Mais geleia, Shackleton?

Mais geleia, Shackleton? Roger Rocha


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Mais geleia, Shackleton?





Um explorador britânico do início do século xx, condecorado como cavaleiro da Ordem Real Vitoriana — que liderou célebres expedições à Antártida, mas se vê em um momento de amargura, agravado pelas dificuldades financeiras e pelo tédio da vida doméstica em terra firme — tenta levantar fundos para sua derradeira viagem. Um explorador de outra ordem, um alto executivo brasileiro, participante voluntário do projeto de aceleração do fim do mundo do capitalismo globalizado do começo do século xxi,— caído em desgraça em seu cargo em uma multinacional, com sua família desfeita e seu patrimônio dilapidado pelo divórcio —, procura uma nova oportunidade para exercer suas questionáveis habilidades. Dois homens de meia-idade, sem dinheiro e em declínio profissional, que desejam sumir do mapa e acabam tendo os destinos unidos por Tuanaki, um lugar que, mesmo depois de sumir, continuou no mapa.

Segundo relatos nunca confirmados, Tuanaki foi uma ilhota no Pacífico Sul que, em algum momento, teria desaparecido no mar. Restaram histórias de marinheiro e depoimentos de supostos sobreviventes que apareceram em Rarotonga, a ilha mais próxima. Em 1844, esse mistério despertou a atenção de missionários britânicos que esperavam exercer poder sobre os polinésios por meio da conversão religiosa. Em 1921, entrou na mira de Sir Ernest Shackleton, que tentava levar adiante as ambições imperialistas da Coroa com seu poderio tecnológico e naval. E, em 2018, uma suposta Nova Tuanaki, governada por uma dinastia que alegava ter raízes na ilha original, surgiu no radar de um capital internacional ávido por recursos naturais para manter em movimento seu maquinário de destruição em escala industrial e transformar dinheiro em… mais dinheiro.

Assim como em seu romance de estreia, Ouro de Moscou (Urutau, 2021), em Mais geleia, Shackleton?, Roger Rocha mobiliza narradores de diferentes vozes, lugares e épocas — do sinuoso fluxo de consciência do ambicioso explorador Ernest ao cínico discurso do executivo oportunista Ernesto — para compor com seus relatos uma trama mais ampla de espionagem, disputas internacionais, intrigas políticas e fracassos pessoais em meio a reverberações secundárias e invisíveis ocorridas na esteira de eventos de alcance global. Transitando com desenvoltura no território movediço de um mundo prestes a virar geleia, com este novo romance, incomum na forma e peculiaríssimo no conteúdo, o autor se estabelece como um expoente do sempre fértil segmento dos enredos com premissas exóticas e conduzidos com altas doses de engenhosidade e senso de humor.

Literatura Brasileira

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