Tempos Difíceis

Tempos Difíceis Charles Dickens




Resenhas - Tempos Difíceis


71 encontrados | exibindo 61 a 71
1 | 2 | 3 | 4 | 5


@bookytimes 13/04/2020

Tempos difíceis
Se sua mãe já mandou você ir estudar matemática ao invés de brincar ou se já ouviu que deveria fazer um determinado curso de faculdade, pois ele lhe daria mais estabilidade financeira na sua vida, este romance vai te interessar.

Charles Dickens não é o principal escritor inglês em vão. Em Tempos Difíceis são apresentados uma série de histórias que se entrelaçam para, num primeiro momento, mostrar as condições de trabalho adversas vividas pelos operários e moradores da cidade fictícia de Coketown, durante a revolução industrial.

Num segundo momento, pode-se entender que o autor busca fazer uma tese sobre as razões de existir este modelo de sistema capitalista em declínio. Por meio do personagem de Thomas Gradgrind, que é um professor que acredita apenas na lógica, Dickens mostra como as escolas se tornaram máquinas que programam crianças para exercerem papéis que interessam o sistema, deixando de lado, seu lado criativo. Para a indústria, é mais interessante ter trabalhadores objetivos, focados em repetir tarefas e que tivessem na ciência a sua principal forma de execução do trabalho. Sendo assim, não é interessante que haja lado lúdico nas escolas.

Ainda de forma alegórica, a trupe circense do Sr. Sleary e o trabalhador fabril Stephen Blackpool, representam os oprimidos e que lutam por melhores condições de vida. De forma antagônica, o dono da fábrica, Josiah Bounderby é o detentor da força de trabalho que não aceita reivindicações de melhorias de trabalhos propostas por seus empregados.

Questionar a vida como lhe é apresentada não pode ser uma opção aos personagens, afinal, foram programados para aceitar as coisas de forma objetiva. É esse objetivismo e falta de capacidade crítica que é posto em cheque na narrativa. Dickens não quer falar de socialismo ou comunismo e capitalismo diretamente aqui, ele é mais utópico: ele quer falar sobre felicidade e o que realmente deixa os seres humanos felizes. O questionamento que fica é: a felicidade está no mundo como nos é apresentado ou somos nós os responsáveis por transformar o mundo e deixá-lo mais feliz em nossa esfera individual e, mais para frente, em uma esfera comunitária?

Trecho: "Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras, e ruelas ainda mais semelhantes umas às outras, onde moravam pessoas também semelhantes umas às outras, que saíam e entravam nos mesmos horários, produzindo os mesmos sons nas mesmas calçadas, para fazer o mesmo trabalho, e para quem cada dia era o mesmo de ontem e de amanhã, e cada ano o equivalente do próximo e do anterior?.
comentários(0)comente



