Criado pelo catolicismo para ser o responsável por toda a maldade na terra, parece que Lúcifer jamais saiu de dentro das igrejas cristãs, ou da cabeça dos crédulos, aparentemente, os únicos lugares onde ele se limitou a existir. A caça às bruxas foi na verdade um grande investimento que fortaleceu e enriqueceu à igreja católica. E a ignorância continua enriquecendo também às outras diversas empresas religiosas. Assim pensava nosso protagonista. Até conhecer Maelna, talvez.
Colocando os paradigmas religiosos do cristianismo de lado, em desespero por suas frustrações e problemas, ele busca um trato com o Senhor das Trevas. E conhece um mundo surpreendente e obscuro, onde o senso de justiça é trocado por objetivos. Relaciona-se então, de forma nada ortodoxa com uma garota muito estranha.
A tribo gótica não se limita a vestir roupas estranhas. Há em seu mundo um romantismo envolto por mistérios e criaturas fantásticas e folclóricas. Sua arte, inspirada no mórbido, nos amores intensos e na agonia da ausência, aliados aos tempos passados e tradições de outras épocas,se enriquece com as admiráveis ações mágicas e extravagantes de seus personagens e de manifestações da natureza, de preferência em ambientes sombrios.
Maelna também trata do pai de todos os medos, Lúcifer, com uma visão muito polêmica, aquela introduzida pelos trabalhos de Aleister Crowley e Anton Szandor Lavey, e se completa com traços sutis do poeta Lord Byron.
O que causa grande conflito às pessoas é que arte gótica, incluindo a literatura, está associada a entidades malignas como lobisomens, vampiros, demônios, e algumas vezes batendo à porta do chefe maior, o próprio Senhor Lúcifer.
O autor coloca sob condicional os padrões da maldade e da bondade, pois essa condicional está intrínseca aos personagens de Maelna, quer isso não seja lá tão bom ou idealista, mas por que na prática, é a grande realidade dos seres humanos na epopéia particular das pessoas pelo seu espaço e por sua sobrevivência.