Memórias de Maria

Eu não sou uma analista, não tenho estudo para analisar a vida dos outros, mas acho que tenho um dom de analisar minha vida desde três anos. Comecei a escrever sem datas, sem horários, talvez seja um desabafo, ou uma vingança por tudo que passei. Mas, depois de oitenta e cinco anos de idade, só tenho a agradecer a Deus por me dar esta oportunidade de mostrar como a vida não é difícil, como cada ser humano pensa e como eu pensava. Será que vou conseguir vencer todos os obstáculos deste caminho repleto de espinhos que me machucam? E eu não olhava à frente, não via que a maioria das pessoas também tinham esse mesmo caminho, só que nem todos sofreram na vida com as ondas violentas do mar que maltrataram, com desprezo e revolta. Mas o tempo agora apagou essas tragédias, como uma tempestade que toma tudo o que está na frente e em seguida tudo volta ao normal com sol, que clareia o mundo. Ele dá força para as pessoas continuarem, com as ondas mais mansas; dá força pra gente enfrentar o que der e vier. É assim que continuo a pensar. Mas, passado o que aconteceu, ficaram essas histórias, minha infância, menina-moça, casamento, dinheiro, trabalho, doença, filhos, ignorância, saúde, casa, viagens, amor.

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