Julio.Argibay 21/02/2020

Fascitoide



Tempos Difíceis – Charles Dickens. Começamos nossa estória observando o professor Thomas Gradrind lecionando e fazendo algumas perguntas a seus alunos. O professor desenvolveu um método bem fascistóide, diga-se de passagem, onde a imaginação e a criatividade estão fora de questão, pois tudo para ele eh um fato, matemático, demonstrável, observável e comprovado através de teoremas e equações. Esse cidadão se considera “um eminentemente prático”. Em seu percurso para casa ele se depara com uma trupe de circo e nota que seus filhos, Louisa e Thomas, estão observando o trabalho deles. Assim, o professor e a esposas repreendem as crianças. Em seguida somos apresentados a um novo personagem: o Sr Bounderby - rico, ignorante, orgulhoso, solteiro e amigo do Sr Gradrind. Ele conta a todos que passou muito perrengue na infância com a mãe e quando morava com sua vó e, também, mais tarde como vagabundo vivendo nas ruas (será verdade?). Eles vão até Coketown falar com o pai de Sissy, colega de classe dos filhos. O pai dela trabalha no circo e por isso ela não poderá estudar na escola, pois a menina é pobre ou teve uma educação subversiva ou algo do tipo (coisa de fascista mesmo, tema bem atua, não?). Os dois estão na casa da criança e encontram lá uns indivíduos que trabalham no circo e descobrem que o pai dela sumiu sem deixar vestígios. Um dos integrantes da trupe tenta, de maneira astuta, mudar a intenção dos visitantes, ou seja, de expulsarem a criança da escola. Agora a pequena Sissy tem que escolher o seu destino. Aqui, acrescentamos mais um personagem, a viúva Sra Sparsit, a governanta do Sr Bounderby (ela tem berço, pedigre). (Vamos ver depois no decorrer da estória se ela tem alguma relevância) (parece ser um personagem bem complexo e tem importância sim). Retomando ao fio da meada... O tempo passa e Sissy está agora morando com a família Gradrind, “aguardando seu pai retornar”. Os dois irmãos tem um papo bem subversivo (será que estão tão alinhados assim a ideologia do pai? Huuuum, sei não). Em outra passagem a mãe os surpreendem imaginando, o que eh proibido na casa Stone Lodge, lar dos Gradrind. Sissy conta um pouco de sua vida a Louisa. Damos uma pausa aqui e passamos para um núcleo novo da estória. Conhecemos mais dois personagens: Rachael e Stephen (ele eh casado com uma mulher alcoólatra e acho que não são tão jovens assim e trabalham na indústria. São representantes da classe proletária – a escória). O ambiente agora eh outro, se tornou industrial, pobre, sujo, lamacento, fumacento, misterioso e conflituoso. O rapaz procura o Sr Bounderby para um aconselhamento matrimonial. Nesse momento da estória temos Sissy se encontrada frustrada numa rotina fascistóide, mas ela é resiliente, tudo bem por uma boa causa (a esperança de rever o pai, ela não sabe). Temos um triângulo proletário amoroso entre Stephen sua esposa e Rachael (uma colega de trabalho). Voltamos agora ao núcleo inicial. Louisa recebe uma proposta inusitada de um jovem. Ainda não sei o que ela realmente pensa a respeito, pois aceita tudo friamente. Mas há algo ai (a leitura torna-se um pouco confusa. Acho que a batata de alguém tá assando). Tem um clima de mistério nessa aceitação de Loo. Aqui, apresentamos mais um personagem: Bitzer um informante dos patrões (puxa saco, mesmo). Ele eh um jovem exato, sem afeições ou paixões, da escola de Gradrind. Mais um personagem entra na estória eh Harthouse, que chega à cidade. Ainda não sei qual eh a dele, mas eh bem misterioso. Eh amigo de Bounderby e muito curioso a respeito dele. Tom e Harthouse tem uma conversa bem interessante sobre o velho. Stephen Backpool é convocado para uma reunião com Bounderby. Esses personagens interagem sobre assuntos trabalhistas e sindical. Há algo no ar que eu não consegui acompanhar nessa fase da estória (mas não vou voltar, vou seguir em frente). A visita de Loo a mãe foi muito comovente. Depois de algum tempo ela procura seu pai, Gradrind, e abre o jogo com ele. Conversam sobre o que ela sente e o que ela está disposta a fazer e eh contra tudo que seu pai acredita: o cálculo, a matemática já não tem importância alguma em sua vida. Ela tem emoções, sentimentos e desejos. Bom, agora tá claro aquele clima confuso que mencionei, anteriormente. Havia algo realmente no ar... Pai e marido tem uma discursão a respeito do destino de Louisa. Éh uma ruptura em suas vidas. Sr Stephen some após o pedido de Louisa e ele é acusado de furtar o banco. A Sra Pegler reaparece, numa situação inconveniente para o SR Bounderby. Acontece uma reviralvota na estória, o ladrão é descoberto e procedimentos terão que ser tomados para que a situação seja resolvida com menos perdas possíveis. E assim acaba a estória. Muito boa diga-se de passagem. Vamos agora as considerações finais: a trama eh muito interessante, bem desenvolvida, cheia de reviravoltas. Tem partes bem emocionantes. Os personagens são bem desenvolvidos e marcantes. Cada um deles com sua importância. O tema eh bem atual: emprego, sindicato, poluição, luta de classes, fascismo, etc. Em alguns momentos eu me perdi, eh verdade. Um bom livro, recomendo, mesmo.
comentários(0)comente



