e diverso na questão narrativa. Assuntos de importância (ou quase isso) são tratados com o mesmo estilo em relação a coisas mais triviais.
Nelson se destacava facilmente entre os demais. Unia histórias da infância, adolescência, vida adulta, com teores que iam a todas as direções. Mesmo que o tema pudesse não vir a ser dos mais interessantes, ele dava um jeito de conciliar com alguma coisa aqui e ali.
Falando nisso em muitas destas crônicas ele começa com determinado tema e no meio ou então próximo ao final muda de assunto. Às vezes tem relação, outras não.
Nelson usava dum certo método para acelerar sua produção, como utilizar as mesmas histórias em crônicas diferentes, apenas alterando nomes e lugares (assim como humoristas tipo o Chico Anysio que contava repetidas vezes a mesmíssima piada, mas com alguns detalhes diferentes. Algo que funcionava).
E sobre repetições, diversos textos deste volume estão no livro A CABRA [*****], mas aqui eles estão com mais informações e alterações. Há também algum conteúdo de MEMÓRIAS - A MENINA SEM ESTRELA.
Portanto, se você não leu estes, O REACIONÁRIO é de grande conteúdo. E caso já tenha lido, compensa para ver as mudanças (nem todos tiveram isso).
Não há motivo para se estender. Mas vale lembrar que muitos textos vão ser considerados machistas ou racistas (e outras situações). Porém, há de convir que é necessário mastigar bem o conteúdo para concluir que ali basicamente não é (mais ou menos) isso. E sim, uma forma de comunicação onde vemos agilidade e boa literatura. Além de um humor ora ácido ora extrovertido e por que não, sério.

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/lucianoluizsantostextos/
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Mr. Jonas 27/04/2021

Polêmica, inteligência e humor
Nelson Rodrigues é fatalmente um dos melhores escritores do Brasil. Suas crônicas e textos são verdadeiras pérolas, são composições que unem polêmica e realidade com muita perspicácia e senso de humor únicos. É sarcástico na medida certa.
Seus textos são atemporais, combinam exatamente com aquilo que é a humanidade.
São 130 crônicas reunidas neste livro, publicadas entre março de 1967 e maio de 1974 nas colunas ?Memórias? do Correio da Manhã e ?Confissões? de O Globo, estão presentes ao mesmo tempo o vigor e a graça do estilo de Nelson Rodrigues.
Textos com mais de 40 anos tornam-se atuais, interessantes e importantes para quem busca crônicas de qualidade e que esmerem franqueza e correlações com a sociedade contemporânea/atual.
Um livro fantástico que reúne um pouco de tudo que representa Nelson Rodrigues. É ele como dramaturgo, cronista esportivo ou social, contista e, em menor grau, romancista.
Recomendo!
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Henrique Fendrich 28/02/2013

O reacionário continua o mesmo
Depois de Machado de Assis, só uns dois ou três nomes podem reivindicar para si o mérito de ser um estilo no gênero da crônica. Um deles, naturalmente, é o Rubem Braga. E outro fatalmente é o Nelson Rodrigues. O mesmo Nelson que é sempre reconhecido por seus contos e por suas peças merece ser incluído entre os melhores cronistas que tivemos. E não cronista esportivo. Cronista cronista mesmo, daqueles que escrevem uma coluna diária no jornal sobre o que lhe der na telha, normalmente abordando acontecimentos cotidianos, frequentemente recorrendo ao passado, geralmente dialogando com o leitor do jornal.

Nelson Rodrigues é um polemista, mas também é um humorista – daqueles que contam uma piada engraçadíssima sem esboçar um mísero sorriso. Não sei de outro cronista que tenha manejado tão bem a palavra escrita. Suas frases contém palavras precisas, como que escolhidas a dedo para causar um impacto no leitor – geralmente o exagero, que leva ao riso. A escolha, a disposição das palavras, e o tom contundente de Nelson dão às suas frases o ar de verdades eternas e inquestionáveis – e muitas vezes é pura galhofa.

