Angela 03/07/2021
“Como você se sentiria se tivesse nascido escravizado? Se sua geração anterior à sua também tivesse sido escravizada?”
“Eu nasci escrava, mas nunca soube disso até que seis anos de uma infância feliz tivessem se passado”.
O livro é um forte relato autobiográfico sobre a escravidão norte-americana escrito por Harriet Ann Jacobs, sob o pseudônimo de Linda Brent. Nele, Linda narra a sua a trajetória desde a infância, como uma menina escravizada, até a sua conquista por liberdade.
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É aos seis anos, após a morte de sua mãe, que Linda descobre o seu destino como escrava; quando se torna propriedade de uma criança de três anos, filha de um influente médico da Carolina do Norte, em razão de um testamento. A partir de memórias que presenciou na escravidão e do que ouviu de outros escravizados, ela usou a sua voz para denunciar a escravidão, sem disfarces, a crueldade e a desumanização a quais os negros estavam submetidos.
(Na adolescência, Linda relata os abusos que sofreu do “seu senhor”, o Dr, Flint, e é nesse período da vida dela em que os relatos são os mais agonizantes. Nessa época Linda descobre o amor, ela se apaixona por um rapaz, que faz de tudo para libertá-la (não consegue), engravida duas vezes, até que decide fugir, mas após a fuga o Dr. Flint faz uma perseguição sem fim para capturá-la. São as passagens mais fortes).
“Quando me disseram que meu recém-nascido era uma menina, o meu coração se apertou mais do que nunca. Se a escravidão é terrível para os homens, ela é muito pior para as mulheres. Além do fardo comum a todos, elas padecem de injustiças, sofrimentos e humilhações que são próprias”.
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Publicado em capítulos num jornal abolicionista em 1861, por anos o livro foi visto como uma ficção, um romance, desacreditado como autobiografia, até cair no esquecimento. Mesmo tendo a sua autenticidade provada em 1980, Harriet Jacobs foi apagada da história, uma injustiça do racismo machista e herança da escravidão - que não acabou.
O livro é um documento importante sobre a luta das mulheres negras contra a escravidão. Harriet defendeu a sua liberdade ao escolher escrever sua história. É um livro que todo mundo deveria ler, e mesmo não sendo uma leitura fácil, é transformador.