Jessé 12/10/2019

Livro bom!
Um bom livro, mas não dou 5 estrelas, porque as coisas no final acontecem muito rápido, e de maneira muito conveniente.

O final que cada personagem recebeu não é ruim, mas num virar de páginas eles acontecem sem mais nem menos.

Sem falar que alguns personagens são esquecidos no churrasco, e só voltam a aparecer quase no final do livro.

Mas é uma história bem contada, com diálogos muito bons, e personagens cativantes.

Dou 4 estrelas, mas não leria novamente.
comentários(0)comente



Ricardo Silas 26/08/2018

Lamaçal, tudo é um lamaçal
Depois de me emocionar com Grandes Esperanças, resolvi me entregar à obra Tempos Difíceis, segundo livro de Charles Dickens que li até agora. Em ambos, me surpreendi com a certeza de que, diante de mim, estava um dos maiores escritores da história da humanidade, e de que assim ele seria considerado por muitos leitores até o fim dos tempos. Tempos Difíceis é um romance dramático, realista, triste e ao mesmo tempo revigorante. O contexto da obra é a Inglaterra do século XIX, período de proliferação das fábricas, das máquinas a vapor e das nuvens de fumaça provenientes das chaminés industriais, que enegreciam os céus da cidade de Coketown, onde também se concentrava uma miríade de gente pobre e operária, oprimida não apenas pelas circunstâncias desfavoráveis de nascimento, mas também de morte. Tudo para esse povo, segundo disse um dos personagens e também operário Stephen Blackpool, é um lamaçal. Dickens captou elementos de sua sociedade e teceu críticas severas ao longo do enredo. Já no primeiro capítulo do livro, o Sr. Thomas Gradgrind, homem dos fatos, manifesta atributos docentes muito questionáveis para os padrões educacionais de nossa época. Ele se apresenta como o tipo sisudo de professor e de pai que visa educar seus alunos e filhos sob os rígidos ditames da razão. Qualquer sinal de imaginação, de sentimentalismo e de tudo o que não pudesse ser mensurado por “uma régua ou um esquadro”, e de tudo que, também, não pudesse ser calculado por estatísticas, era violentamente reprimido e extirpado. As crianças deveriam ater-se, do começo ao fim da vida, somente aos Fatos. “Nada além de Fatos [...] Fatos, fatos, fatos”. O transcorrer da narração exprime a insegurança e a angústia de personagens como Sissy, Louise e o moleque Thomas Gradgrind, filho do Sr. Gradgrind já mencionado, cada um deles perfeitamente formulado para mostrar como esse sistema impregnado de fatos pode destruir os prazeres mais simples que só ocorrem uma vez, na infância, causando danos que se alastram por toda condição humana em geral. Desnecessário dizer que Dickens possui, em sua escrita, uma onipotência absurdamente arrebatadora. É impossível não constatar que ele sabe encaixar cada palavra, cada pausa, cada verbo, cada sentimento, cada veia do corpo humano em seu devido lugar. Enfim... Tempos Difíceis é um livro maravilhoso.
comentários(0)comente



jota 01/08/2018

Hard Times mesmo
Penso que Tempos Difíceis é um pouco diferente dos livros mais conhecidos de Charles Dickens (1812-1870) que li; não tem uma grande história vivida por um personagem principal como ocorre em David Copperfield ou com o Pip de Grandes Esperanças. Temos aqui diversos personagens, cerca de uns dez, que vão sendo apresentados ao leitor aos poucos, alguns para se gostar outros para detestar.