A cadência entre essas frases também é de uma fluidez espantosa. Os temas dificilmente são os mesmos do início ao fim da crônica. “Mas não era isso que eu queria dizer” e “Por que é que estou falando nisso mesmo?” são expressões corriqueiras que fazem com que, repentinamente, o autor mude a direção do seu texto. O fluxo de ideias é constante, e não atrapalha a leitura – geralmente diverte.

Em “O Reacionário”, última coletânea de crônicas lançada em vida do autor, Nelson continua criticando Dom Hélder, os padres de passeata, o progressismo na Igreja, nos costumes, nas esquerdas, mas principalmente a ascensão do idiota – ele, que apenas fazia filhos, de repente começou a pensar: descobriu-se em superioridade numérica. Grande parte das suas posições seriam criticadas hoje com a mesma intensidade que foram no final dos anos 60. E, no entanto, não há um texto que não dialogue com o nosso tempo. É uma leitura que, no mínimo, dá o que pensar, principalmente se for feita livre de prisões ideológicas ou partidárias.

É preciso dizer que “O Reacionário” não tem a mesma força de “A Cabra Vadia” – provavelmente sua melhor coletânea. Na verdade, “O Reacionário” é um calhamaço de 700 páginas que faz uma colcha de retalhos de todas as crônicas do autor, e isso significa, inclusive, repetir e adaptar crônicas que já haviam sido publicadas em “A Menina Sem Estrela”, “O Óbvio Ululante” e “A Cabra Vadia”. E como Nelson faz da repetição o seu próprio estilo, até mesmo naquelas crônicas em que não há indicação de publicação anterior tem-se a impressão de já ter lido em algum lugar. Também não há uma ordem cronológica nas crônicas. Por vezes, há uma sequência de textos com temas semelhantes – um dos mais divertidos, e ausente nos outros livros, é a defesa frustrada que Nelson tentou fazer do Piauí.

Não é o melhor livro de crônicas do Nelson, mas é um que, sendo dele, também merece ser lido, e certamente trará algumas boas inquietações. Em tempos de Reinaldo Azevedo e Arnaldo Jabor, dá o que pensar ter um cronista de direita da envergadura do Nelson Rodrigues.
Marcos.Azeredo 07/08/2021minha estante
Um dos escritores que mais gosto.




Arsenio Meira 25/08/2012

Sensacional.
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Afonso74 15/03/2011

Bom, mas faltou um tempero...
Conjunto de crônicas escritas com o estilo de Nelson Rodrigues mas em cada uma delas as referências à situação do país e das pessoas que o rodeiam são tratadas com mais objetividade que o esperado. Assim, as muitas vezes geniais divagações rodrigueanas têm menos espaço mas lar O Reacionário é uma oportunidade de se conhecer o pensamento desse fantástico brasileiro.

A crônica sobre como adivinhou que o General Médici assumiria a presidência do país é de uma simplicidade e de uma perspicácia pertencente apenas aos que muito conhecem a alma humana. "Afinal o Homem tem altura e um nome de presidente, além de saber falar de futebol" * Assim ele manda o esquerdismo, o politicamente correto de então, às favas esnobando pensamentos supostamente mais balizados e fundamentados.

Esse livro é, ao meu ver, inferior ao Cabra Vadia, no qual ele magistralmente abusa da liberdade de misturar temas e comportamentos da época, relativamente áridos, com personagens muito rodrigueanos como a Grã-Fina de Narinas de Cadáver e O Canalha Fundamental. Quanto mais leio as outras crônicas de Nelson mais gosto das crônicas de A Cabra Vadia.



* trecho lembrado de cabeça não retirado ipsi literis do livro
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Augusto Cezar C 05/02/2011

Nelson cronista
Nelson ficou mais conhecido pela sua produção em teatro e nos contos. Porém, O Reacionário é uma excelente oportunidade para descobrir um cronista fundamental, quiçá um dos maiores da história da nossa literatura. 5 Estrelas.
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