"Sessenta e oito títulos compõem a lavra poética desta coletânea que, desde o título, define um de seus aspectos mais gritantes. Digo da descontração gramatical, da escrita embalada pelo à vontade ou pela vontade própria de uma escritora que já se inicia nas lidas e lides das letras, e delibera por agudo senso de independência e quebra de normas. Ana Cecília abre os fios, os filamentos de seu tear sob o abrigo de uma senhora coragem, sob o apelo de uma liberdade sem peias, essa a divisa central subentendida logo, de princípio, no uso do pronome oblíquo em início de oração e sem meias palavras. Esse princípio se expressa já na titulação da coletânea, a escolha deliberada pela dicção livre própria dos colóquios do dia a dia e de emprego pela autora no percurso dos sessenta e oito passos." (Trecho do prefácio de 'Me interessa essa tua travessia', de Ana Cecília Cunha, por Amarílis Tupiassú.)
Ana Cecília Cunha é museóloga em construção, sua trajetória inicial como leitora vem da experiência em oficinas de teatro, traz consigo uma memória inventiva pensando as espacialidades do corpo-palavra. Vive em Belém desde que nasceu, numa sexta feira de noventa e cinco, um dia depois do dia de Iemanjá. Teve dois blogs na vida, diarioliberdade e crônicas do meu pai, escreve desde a infância e, por bastante tempo, teve sempre a companhia de uma máquina de escrever vermelha. Lançou um trabalho musical em 2017 e pretende continuar nas lidas das teias do verbo.
Literatura Brasileira