A poesia de Amanda Vital se mostra por inteiro. Não se esconde de nada. Não manda recados. Revela e revela-se na pele e no pelo da palavra. Ironiza e provoca. Bumerangue de si mesma, sempre retorna ao ponto de partida. Não quero dizer com isso que a colheita é farta e que os frutos estão na mesa. A poesia é uma meninice apressada que sempre esquece de envelhecer. Por isso recolhe o que está posto, separa as sementes e parte para um novo plantio. É assim: aprendizado e esgrima. A vida correndo feito rio. Nas margens um pássaro azul esconde seu ninho no oco do universo.
Na eternidade transitória de cada poema, Amanda revela o fio da meada do seu novelo criativo: “sou de lua -/ dependo do barulho/ da minha rua”. Sabe que na poesia aprender é o verbo mais antigo e mais sábio. Espontânea e ousada, vai desnudando cada pegada. Medindo cada passo de um caminho que começa agora e talvez jamais tenha um fim. Vai do mergulho raso ao profundo com o mesmo impulso, mas sem perder a ternura: “a distração/ é uma agência/ de viagens”. Para quem na maturidade ainda tropeça no verso e na existência, só me resta desejar: Vai, Amanda, ser guapa na vida!
Poemas, poesias