A ciência pode ser comparada a um longo trem, na locomotiva, como maquinistas, estão alguns poucos membros seniores e consagrados da comunidade. Nos vagões, vai a esmagadora maioria dos pesquisadores. No entanto, vez por outra, num ato de coragem, um passageiro resolve saltar fora em plena viagem, mas isso implica ficar à beira da ferrovia. Pior: Ter que trilhar solitariamente caminhos por vezes escuros e inóspitos, tateando em busca de uma luz. Para um jovem cientista, isso é quase um suicídio profissional. Entre estes, nem todos têm preparo e, mais importante, ousadia. O físico português João Magueijo tem ambos. Quanto ao preparo, basta uma rápida passada de olhos por seu currículo. Doutorado em Cambridge, ganhador de uma das bolsas de pesquisa mais prestigiosas do planeta e professor no tradicional Imperial College, em Londres. Para justificar a ousadia que o levou a escrever este livro, vale antes citar o que, certa vez, disse Albert Einsten ao defender um colega acusado de quase nunca publicar um artigo por sempre se dedicar a assuntos complexos: "Tenho pouca paciência com cientistas que pegam um tábua, procuram a parte mais fina e fazem um grande número de furos, porque a tarefa assim é fácil."