A história nos transporta para o século XIX durante a industrialização inglesa (o livro é de 1854) e pode-se pensar que o autor criou sua cidade fictícia de Coketown (cidade do coque; carvão coque = subproduto do carvão mineral), descrita com tintas cinzentas, poluída pela fumaça das fábricas, a partir da real Manchester. A ação se torna mais efetiva praticamente apenas depois de uma centena de páginas lidas, quando ocorre um pequeno roubo a um cofre do banco de Coketown.

O dono do banco, Josiah Bounderby, e pessoas próximas a ele acreditam que o culpado pelo crime é um ex-empregado de uma de suas fábricas, Stephen Blackpool. Trabalhador que, por seu lado, conta com a simpatia de outros personagens da história e é retratado por Dickens como uma pessoa boa, virtuosa, incapaz de cometer semelhante ato. O banqueiro e seus amigos são os vilões da narrativa e uma vilã, a sra. Sparsit, uma dama bem-nascida e atrevida é realmente detestável. É o justo maniqueísmo dickensiano funcionando a pleno vapor para compensar um pouco as coisas...

Bem, revelar o verdadeiro culpado pelo roubo não parece ser exatamente a preocupação final de Dickens. Importa, entre outras coisas, distrair um pouco o leitor com um personagem engraçado, o sr. Sleary, dono de um pequeno circo, introduzir fatos que comprometem o passado do desagradável banqueiro, mas sobretudo tecer uma crítica às relações capital x trabalho, o muito que se perdeu nas relações sociais com o avanço da industrialização e do capitalismo. E com isso a vida dos trabalhadores foi esvaziando seu significado, como é demonstrado neste trecho:

"Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras, e ruelas ainda mais semelhantes umas às outras, onde moravam pessoas também semelhantes umas às outras, que saíam e entravam nos mesmos horários, os mesmos sons nas mesmas calçadas, para fazer o mesmo trabalho, e para quem cada dia era o mesmo de ontem e de amanhã, e cada ano o equivalente do próximo e do anterior." E por aí vai...

Lido entre 09 e 31/07/2018.
Matheus Nunes 01/08/2018minha estante
Um dos meus favoritos do Dickens. Bem diferente de muita coisa que ele escreveu. Um dos mais pesados.


jota 01/08/2018minha estante
Concordo. Quando iniciei a leitura estranhei um pouco e até pensei que fosse uma tradução ruim. Mas não, o livro é que é diferente mesmo. Senti ausência de órfãos maltratados por parentes ou tutores (risos)!




Tiago 14/12/2017

TEMPOS DIFICEIS
Uma boa história do mestre Dickens. Trata-se de um livro que deve ser lido com calma. Alguns personagens são insuportáveis, outros admiráveis. O desabafo de Louisa na terceira parte é um dos momentos mais intensos da obra. A critica que tenho a fazer é sobre a ausência de muita das ilustrações nesta edição. Não entendo porque as editoras brasileiras insistem em descartar ilustrações de obras clássicas..
comentários(0)comente



Miguel 17/06/2017

A capa parece desses livros baratos de literatura nacional vendidos em banca... Só que com preço de livraria de shopping!
Eu conheci a Amarilys já tem anos, com os exemplares do Pequeno Príncipe.São simplesmente os exemplares mais lindos que já vi sobre a saga! Os vi na bienal do RJ e me encantei a primeira vista. Não me interessei por nenhum outro título publicado por ela desde então, mas já tornou-se saudosa pra mim! Isso até... Até eu ver que seria ela quem iria publicar novas versões do Dickens, em especial do Oliver Twist, meu favorito. Vale lembrar que suas edições e traduções são bem na média, e o design de outros títulos evoluí do mediano ao medíocre em saltos ornamentais. Mas resolvi fechar meus olhos e esperar. Até que veio o lançamento: É sério? São essas capas mesma que carregarão o nome estampado de tão saudoso autor? E ainda mais á esse preço? Ao invés de postar comentários de um 'estudioso' ou qq outro epilogo completamente dispensável á essa obra, não seria melhor contratar alguém capacitado para fazer o cartão de visita do livro parecer pelo menos tolerável? Prevejo ver essas edições ~se assim mesmo forem publicadas~ mofando no estante virtual em pouquíssimo tempo...
comentários(0)comente



