Lekatopia 07/10/2015
Hilário! Muito melhor do que você espera.
Apesar dos bons comentários, eu relutei muito em ler The DUFF: Designated Ugly Fat Friend (em português, DUFF é uma acrônimo para “Amiga Feia e Gorda”, ou o patinho feio do grupo). A premissa da história sempre me pareceu interessante e o livro me transmitia uma vibe divertida (#mãelekatrazoamoremtrêsdias), algo meio Orgulho e Preconceito menos as roupas da regência e a obsessão pelo casamento. Quando eu li na descrição a expressão “inimizade colorida”, então, me convenci de que era meu tipo de livro. A shipper em mim vibrou!
Por outro lado, me preocupava essa história toda da menina ser chamada de “amiga feia e gorda” por “o cara” da escola e mesmo assim jogar o amor próprio pela janela e ficar com ele. Meu medo era de ter em mãos mais um livro YA com um péssimo modelo de relacionamento, mas vendido como a coisa mais desejável do mundo. Só acabei cedendo a The DUFF quanda achei uma versão em espanhol para meu Kindle por acaso e, bem, era minha chance de treinar o espanhol...Se o livro fosse ruim, pensei, teria valido por isso já.
E, é com muita alegria, que digo que meus temores eram infundados. The DUFF é um livro divertidíssimo, com personagens cativantes, ainda que longe de perfeitos, e um relacionamento adorável bem ao estilo Darcy & Lizzie que eu tanto amo. Só que bem mais contemporâneo, claro.
Em termos de desenvolvimento do livro, a sinopse é bem auto-explicativa: Bianca é a amiga menos “bonita” do seu grupo, ao menos naquele padrão sociedade ocidental, e ela não tem nenhum problema com isso. Ela é esperta e divertida e sua auto-estima está muito bem, obrigada (ou ela acha). Quando ela e suas amigas saem numa sexta-feira (nossa protagonista preferia estar em casa,), Bianca está encostada no bar contando os minutos para ir embora quando Wesley Rush, o cara rico/bonitão/popular da escola a aborda. Bianca, que não é boba nem nada, não cai na conversa mole de Wesley e quer saber, afinal, o que ele quer com ela. E é aí que ela escuta uma explicação sobre como ela é a “DUFF”, a que por ser menos atraente faz as outras amigas parecerem mais bonitas por comparação. Ao falar com ela, Wesley na verdade quer extrair informações sobre as amigas "bonitas" e ainda posar de bom moço aos olhos delas por estar falando com a amiga sozinha no bar. Sútil, Wesley. Esse encontro termina com uma coca-cola (merecidamente) jogada na cara de Wesley.
Claro que, como qualquer adolescente e por mais que isso nunca seja admitido “em voz alta”, Bianca fica muito incomodada com o comentário de Wesley. Depois disso, Wesley e Bianca se encontram novamente em outra circunstância, a troca de farpas se inicia e Bianca resolve provar seu ponto (e calar a boca de Wesley e escapar dos seus problemas e blah blah) beijando Wesley!! E ela gosta. E eles continuam trocando farpas, mas continuam se encontrando, e partir daí a coisa vira uma inimizade colorida puro amor.
Todas as personagens são fáceis de gostar, criveis de um jeito cativante: tem qualidades e defeitos nos quais elas tentam trabalhar (as vezes sem muito sucesso), mas no final você meio que não consegue evitar torcer por elas (mesmo quando estão sendo pessoas horríveis, mas quem nunca?). A história é leve, mas as personagens mais complexas do que a média dos livros do gênero. Bianca e Wesley possuem diversas camadas que você vai descobrindo ao longo dos capítulos e que contribuem para você se apegar a eles.
Estar na cabeça de Bianca é uma experiência muito divertida – ela é crítica, cínica e esperta. Wesley é muito menos clichê do que você esperaria pela sinopse e um par a altura de uma protagonista como Bianca Piper – ele a desafia e vice-versa. E eles aprendem um com o outro, estabelecendo uma dinâmica muito positiva ao longo do livro. O início dessa história pode soar preocupante, mas garanto que esse não é mais um relacionamento disfuncional. No fim das contas, um faz bem ao outro e a mensagem do livro é bastante positiva.
O livro tem alguns comentários sobre feminismo um pouco off – ao mesmo tempo em que Bianca se auto-intitula feminista (e ela é mesmo, como todos nós deveríamos ser) algumas ações e pré-julgamentos que a personagem faz me levam a concluir que ela está no caminho certo, mas não entendeu o conceito com maturidade ainda. Faz sentido, a personagem é uma adolescente. A Emily May do The Book Geek comenta em sua resenha que essas passagens evidenciam a pouca idade da autora e talvez a pouca compreensão dela sobre o que é (e não é) feminismo. Pode ser. De todo modo, nada que prejudique a leitura.
Foi um dos livros que eu mais gostei desse ano. Leve e divertido, com uma batalha de egos que rende momentos hilários, diálogos espirituosos e um romance muito satisfatório. Mais que recomendado.
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