Veredicto em Canudos

Veredicto em Canudos Sándor Márai




Resenhas - Veredicto em Canudos


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Natty 27/12/2023

Necessário, surpreendente!
Meu primeiro contato com Sándor Márai e, logo peguei esse livro que é uma abordagem ambígua dos acontecimentos oficias de Canudos relatados pela polícia e na obra Os Sertões de Euclides da Cunha.

Pensa num autor com uma escrita ágil,envolvente e por vezes emocionante.Gostei muito,e recomendo a leitura.
Nota:??????.
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EduardoCDias 12/09/2023

História com ficção
Sándor Márai imagina um desfecho diferente para a história de Canudos. Misturando misticismo com história e ficção nos envolve na possibilidade de Antônio Conselheiro estar vivo e ser imortal, e voltar para salvar todos aqueles que têm fé nele. Nos presenteia com um final mágico para tanta violência e crueldade.
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Eloiza Cirne 03/08/2023

Quando um livro nos seduz
Sandor Marai leu Os Sertões, de Euclides da Cunha, numa edição norte americana, traduzida para o inglês. Ao término, francamente impactado, escreve Veredicto em Canudos e cria, sob um olhar estrangeiro, uma narrativa singular. Ambientada num país que não conhece e narrado por um escrivão que testemunha os estertores da Revolta de Canudos, é um livro para se ler com respeito e admiração. E refletir sobre o poder da literatura - sobre aqueles livros que você, por vezes, não compreende plenamente, não tem certeza se gostou ou não mas que se tornam inesquecíveis na sua memória. Os Sertões, para Sandor Marai foi um livro assim. Recomendo.
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luizguilherme.puga 19/08/2021

Trata-se da história de um ex-cabo do Exército brasileiro que relembra o que aconteceu quando da famigerada campanha de Canudos, onde as forças do governo arrasaram o arraial do Conselheiro. Achei a história rasa e cheia de imperfeições tanto históricas. A unica coisa boa que li ali foi a a quarta capa escrita por Milton Hatoum.
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Otávio - @vendavaldelivros 15/08/2021

?Na juventude eu não entendia, mas hoje creio e compreendo que nas querelas dos homens as obsessões são ao menos tão poderosas quanto a razão.?

Canudos foi um massacre. Ainda que, historicamente, se refiram ao que aconteceu em Canudos como ?Revolta? ou ?Guerra?, a verdade é que a sociedade organizada por Antônio Conselheiro foi massacrada pelo poder público e pelo exército brasileiro. Acusada de rebelião monarquista, Canudos foi uma experiência única, sonhada e vivida por homens e mulheres inexistentes para o Estado, mas que acreditavam em suas próprias vidas, mantinham suas liberdades e se faziam brasileiros de verdade.

Publicado em 1970 no Canadá, Veredicto em Canudos é um livro que talvez ficasse perdido na história. Escrito pelo húngaro Sándor Márai e inspirado no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, narra fatos que poderiam ter acontecido após a morte de Antônio Conselheiro e a destruição de Canudos. Curiosamente Márai, que nunca havia pisado no Brasil, ficou encantado com a obra de Euclides da Cunha, que havia sido traduzida para o inglês.

Mesmo sem conhecer o português brasileiro e suas muitas expressões populares, enfeitiçado pela história de Conselheiro e sua Canudos, Márai cria um cenário extremamente fidedigno da região, tanto em sua descrição de locais quanto de pessoas. E ali, nesse cenário ricamente pintado, cria uma narrativa de força, intensidade e pureza de escrita, tudo com uma pequena dose de realismo mágico.

Diversas cenas do livro me lembraram de Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, que também passa por Canudos em alguns momentos. Incrível se pensarmos que João Ubaldo foi um dos grandes autores brasileiros e retratou em especial os baianos com muito talento.