17/06/2017

Produto de péssima qualidade!
Produto de péssima qualidade!
Falta de cuidado imenso no preparo, eu não vou arriscar o meu dinheirinho pra comprar um livro que, se não teve capricho nem na capa, impossível que o tenha também na tradução. Além disso, convenhamos, não dá nem pra repassar depois com algo que não seja prejuízo se formos levar em consideração o valor que os correios estão cobrando pra postar! Ou seja, prejuízo duas vezes! Eu não me incomodo com versões pockets desde que o preço seja condizente, além disso, tbm gosto das grandonas, desde que valha o preço investido. Livro é 90% conteúdo e 10% aparência, e para aqueles mais caros que a média isso reflete ainda mais! Péssimo trabalho da editora! Se economizou na capa, que dirá na edição? Arriscar? Eu não!
Laís Quintela 16/09/2017minha estante
Você nem leu o livro e quer julgar a tradução com base na arte gráfica que *voce* nao gostou? Primeiro, que gosto cada um tem o seu. Segundo, julgar a tradução do livro pela capa sem sequer ter lido é ignorância.


23/09/2017minha estante
Laís, a avaliação é da minha pessoa. Eu tenho o direito de gostar e desgostar do que eu quiser, assim como dar a nota que eu achar justa e condizente com os critérios que eu julgar razoáveis. Ignorante eu teria sido se tivesse omitido o fato de não tê-lo lido ao fazer a minha avaliação. Deveras, esse mês pude ler a obra, a tradução está mediana, ao menos em comparação com quem teve a oportunidade de lê-lo em inglês, como eu tive. Por ser uma obra de domínio público, com uma tradução bem arcaica e uma arte gráfica condizente com o resto, se pudesse, diminuiria ainda mais minha avaliação.
Mas como você mesma disse, 'gosto cada um tem o seu'. Leia o livro e faça sua análise também!


SERGIO 24/07/2018minha estante
Concordo com a Lais, Jô vai ler histórias em quadrinhos, é melhor para você, segue o conselho do Tio.




Gustavo 15/01/2017

Tempos difíceis
Meu primeiro contato com Charles Dickens foi através de David Copperfield. Sinceramente não o conhecia, achei que falava sobre o mágico do fantástico, desculpe-me pela ignorância kkkkkkkkk. A escrita de Charles Dickens fascina qualquer leitor por sua maneira poética de falar sobre o realismo inglês, crítica social, humor e ironia na época vitoriana.

Tempos difíceis irá tratar sobre as péssimas condições de trabalho e a manipulação na educação das crianças para que elas se desenvolvessem sem utilizar o sentimento, simplesmente fatos. Foi lançado em 1854 e considerado o romance de Dickens que deu mais seriedade em seu nome, passado na época da revolução industrial, o livro não contém personagens principais, porém os que mais me marcaram foram:

Thomas gradgrind é um homem que só analisa as coisas sobre fatos. Seus filhos e as crianças dos colégios são educados para analisarem a vida numa perspectiva reta, sem curvaturas e me fez pensar como é levar a vida assim, sem nenhum tipo de imaginário, sonhos, ilusões. Criou Sissy, uma filha abandonada por um Senhor de Circo no qual Thomas a educou nesses princípios. Mais tarde na história veremos como foi difícil ela observar que a vida pode ter uma outra ótica diferente no qual ela foi ensinada. Muitas vezes li esse livro pegando ônibus rumo ao trabalho e ficava observando as pessoas e refletindo que as vezes somos como besouros, saímos de nossos ninhos pela manhã e no final do dia voltamos todos para mesmo lugar e muitas vezes vamos levando a vida assim, sem nos questionar se estamos levando do jeito que gostaríamos ou o sistema está nos transformando em besouros acéfalos.

