Norman Gall inicia o ensaio mostrando como o drama fáustico se manifestou na vida real e fez com que mais uma alma, logo seguida de uma série de outras, se vendesse a Mefistófeles, agora encarnado pelo deputado Roberto Jefferson. E também fez com que nós, cidadãos brasileiros, uma vez mais representássemos o papel que parece servi-nos à maravilha: o de espectadores quase sempre passivos, mas nem por isso menos pagantes.
A reunião de ensaios deste livro tem o propósito de buscar respostas para duas questões. Estamos numa situação sem retorno? Seremos eternamente vítimas de nossa própria natureza? Ao procurar orientar-se e orientar os leitores em relação a estas e outras indagações, Norman Gall se baseia em fatos. Não faz nenhuma concessão a malabarismos formais nem a sensacionalismos de conteúdo. Nestes ensaios o leitor não encontrará nenhum recurso à tagarelice, ao falar por falar, nem ao desejo de chocar pela exposição pura e simples dos escândalos e das entranhas de seus protagonistas. Também não encontrará os arroubos de barroquismo moralista tão ao gosto de (tantos dos) nossos escribas, políticos e tribunos. Em sua rigorosa fenomenologia, que antecede e prepara o seu empenho analítico, estes ensaios vão ao fundo das questões que examinam. No entanto, eles não voltam desse mergulho com o discurso autoflagelatório. Bem ao contrário, as conclusões de Gall podem ser consideradas positivas, e por isso são acompanhadas de não-poucas propostas de mudanças.
Norman Gall nasceu em Nova York, em 1933, e frequentou as escolas públicas dessa cidade e New York University. Faz jornalismo e pesquisas sobre a América Latina há 44 anos. Residiu em Porto Rico e na Venezuela. Em 1977, mudou-se para o Brasil e, desde 1987, exerce o cargo de diretor executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, em São Paulo.