Maria Antônia

Maria Antônia Gilberto Amendola


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Maria Antônia


A História de uma Guerra




O ano de 1968 foi recheado de manifestações e revoluções pelo mundo que moldaram a sociedade. O Brasil não ficou de fora: por aqui, aconteceu a famosa Passeata dos 100 mil, no Rio de Janeiro. O que poucos sabem é que São Paulo também teve seus dias de tensão. Os 500 metros da Rua Maria Antônia, na Vila Buarque, viveram há 40 anos, entre os dias 2 e 3 de outubro, verdadeiros momentos de guerra que culminaram na morte do estudante secundarista José Guimarães, de 20 anos.







Escritor e jornalista do JT, Gilberto Amendola resgata a história dessa briga entre os estudantes de esquerda da Faculdade de Filosofia da USP e os direitistas do Mackenzie no livro Maria Antônia - A história de uma guerra, que será lançado hoje, pela editora Letras do Brasil, no Espaço Leia Mais, em Perdizes. Para escrevê-lo, o autor entrevistou alguns dos principais personagens desse episódio, como o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, e outros tantos que hoje ocupam espaço no cenário nacional.







“O livro não tem a pretensão de ser um documento histórico. Não é ficção mas pode ser lido como um romance”, diz Amendola. “Não fui aluno de nenhuma das duas faculdades mas sempre achei que esta era uma história que deveria ser contada. O que aconteceu ali foi uma metáfora dos confrontos que aconteciam no mundo”, completa.







Foram quatro meses de pesquisa e entrevistas e outros dois para escrever. “Existe pouco material sobre a guerra. Pesquisei nos jornais da época, inclusive no JT”, diz.







A história é dividida em duas partes. Na primeira os personagens e o contexto de 1968 são apresentados. As festas e a boemia no Bar do Zé (que existe até hoje) também são mostradas. Se, de um lado da Rua Maria Antônia, os estudantes de Filosofia representavam a vanguarda de tudo que acontecia no movimento estudantil, na calçada da frente o prédio do Mackenzie abrigava membros do CCC, o temido Comando de Caça aos Comunistas.







A segunda parte conta a história daqueles dois tumultuados dias. O desentendimento começou no dia 2, quando estudantes secundaristas das escolas públicas da Capital se uniram aos universitários da USP para pedir pedágio dos carros que passavam pela Rua Maria Antônia. O objetivo era arrecadar fundos para o congresso da União Nacional de Estudantes que seria realizado em Ibiúna, Interior. Alguns estudantes do Mackenzie reagiram indignados e começou um bate-boca generalizado. O estopim foi um ovo lançado do prédio do Mackenzie contra os alunos de Filosofia.







No dia seguinte, a tragédia. Segundo a versão que entrou para a história, um membro do CCC teria atirado contra os estudantes. Seria uma dessas balas que matou o secundarista José Guimarães, aluno do colégio Marina Cintra, que não participava da manifestação e estava no local apenas por curiosidade. “Ele mentiu para a mãe para poder ir lá. Disse que ia comprar cartolina”, explica Amendola.







No auge da briga, cerca de quatro mil estudantes enfrentavam-se armados de tubos de aço, bombas caseiras, ácidos e coquetéis Molotov. No dia 4, São Paulo testemunharia uma violenta passeata, organizada por José Dirceu, para protestar contra a morte do estudante. “O irônico é que os heróis da época, como o Zé Dirceu, hoje não são bem vistos pela sociedade”, lembra o escritor.







O jornalista conta ainda que a esquerda possuía uma série de divergências internas. “Eles se entendiam somente dentro do Mackenzie, onde eram minoria e tinha de se unir contra a maioria da direita.”







Este é o terceiro livro de Amendola - os outros foram Assassinatos sem a Menor Importância e Meninos Grávidos, da coleção Repórter Especial - e o primeiro lançado pela editora Letras do Brasil.

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Felipe B. Cruz
cadastrou em:
17/02/2009 00:26:11

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