Louisa também me chamou a atenção pelo fato de vermos seu desenvolvimento desde aos 15 anos até sua fase adulta e casada. O que eu gostei foi a complexidade da Louisa ainda muito nova, ela foi educada por fatos, porém é uma menina consciente que sabe refletir as coisas que foram retiradas dela.

A cidade de Coketown, rodeada por fábricas e suas fumaças onde o céu é cinzento e que pra mim também reflete sobre os personagens onde cada um tem sua obscuridade, em todas as camadas sociais, desde os donos das indústrias aos os operários das fábricas.

Finalizando, achei a leitura ótima, uma crítica social forte, onde podemos ver a manipulação que até hoje convivemos, tanto na parte social como psicológica. Apesar de ser uma crítica social, não deixa de ser um romance que vale muito a pena ser lido. Um panorama social sobre o mundo capitalista, que se infiltrou em nossas vidas mostrando que quem tem muito tem mais direitos sobre aqueles que buscam de forma simples um lugar ao sol. Vivemos todos em uma Coketown do século XXI.

Gustavo Nicolucci
15/01/2017
Débora 27/02/2018minha estante
Gustavo tbm achei que David Copperfield era o mágico kkkkkk quando descobri me senti tão ignorante kkkk. Amei sua resenha irei comprar ele muito em breve.


Gustavo 01/03/2018minha estante
Obrigado. Fico feliz que vc gostou da resenha. É um ótimo livro, vale a pena ler sim. Forte abraço!!


Jessé 02/10/2019minha estante
Se te serve de consolo também achei que David era o mágico kkkkkk


Gustavo 07/01/2020minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk




thaisbohn 23/06/2015

Achei bem chocante como um livro escrito tanto tempo atrás pode dizer tanto da nossa sociedade atual, e medos, angústias, conflitos que ainda temos.
O livro é muito doce e trata basicamente de uma família ampliada, Gradgrinds e Bounderbys, com seus adendos, e um pouco das angústias e cada um. Me fez sentir.
comentários(0)comente



Exusiaco 11/02/2015

A narrativa bem construída de Tempos Difíceis, os seus personagens emblemáticos, símbolos de uma degradação operada por um vertiginoso desenvolvimento do capitalismo e da Revolução Industrial, do Racionalismo e do Positivismo, nada mais faz do que defender a fantasia e a imaginação contra a voragem de um mundo que cada vez mais ia se pautando em ciências exatas, fatos, estatísticas, tecnologia e outros bastiões matemáticos do progresso.

Dickens viveu na Inglaterra em pleno ápice da revolução industrial, estava no olho do furacão do capitalismo e teve a percepção afiada de detectar os graves danos e atropelos que o progresso, o lucro e a modernidade procedia sobre o grosso da humanidade em termos culturais e afetivos. O choque entre modernidade e tradição ia se traduzindo em domínio burguês, com a cristalização de um discurso hegemônico em prol do sistema industrial que urgia se reproduzir e se introjetar no inconsciente coletivo.

A história se passa na cidade fictícia de Coketown, feia cidade de carvão coque, onde as chaminés fluíam serpentes que não se desprendiam. Os reflexos sociais estão condensados, no caso do discurso positivista, em Tomás Gradgrind, onde tudo se reduzia a fatos mensuráveis, e no Sr. Bounderby, rico industrial e banqueiro, ocupações caras ao capitalismo burguês.

