Meia ponte

Meia ponte Arthur Moura Campos


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"Uma poesia de várzea é essa do Meia-Ponte: no curso brejeiro de um rio "menor", como talvez quiséssemos classificá-lo, ainda desenham-se sinuosidades na roda das águas cujos veios infiltram a terra e o peito. Não deixa de ser verdade que é como um percurso de sumidouros que se revela a caminhada de quem descobre o rio em suas entranhas e reentrâncias; mas, nele, encontra-se um coração pulsante de água, que hora exsuda, é enchente. Na página em branco, mar em que deságuam todos os traços retos, revolvem ritmos suarentos transpirando e transbordando a retidão de linhas fixas, porém transitórias: "nossas retas efêmeras / seus meandros sagrados". Na contra-corrente dos mapas (que têm por tarefa assinar-nos um lugar certo e intransferível de acordo com as fronteiras que eles delimitam) o córre-go, às vezes corre lentamente quando é assim repartido entre o verbo e a abreviação geográfica que referencia Goiás, às vezes é riocorrente, fusão de fluxos intermitentes. É natural lembrar que quem pesquisa os córregos pode deparar seixos como de ameixas murchas, lama e limo; depara também veios secos e frutos sem carne, plástico, lixo. Mesmo assim, ainda que estejam secos e sujos os veios, estampa-se o desenho anti-geométrico do curto-circuito de um Rio: o abrir dos braços. Nos abraços, o dito é refeito: Para bom caminhador, meia ponte basta."

Ivan Oliveira

Poemas, poesias

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