spoiler visualizarM.K. Greece 18/03/2020
[INTERPRETAÇÃO PLATÔNICA DO LIVRO: INÊS NÃO ESTA MORTA]
Interpretação e Reflexão Por: M.K. Greece
Autora do Livro: Gabriela Maya
Rio de Janeiro dia 18 de março de 2020
A primeira coisa que tenho a dizer sobre o livro da autora Gabriela Maya e mencionar o excepcional trabalho de capa. Sei que não devemos julgar o livro pela capa, mas é impossível não ser atraído pelo magnetismo enigmático dessa bela donzela, que de maneira pomposa e ao mesmo tempo elegante nos convida a apreciar os seus encantos. Passei muitos dias namorando essa capa e me imaginando como um jovem rapaz galego do início do século 13 que ao cruzar uma rua depara-se com a bela donzela e se vê hiptonizado perante sua rara beleza. De mil livros enfileirados em uma prateleira, seria muito difícil não ficar atraído por essa nobre dama. Diante dessa obra somos peças de metal (leitores) que inevitavelmente caímos na atração irresistível desse imã (livro). Por isso parabenizo a capista Sarah Libna pelo seu magnífico trabalho.
Porem essa é apenas uma impressão inicial, pois a verdadeira riqueza e o real enigma do livro: INÊS NÃO ESTA MORTA, encontra-se obviamente em seu interior e não no que nos impressiona em seu lado externo. Definitivamente é preciso salientar que existe algo de diferente na escrita da autora Gabriela. Existe um refinado impressionismo na sua arte descritiva que une o clássico, o romântico e o real em uma mesma atmosfera de observação. E possível notar que em sua abordagem clássica, ela relata os fatos com perfeição, dando ao leitor (ra) a impressão e a sensação de ser transformado em um psicólogo que tem os personagens sentados a sua frente, sobre o divã da sua consciência, sendo assim capaz de perceber nitidamente cada fibra e fio de sentimento. Na abordagem realista, ela nos retrata tudo de maneira magnífica, contribuindo para que a sua ficção histórica esteja mais próxima da realidade e ao mesmo tempo próxima da nossa maneira de pensar, que torna tudo mais fluído.
Ou seja, embora a história seja um relato de séculos atrás, ela nos é descrita de uma maneira moderna e temporal. Já na abordagem romântica ela nos deixa livre para experimentação da sua descrição romanceada, que mistura questões simples com complexas, tornando simples o que é complexo e engrandecendo o que é simples. De maneira habilidosa a autora Gabriela traduz e codifica a sua própria obra, tornando-a muitíssimo acessível para o público do seu tempo. Existe ainda uma suave pitada de suspense que é usado para nos prender a história fomentando em nós o desejo de descobrir o que ira acontecer no passar de cada página. As obras da autora Gabriela possuem algum tipo de elemento que eu propriamente não sei explicar ou compreender perfeitamente. Todavia, tenho a nítida impressão que isso não tem origem na mera inteligência ou no gênio inventivo, mas sim na alma. Ela não nos traz apenas a riqueza dos seus pensamentos, mas também as pérolas que extrai da sua alma.
Quando você encontra um diamante de brilho e cor rara, nos nunca encontramos uma palavra que possa descrever esse acontecimento devido à onda avassaladora de sentimentos e emoções que nos dominam. É assim que eu me sinto diante das histórias da autora Gabriela. As sensações são tantas que é praticamente impossível encontrar a maneira mais apropriada de descrevê-la. Muitos poderiam olhar esse livro e pensar que se trata de um tipo de romance ao estilo shakespeariano e que a nossa bela e encantadora Inês é nada mais que uma Julieta a moda portuguesa. Porem é um ledo engano. Não se deixe enganar. Em meu testemunho de fé afirmo que se William Shakespeare tivesse dois roteiros a mão. Um com o título Julieta e o outro intitulado Inês de Castro, esteja certo que ele deixaria a história de Julieta de lado e produziria uma peça teatral baseada na via de Inês, pois o mesmo se apaixonaria pela personagem. A história se passa entre o período de reinado dos monarcas, Dom Afonso IV e Dom Pedro I de Portugal (não confundir com Pedro I do Brasil).