De um livro que seu próprio autor acreditava que ninguém leria a uma história de liberdade, desapego e vida, Veredicto em Canudos é uma janela da percepção de um húngaro sobre um Brasil que, mesmo nós brasileiros, não conhecemos ainda hoje. Um Brasil das lutas e esforços diários, de gente pobre, sem instrução, mas com coração gigantesco e força de batalha ainda maior, que faz a própria ordem e forja a própria liberdade. O Brasil que o Estado, seja ele a monarquia ou a república, nunca cuidou de verdade.
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Gláucia 24/05/2016

Veredicto em Canudos - Sándor Márai
O autor leu, com grande dificuldade, a versão inglesa de Os Sertões. Ficou muito impressionado com essa revolução absurda e resolver escrever os fatos que julgou terem ficado de fora no livro de Euclides. Para isso criou um peronagem: o narrador que nos conta a história é bibliotecário e participou da guerra de Canudos como soldado 50 anos antes. O livro começa bem mas depois surge uma mulher estrangeira, prisioneira que relata como e porque foi parar lá e descreve o dia-a-dia do arraial, falando um pouco sobre o conselheiro. Não deixa de ser um livro interessante, especialmente se pensarmos no interesse que essa guerra causou mas essa parte me pareceu um tanto quanto absurda, mesmo entendendo que o autor quis dar a visão de alguém que viveu dentro do arraial, ficou estranho.
O livro só vai fazer sentido pra quem leu Os Sertões. Ou então exige que se faça uma breve pesquisa sobre essa guerra.
GilbertoOrtegaJr 24/05/2016minha estante
parece interessante, já leu a guerra do fim do mundo do Vargas Llosa


Gláucia 24/05/2016minha estante
Ainda não mas pretendo. Vc leu?


GilbertoOrtegaJr 24/05/2016minha estante
Li sim, fiz até uma resenha, na época eu fazia resenhas meia boca ahahhaha o do Llosa é mais divertido




Arsenio Meira 11/07/2013

OS SERTÕES FORAM ALÉM


O húngaro Sándor Márai era um escritor respeitado em seu país quando foi para o exílio por não suportar a repressão e a censura comunistas.

Morava na Europa quando "Os sertões", traduzido para o inglês por um professor da Universidade de Chicago, caiu em suas mãos. Ele penou para entender o que estava lendo, até que na terceira tentativa engrenou e levou a leitura até o final.

Quando terminou era um homem perturbado. E então começou a escrever "Veredicto em Canudos", pois sentiu a necessidade (era algo mais forte do que desejo, vontade ou impulso) de escrever sobre o que poderia estar na obra de Euclides da Cunha, mas não estava.Sobre coisas que poderiam ter acontecido no acampamento dos militares no sertão baiano.

E assim, um húngaro exilado nos Estados Unidos, que havia acabado de ler um livro sobre fatos que aconteceram no sertão nordestino 70 anos antes, escreveu um livro intenso e inquietador a partir do que tinha lido. Detalhe: sem nunca ter pisado no Brasil. "Os Sertões", portanto, foram muito além, e superaram a guerra fria, a histeria coletiva e maniqueísta da época.

Portanto, a história deste livro já renderia um livro.

Márai nunca viu de perto a caatinga ou o modo de viver dos sertanejos. Suas descrições das migrações em época de seca, do desespero de homens e animais, parecem ser de quem conheceu o fenômeno in loco.

Mas esse não é um livro sobre o Brasil, sobre a seca ou sobre a dureza da vida em condições extremas. É um livro sobre a possibilidade de construir e viver a utopia, escrito na época em que estudantes tentavam fazer dos muros e ruas de Paris lugares utópicos, berço de uma sociedade diferente e igualitária.

A personagem nuclear do romance é uma europeia, madura e bem nascida, plantada em Canudos pela imaginação de Márai. Ela faz a ponte entre a vila fundada por Antônio Conselheiro e os sonhos compartilhados por boa parte da humanidade, no final dos anos 60.

A mulher, por sua vez, foi parar no sertão baiano tentando encontrar o marido, um médico rico e cheio de pacientes que larga tudo: a dita esposa, casa, amigos, conforto, status e dinheiro para tentar sua viver sua utopia secreta e nunca revelada.

Ela não encontra o homem, mas rende-se a uma noção de felicidade que não cabia em seu mundo.

Márai, no romance, discorre sobre a possibilidade de viver uma vida completamente diferente daquela que vivemos, quem sabe refluindo para sua condição de exilado, o sofrimento imposto às pessoas e suas famílias que não aceitam o julgo brutal dos "regimes políticos", que, quando muito, descambam para genocídio, um painel de tragédias cotidianas e incessantes.

Alguns parágrafos acima escrevi que tinha lido uma narrativa sobre a possibilidade de construir e viver a utopia. Mais apropriado acrescentar a palavra impossibilidade na frase. Acrescentar apenas, não substituir.