A exclusão atingia personagens símbolos da fantasia, do amor, da afetividade, da imaginação e da cultura, verificados no grupo de saltimbancos do circo de Sleary, taxados de vagabundos. Outro personagem dessa leva de excluídos é Stephen Blackpool, operário explorado que extrapolou a dicotomia patrão-empregado, não pendendo nem para o lado burguês nem para o lado de uma organização sindical que alvorecia. Nos dois lados ele enxergava restrição de liberdade e acabou relegado ao ostracismo.

A personagem Luíza, filha de Gradgrind, criada para a vida prática, demonstra emblematicamente que a vida não pode ser mensurada ou coisificada em prol de cálculos pragmáticos. Uma hora ou outra ocorrerá uma explosão de recalques dionisíacos acumulados em períodos esgotáveis e a coisa toda degringola para uma dimensão onde sentimentos mais profundos hão de ser admitidos.

Digna de nota é também a personagem Sissy, filha de um palhaço é abandonada por este na adolescência e é resgatada do mundo dos saltimbancos por Gradgrind. A intenção deste é educá-la rigorosamente nos termos práticos que a lógica capitalista exige. Sendo ela bruscamente subtraída de sua cultura, não se adaptou e nem pode se submeter a essa forma de criação indigestamente alienígena para ela. Sissy ainda teria uma função de grande relevância nos pontos mais conclusivos da narrativa

Dickens intuiu várias coisas que hoje em dia estão potencializadas, como por exemplo o discurso hegemônico neoliberal em que as escolas reproduzem a ideologia capitalista em niveis de "meritocracia" e "preparação para o mercado" e a exclusão de singulares elementos culturais com a indústria cultural que, via grande mídia, as dissolvem num grande bloco homogêneo e esteticamente fraco. Outro exemplo é a especulação imobiliária que incendeia favelas e expropria locais e galpões onde se pratica teatro popular de modo a sufocar genuínas e pulsantes criações artísticas de relevância cultural.

Logo no início da narrativa notamos algo que ecoa em Paulo Freire e sua concepção de educação bancária: "O orador, o mestre-escola e uma terceira pessoa adulta presente todos recuram um pouco, a fim de poderem contemplar melhor, no plano inclinado da sala, os pequenos vasos ali dispostos em ordem, prontos para receberem uma inundação de fatos".
Jossi 14/08/2016minha estante
E o marxismo cultural não pode deixar passar nada, nem um romance de Dickens onde emoções e sentimentos são exaltados. Para a mente esquerdista, tudo tem a ver com o 'monstruoso capitalismo'. Muito bem, vou ler o livro e resenhar depois. Veremos o que há de 'crítica social' (ou devo dizer, socialista?) no livro.


Exusiaco 15/08/2016minha estante
Se há crítica social não sei, só sei que esse tal "monstruoso capitalismo" foi bem escancarado, quiçá espontaneamente, nessas páginas.


Exusiaco 15/08/2016minha estante
Já vi que você meteu um cinco estrelas num Olavo de Carvalho. Felicitações Bolso-Trumpianas!


Jossi 26/08/2016minha estante
E vi que você mete umas mil estrelas em Paulo Freire e sua 'pedabobagia' do 'oprimido'. Quanta opressão, heim? Se alguém é capaz de chamar a deseducação de Freire de educação, não é de se admirar que existam tantos analfabetos funcionais nas universidades e que o ensino médio de hoje seja... bom, não tenha equiparação com o de nenhuma época, tal a péssima qualidade do mesmo. Tudo é permitido aos alunos, nada ao professor. O professor tem que se equiparar aos alunos... ou seja, ele não sabe mais. Então por que ele estudou tanto? Por que se dedicou tanto a aprender, debruçado sobre livros e apostilas, se ele é um belo NADA nas salas de aula?

Quanto a Olavo de Carvalho, óbvio que vou dar cinco estrelas. O homem é um dos maiores eruditos modernos. Se você acha exagero, te convido a ler pelo menos "O Jardim das Aflições".
:D




71 encontrados | exibindo 61 a 71
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR