Prefácio
mana é o mar que faz Pedro poesia. É ele próprio fecundando, germinando, parindo e se pondo no colo.
Embala, amamenta, deleita e vê o corpo crescer num plano que escorre água-mãe.
Derrete no solo, infiltra, voa e se torna o berço do rio, uma nascente.
Suas palavras são tesouros dos úteros, cantos de entrega, conchas de escutar.
Seus silêncios são o tempo fazendo decantar ainda mais poesia, para que a vida ganhe o eterno.
O que Pedro nos oferece é o encontro das naturezas, a beleza sutil com a força de transformar.
Uma seiva, um sangue, um leito.
Um tecido, um córrego, um esteio.
A língua das origens lambe o ventre das páginas e traz os desenhos de si.
No céu se formam estrelas que soam pássaros.
Quando Pedro me convidou para o prefácio de mana, ele sabia que eu não escreveria algo que se esperasse. Criei com o livro uma relação de várias faces até botá-lo no altar, a palavra é sagrada.
Deixei mana acontecer em mim, e o resultado foi fecundar-me com minha própria poesia. Pedro tem esta potência de composição, deixa espaço pra gente se mover.
Os poemas deste livro são o casamento do poeta com as sensações, das imagens com as palavras, do corpo com o tempo, dos fins com os princípios, das definições com as possibilidades, do amor com as transmutações. Na tentativa de apreender, ele desata.
Carla Vergara
Poemas, poesias