Impossibilidade porque, apesar dela e dos outros seguidores do beato, terem levado ao extremo a capacidade de sonhar e à dignidade sem rendição, é ao comandante das tropas que destruíram o espaço do sonho que ela conta sua história.

Impossibilidade porque em Canudos existia o Beatinho, homem de confiança do Conselheiro, e que sabia de tudo e de todos. A onipresença desse jagunço nos remete à Tcheka bolchevique (uma espécie de KGB local, um órgão policialesco nefasto, uma vez que a Tchecoslováquia era um dos satélites da União Soviética) que sob a missão de proteger o sonho, acabaria por ajudar a destrui-lo.

Sándor Márai estava prestes a completar 89 anos quando se matou na Califórnia, em 1989.

Poeta, dramaturgo e romancista era um nome consagrado na Hungria quando os comunistas decidiram que o escritor precisava ser esquecido, silenciado. Ele optou pelo exílio, lógico.

Como não era (ainda não é) tão fácil traduzir do seu idioma pátrio para outros idiomas ocidentais, ele acabou se tornando quase um “escritor secreto”, lido e admirado quase que exclusivamente entre migrantes húngaros espalhados pelo mundo.

A globalização, algoz das utopias, acabou - ironicamente - possibilitando edições de boa parte dos seus quase 60 livros em vários países.
Julia 06/01/2016minha estante
Resenha excelente.
Eu também pensei uma outra coisa: que a utopia não é desse mundo, então não importa que Canudos fosse destruída. Não importa que cortaram a cabeça do Conselheiro, pois com a destruição final da cidade seu espírito sairia e se espalharia pelo Brasil.
Parece que ficou uma coisa muteito mística, que as raízes da cidade estavam em outro plano, e por isso Canudos era o fim de todos os caminhos.
Acho que só faltou marcar o fator social, e como a religiosidade, o fanatismo, o messianismo, tudo isso se mesclava com as injustiças sociais e o significado que "República" e "Império" tinham para aqueles sertanejos (o que não tinha nada a ver com o que as tropas e hoje nós temos).
Como é um europeu escrevendo, colocou alguém com quem poderia se identificar para poder falar qual o sentido mais profundo para ele.
Acredito que esse seja aquele tipo de livro que cada vez que você lê enxerga uma coisa nova.




jota 15/11/2012

A última noite
Os críticos reconhecem que a versão romanceada do clássico da literatura brasileira, Os Sertões, de Euclides da Cunha, feita por Mario Vargas Llosa em A Guerra do Fim do Mundo, é notável. Li e é realmente muito bom.

Mas Sándor Márai, em Veredicto em Canudos, não pretendeu dar conta de todo o acontecimento; focou apenas a noite de 5 de outubro de 1897, quando ocorreu a capitulação final dos rebeldes liderados por Antonio Conselheiro. Tanto, que o livro tem apenas 160 páginas. O que, para uma noite, também não é pouco...

O narrador é um personagem fictício, filho de um inglês com uma índia brasileira, o cabo do Exército que serve como escrivão para o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt. Quem faz uma rápida “participação especial” na história é Euclides da Cunha, então correspondente de guerra do jornal O Estado de S. Paulo, o que ele realmente era.

Há uma cena, muito criticada nas resenhas na época do lançamento do livro, em que a cabeça decepada de Conselheiro é mostrada aos jornalistas e ela parece ter vida (teria dito “Brasil”, segundo o narrador). Márai também apresenta Canudos como uma espécie de comunidade anarquista, mas onde todos veem um movimento messiânico liderado por Antonio Conselheiro. Fora isso e a cabeça falante, o livro não decepciona, pelo contrário.

A prosa de Márai é cativante e sua reconstrução de um pequeno pedaço de nossa história é feita de forma competente – verdade também que o tradutor Paulo Schiller (tanto quanto Márai ao escrever o livro) valeu-se muito da obra de Euclides na hora de fazer seu trabalho.

Se não fosse assim, ficaríamos espantados em ler um livro (ainda que um romance) de alguém que mesmo nunca tendo pisado no Brasil se mostrasse tão bem informado a respeito do país, sua gente e história. Bem, poder-se-ia dizer: ele é Sándor Márai...

Lido entre 09 e 15.11.2012.
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