Marilyn no Divã

Marilyn no Divã MICHEL SCHNEIDER


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Marilyn no Divã





A história de Marilyn Monroe com seu último psicanalista é o tema deste romance do psicanalista e crítico literário Michel Schneider. Ao misturar fatos reais com situações imaginadas, que podem ou não ter acontecido, o escritor procura desvendar a relação da estrela de Hollywood com o americano de origem judaica Ralph Greenson. 'Marilyn - últimas sessões' recria também o turbulento mundo dos estúdios de Los Angeles no início dos anos sessenta, povoado por atores à beira de um colapso nervoso, diretores intempestivos e psicanalistas profundamente envolvidos nas intrigas entre as celebridades num mundo dominado pelas aparências.

Opinião do Leitor:



Ezilda ferreira barreto / Data: 25/5/2008

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Jornal do Brasil / Data: 1/3/2008

Marilyn Monroe deitada no divã

Não deve ter sido fácil para Marilyn Monroe interpretar a suave Amanda Dell de "Adorável pecadora", filme de George Cukor realizado no auge da crise emocional da atriz. Em todo caso, esta despretensiosa comédia, que brinca com os bastidores do teatro, reúne alguns elementos que revelam um pouco sobre Monroe, dissecada pelo psicanalista Michel Schneider no livro "Marilyn - As últimas sessões".



O título faz referência ao breve tratamento com o psicanalista Ralph Greenson, entre o final de 1960 e sua morte precoce, em 1962, aos 36 anos. Tratamento intensificado a partir do momento em que Greenson decidiu atendê-la em sua casa, inserindo-a no contexto familiar. "Adorável pecadora" traz, inclusive, uma rápida piada sobre psiquiatria, algo que pode, longinqüamente, remeter à adesão de Monroe à psicanálise. Basta dizer que antes de Greenson, ela foi cliente de Margaret Hohenberg e Marianne Kris, chegando a fazer sessões com Anna Freud.



Schneider destaca a temática arte/vida ao esmiuçar o intrincado convívio entre analista e analisada. Descreve Marilyn Monroe como uma mulher frágil e insegura que, ao mesmo tempo em que temia a cristalização numa imagem de loura fatal, evitava ser confrontada consigo mesma, como parece ter ocorrido com sua personagem em "Os desajustados", de John Huston.



"Quando Huston lhe ofereceu o papel, meses antes, Marilyn não gostou de Roslyn, a mulher perdida entre três homens e cavalos destinados ao abate. Parecia-se demais com ela. 'O duplo de mim mesma', disse ela a Greenson, 'as mesmas angústias, o mesmo sentimento de ser sempre abandonada, a mesma dificuldade de viver'", conta Schneider, destacando o incômodo com o fato de ver-se nítida demais diante do espelho da personagem.



Marilyn Monroe (nascida Norma Jean Baker, em 1926) gostava de se transformar em outras, ciente, talvez, de que a arte implica num determinado nível de artifício. "Em cada filme ela tinha desejado ser um tipo diferente de loura. Louro-acinzentado, escuro, dourado, platinado. Louro-mel, louro-fumê, louro-topázio: o importante é que nunca fosse natural", diz Schneider a respeito de sua biografada, uma observação em que o artifício se confunde com o falseamento.



Em contrapartida, Monroe foi discípula de Lee Strasberg, fundador do Actors Studio no final da década de 40, chegando a convidar, freqüentemente, sua filha, Paula, para trabalhar como preparadora nas filmagens. Strasberg, de acordo com Michel Schneider, teria estimulado Monroe a "'liberar o inconsciente' e iniciar uma análise", perspectiva que aponta para a importância do auto-conhecimento do ator como matéria-prima de seu trabalho. "Tento pôr para fora o que há de verdadeiro em mim, mas é muito difícil", afirmaria uma Marilyn em conflito.



A questão da representação de si mesmo desponta ainda como uma leve provocação em "Adorável pecadora". A situação, na verdade, é referente ao milionário Jean-Marc Clement, personagem de Yves Montand, que passa boa parte da história fingindo ser quem não é. O ator, inclusive, foi contemplado pelo roteiro com mais oportunidades do que Marilyn Monroe, a exemplo das divertidas seqüências nas quais tenta aprender técnicas de comediante e de canto. Seja como for, o filme mostra Monroe entoando a emblemática "My heart belongs to daddy", em número precedido de uma frase que, segundo Schneider, foi incluída por exigência da atriz: "Meu nome é Lolita", referência ao seu contato com Vladimir Nabokov.



Como pano de fundo do contato analítico entre Marylin Monroe e Ralph Greenson, Michel Schneider oferece ao leitor uma panorâmica da cena artística de Hollywood e também de Nova York, em sucessivas idas e vindas no tempo. A maior parte dos pequenos capítulos, contudo, se passa durante a década de 60, período pós-macarthismo, a famosa caça às bruxas empreendida pelo senador Joseph MacCarthy retratada, com distanciamento temporal, por Arthur Miller, um dos maridos de Monroe, em "As feiticeiras de Salém".



A recriação de uma atmosfera palpável repleta de nomes famosos da indústria do cinema emoldura Marilyn, últimas sessões, no qual Schneider procura descrever as impressões subjetivas da atriz de "Quanto mais quente, melhor" em relação ao seu psicanalista e vice-versa. Como, porém, captar essas impressões? Nesse sentido, o livro lida com uma impossibilidade. Certamente, o autor contou com o auxílio da imaginação como alternativa diante do alcance limitado dos fatos. Até porque o modo como se conta costuma ser mais importante do que o assunto propriamente dito. Como assinala Ralph Greenson, numa das anotações encontradas após a sua morte, "é a voz que constitui a história, não o que ela conta".



Daniel Schenker




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Renata
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10/04/2010 21:26:57

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