Esse período entre governos ficou marcado pelas disputas de poder entre a Coroa de Castela e a Coroa de Algarves, a peste negra e a batalha dos cavaleiros cristãos contra os invasores mouros ligados ao Império Merínida que a época controlava o Emirado de Granada. O cenário da história faz alusão ao período histórico entre 1325 a 1367. Essa história nos é delicadamente e intimamente narrada por um menino camponês chamado “Manoel”. Um menino de semblante inocente repleto de pureza da alma que considera a maior riqueza da sua vida, o sublime momento em que sua mamãe Celeste faz para ele e os irmãos um pouco de leite queimado. Ele cresceu observando uma bela figueira que foi plantada nos fundos da sua casa. A coisa mais fascinante que teria ocorrido na vida desse menino até então era os momentos de loucura de Sua Mercê (Rei de Portugal) que acordava as altas horas da madrugada obrigando seus súditos a sair de suas casas para dançar. O monarca era atormentado por sonhos do passado. Manoel como um simples menino pensava que havia um limite para as pessoas da sua estirpe social, que era justamente o da Almedina (cidadela murada) que marcava os limites de Coimbra.
Porem a vida de Manoel começa a mudar quando sua mãe Celeste, uma hábil lavadeira, é convidada para trabalhar na Quinta do Paço da Rainha (Casa da Hospedagem Real) de Sua Mercê (Rei de Portugal). Por causa de um simples doce feito com leite azedo, Celeste cai nas graças do monarca e quando Manoel é acometido pela terrível doença dos pulmões, ele oferece toda assistência ao menino, que acaba indo parar na corte e lá se depara com algo de outro mundo que o permite descobrir qual é a sua verdadeira vocação, o tornando capaz de desvendar um mistério do passado. A obra da autora Gabriela não é apenas um convite para uma viagem aos tempos de Dom Pedro I de Portugal, mas sim, a uma compreensão mais profunda do encontro de duas almas que através dos laços de um sentimento divino que os une, acabam por descobrir a chave do mistério da vida, conduzindo-os a uma experiência única de amor além da vida. NÃO DEIXEM DE LER ESSA OBRA. COMO EU DISSE, ESSA HISTÓRIA NÃO É MERAMENTE UM CONVITE, MAS UMA OPORTUNIDADE PARA COMPREENDER UM AMOR MUITO MAIOR. SENTIMENTO QUE NÃO PODE SER MEDIDO, APENAS VIVIDO EM SUA PLENITUDE.
[CONSIDERAÇÃO FINAL]
Querida Gabriela que responsabilidade é falar dos seus livros. Sinceramente, me sinto pequeno diante de tanta grandeza literária. Quando leio as suas obras à sensação que tenho e de ser retirado do meu humilde quitinete e lançado em uma ilha paradisíaca repleta de riquezas e fantasias, a qual a minha modesta criatura não consegue compreender muito bem o que é isso e nem entender como chegou até ali e por que foi escolhido para tal experiência. A sua escrita é um presente do divino, misturado ao diamante da terra, lubrificado com as lágrimas da sereia que a enfeita com o seu colar de gemas e por fim a entrega sobre as garras da imponente águia real, que cumpre o trabalho de suspendê-la até o azul do céu. Sortudos somos nós que temos os olhos direcionados ao resplandecente e radiante azul do céu quando você começa a escrever. O filósofo Marco Túlio Cícero diz assim: “UMA CASA SEM LIVROS É COMO UM CORPO SEM ALMA”. Então queridíssima Gabriela, preencha as nossas almas com a sua casa de livros. Esse é um tipo de presente que se leva para toda a vida.
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